VWCO contrata em Resende e vai focar na internacionalização em 2023

Empresa planeja levar fórmula do sucesso no Brasil a outros mercados emergentes da América Latina, África e Ásia

Giovanna Riato

Giovanna Riato

Empresa planeja levar fórmula do sucesso no Brasil a outros mercados emergentes da América Latina, África e Ásia

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Até outubro deste ano, a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) foi responsável por quase 30% das vendas de caminhões no Brasil. A partir do ano que vem, a companhia pretende trabalhar para ter a mesma posição forte em outros mercados emergentes do mundo. “Vamos replicar o sucesso que temos aqui em mais países”, disse Roberto Cortes, CEO da companhia, em almoço com a imprensa na quinta-feira, 1º.

Segundo ele, a internacionalização da marca será o grande foco de 2023. A montadora já exporta veículos e mantém operações em outros mercados, mas com as decisões estratégicas concentradas no Brasil. A partir de agora, o plano é abrir escritórios nos outros países, garantindo mais proximidade para mapear e atender as necessidades de cada região, além de reforçar a vocação da VWCO como marca do Grupo Traton para regiões emergentes.


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Os planos de dominação global da VWCO

A empresa já conta com uma sede administrativa no México para coordenar a estratégia para a América Central. Os países da América do Sul seguirão atendidos pelo Brasil. Fortalecer a presença nessas regiões é objetivo de curto prazo para a organização, conforme a VWCO adiantou a Automotive Business em junho.

Já no médio prazo a meta é avançar na África e no Oriente Médio, que também vai contar com um escritório próprio em local a ser definido. “Estamos estudando abrir uma sede em Dubai, nos Emirados Árabes, ou na África do Sul”, adianta Cortes. No longo prazo, a estratégia de internacionalização inclui o sudeste asiático, onde a empresa já começou sua ofensiva pelas Filipinas e vai tratar de estabelecer um escritório também a partir do ano que vem.

“Só com uma presença local nós seremos capazes de desenvolver um relacionamento robusto com os clientes dessas regiões como temos no Brasil. Ao nosso favor temos a marca Volkswagen, que é forte globalmente e a experiência com mercados emergentes”, analisa o CEO.

No Brasil, VWCO contrata e sustenta otimismo moderado

Enquanto pisa no acelerador com o projeto de internacionalização, no Brasil a VWCO encerra 2022 com o quadro de trabalhadores da fábrica de Resende (RJ) maior. “Contratamos 200 pessoas ao longo do ano para atender ao crescimento da demanda pelos nossos caminhões e ônibus”, diz Cortes. Com as admissões, a empresa encerrará o ano com pouco mais de 5 mil funcionários no Brasil.

O executivo, conhecido por seu otimismo e resiliência diante das várias crises que enfrentou à frente da organização, demonstra confiança para 2023, mas não sem algumas preocupações. “A mudança da legislação de emissões para Euro 6 pode ter algum impacto, mas esperamos um mercado estável, sem crescimento nem queda na comparação com este ano”, projeta.

O executivo também entende que a mudança de governo, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições, não tende a gerar abalos no mercado. “É uma liderança que já conhecemos por ter tido gestões anteriores e, como ponto positivo, traz o interesse declarado em manter a industrialização do Brasil”, diz. 

Como fator positivo para o próximo ano, Cortes aponta que, apesar da mudança na legislação de emissões, a agenda ESG (de governança ambiental, social e corporativa) tem estimulado o interesse dos clientes por comprar caminhões menos poluentes e, portanto, reduzido a resistência a investir um valor mais alto em veículos Euro 6.

“Em 2012, quando tivemos a última mudança na legislação de emissões para veículos pesados, o fato dos caminhões ficarem menos poluentes não despertava o interesse dos clientes. Hoje eles enxergam esse valor porque buscam reduzir a pegada de carbono das próprias operações”, conta Cortes.

Caminhões elétricos e nova versão do e-Delivery

Segundo ele, as pressões da agenda ESG vieram para ficar e, pensando nisso, a companhia reforça a aposta em caminhões elétricos. Nos próximos dias, a VWCO começará a testar uma versão com 17 toneladas de capacidade de carga do e-Delivery que, por enquanto, só é vendido em configurações de 11 e 14 toneladas.

“É uma demanda dos nossos clientes, que buscam mais capacidade para elevar a eficiência do transporte”, diz Cortes, citando empresas como Ambev e Femsa, que já usam o caminhão elétrico. Apesar do potencial para levar mais peso, a nova versão do modelo ainda vai se enquadrar nas especificações de Veículo Urbano de Carga (VUC), com autorização para rodar em centros urbanos.

Por enquanto, a configuração é apenas um protótipo que rodará em testes em São Paulo. O período de experimentação vai garantir os ajustes no caminhão, que a empresa pretende lançar ao mercado até o fim de 2023.