Volkswagen Caminhões testa ônibus elétrico com bateria de nióbio

Nova tecnologia entra em fase de avaliações no complexo da mineradora CBMM em Araxá

Ana Paula Machado

Ana Paula Machado

Nova tecnologia entra em fase de avaliações no complexo da mineradora CBMM em Araxá

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A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) desenvolveu o primeiro protótipo de ônibus elétrico equipado com bateria de íons de lítio e nióbio em parceria com a mineradora CBMM e a Toshiba. 

A composição do componente, segundo as empresas, viabiliza recargas mais rápidas e uma vida últi maior – dois dos fatores apontados como os pontos fracos de veículos 100% elétricos.


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O desenvolvimento da bateria, de acordo com Rogério Ribas, da CBMM, começou em 2014. A participação da empresa é estratégica no empreendimento porque ela é a maior produtora de nióbio do mundo.

Anos depois, em 2017, a Toshiba e a mineradora tiveram a primeira comprovação de viabilidade da bateria. Em 2021, a VWCO entrou no projeto, que passou a receber mais investimentos. 

As empresas vão testar a bateria, equipada em um modelo de ônibus elétrico da VWCO, na operação da CBMM em Araxá (MG).

Segundo o presidente da CBMM, Ricardo Lima, a companhia investiu R$ 230 milhões no ano passado em pesquisa e desenvolvimento. O projeto da bateria recebeu R$ 80 milhões desses recursos.

Além disso, seguiu o executivo, a empresa teve de ampliar a capacidade de produção e processamento de nióbio para entrar no novo negócio.

“Desde que assinamos o contrato com a Toshiba, em 2017, começamos a investir R$ 50 milhões em pesquisa e desenvolvimento e viemos aumentando ano a ano. Paralelamente a isso, fizemos um aporte em nossa capacidade de processamento do óxido de nióbio de cerca de US$ 50 milhões e outros US$ 30 milhões em capacidade de outras etapas do processo, ou seja, na ampliação aplicamos cerca de R$ 450 milhões”, contou Lima. 

Mineradora CBMM ampliou produção de nióbio

A unidade de processamento piloto de óxido de nióbio da CBMM tem capacidade de produzir 50 toneladas de material.

“Fizemos o investimento em uma nova unidade industrial que vamos começar a rodar em agosto e terá capacidade instalada de três mil toneladas por ano, o que, seria suficiente para três anos de demanda”, disse o executivo. 

A homologação da nova tecnologia, de acordo com Lima, deve ser realizada no próximo ano para que, no segundo semestre de 2025, entre em escala de produção. 

Segundo o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, o tempo de desenvolvimento para um veículo elétrico ou eletrificado demora, por mais rápido que seja, em torno de quatro anos.

“Para se ter uma ideia, começamos a desenvolver o [caminhão] e-Delivery em 2017 e lançamos em 2021″, disse Cortes na quarta-feira, 19. “Já o e-Volsksbus, com outra tecnologia, começamos os estudos em 2021 e vamos lançar no início do ano que vem. Estamos começando aos testes em sistema real agora. O tempo para o lançamento não é tão rápido.”

Ônibus tem automomia de 60 quilômetros

O protótipo de ônibus com bateria de íons de lítio e nióbio foi configurado sobre um chassi de 18 toneladas. O veículo tem autonomia estimada em 60 quilômetros, com tempo de recarga de 10 minutos em tomada do tipo pantógrafo de 300 kW.

Segundo as companhias, o ônibus está equipado com quatro packs de baterias contendo nióbio, cada um deles com capacidade útil de até 30 kWh.