ZF aposta na conversão de caminhões a combustão com sistema elétrico

Central CeTrax chega a sua segunda geração e pode equipar veículos de até 44 toneladas

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Central CeTrax chega a sua segunda geração e pode equipar veículos de até 44 toneladas

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A eletrificação abriu diversas frentes de negócios no setor automotivo, inclusive dentro do mercado de veículos diesel. Explico: já está disponível no mercado oferta de motores elétricos que podem ser adaptados em chassis de caminhões ou ônibus que nasceram com um motor a combustão sob o capô ou grade frontal.

Uma das companhias que desenvolveram este tipo de solução é a ZF, que apresentou no Salão de Hannover a central de acionamento elétrico CeTrax 2. O sistema, que agrega dois motores elétricos que geram 489 cavalos de potência e 2.477 kgfm de torque, funciona acoplado ao eixo cardan e pode ser alimentado pelas baterias originais desses veículos.

De acordo com Andreas Grossl, chefe de desenvolvimento de mobilidade elétrica na divisão de veículos comerciais, o sistema é a evolução de um primeiro modelo que a fabricante apresentou ao mercado global em 2017 que tinha apenas um motor elétrico, para aplicações em ônibus urbanos.

“O sistema evoluiu para atender veículos de até 44 toneladas, e já temos atendemos a DAF com essa central na Europa. Nossa ideia é dar tempo de desenvolvimento para as empresas que passam por momento de transição de powertrain”, contou o executivo à reportagem da Automotive Business, em Hannover.

Central elétrica tem aderência ao mercado brasileiro

A produção da CeTrax 2 é realizada em Friedrichshafen, na Alemanha, e entrará em operação comercial a partir de 2023, segundo a fabricante. Ainda que o equipamento tenha sido apresentado ao mercado brasileiro durante a Fenatran, está indefinido o início das suas vendas por aqui.

De qualquer forma, a solução chegaria como opção interessante de eletrificação de frota, considerando a possibilidade de redução de custo que poderia proporcionar por ser uma tecnologia do tipo plug and play.

Para Grossl, um dos grandes desafios para inserir este tipo de tração em mercados que ainda passam pela transição em termos de powertrain mais limpos é o pós-venda.

“É natural que os clientes tenham dúvidas a respeito de algo que é novo, mas o custo de aplicação de uma central como essa é muito competitivo na comparação com a aquisição de um veículo que já foi concebido para ser 100% elétrico. Nosso trabalho é mostrar que há um forte pós-venda por trás”, disse o executivo.

Aqui no Brasil, esse movimento de retrofit de veículos a combustão já é explorado por outra empresa, a Eletra, que realiza o processo de conversão de motor em sua fábrica instalada em São Bernardo do Campo (SP). 

Segundo os cálculos da companhia, transformar um veículo com motor a combustão em elétrico é 30% mais barato do que comprar um elétrico novo.