Tupy compra MWM do Brasil por R$ 865 milhões

Com aquisição, fabricante de componentes quer atuar em novos setores da cadeia e integrar serviços de usinagem, montagem e engenharia

Fernando Miragaya

Fernando Miragaya

Com aquisição, fabricante de componentes quer atuar em novos setores da cadeia e integrar serviços de usinagem, montagem e engenharia

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Com o objetivo de estender suas operações no país, a Tupy acaba de anunciar a compra da MWM do Brasil. Com o negócio, a multinacional brasileira de componentes para veículos pesados e agrícolas pretende atuar em outros segmentos de mercado ao agregar os serviços da tradicional fabricante de motores e geradores. 

Estimada em R$ 865 milhões, a aquisição ainda está sujeita à aprovação da autoridade antitruste do país. A negociação é mais um movimento de expansão da Tupy, que no ano passado adquiriu a Teksid, divisão de componentes do Grupo Stellantis

Bom para os dois lados

A nova negociação segue a lógica do “juntar o útil ao agradável”. Segundo a Tupy, a aquisição da MWM do Brasil visa a integração de serviços de fundição, usinagem, montagem, validação técnica e engenharia. 

Além de fornecer componentes a fabricantes de caminhões, máquinas agrícolas, de construção e motores, a Tupy vai se valer da produção e expertise da MWM na fabricação de propulsores e grupos geradores para ampliar seus negócios.

Do outro lado, a aquisição é uma nova frente para a MWM. A compra pela Tupy pode dar novo fôlego ao segmento de motores para veículos comerciais e pesados.

Novos segmentos de mercado

A transação permite à Tupy atuar também em novos segmentos, como os de energia, marítimo e reposição. Só no segmento de reposição de peças e componentes de motores, são mais de 600 pontos de venda e cerca de 300 oficinas credenciadas da MWM em todo o país.

“Juntas, MWM e Tupy tornam-se uma companhia singular no mercado. Vamos nos unir a uma empresa com grande capital intelectual e tecnológico, cultura empreendedora e elevada credibilidade técnica em nossa indústria. Com a competência técnica desse time, estenderemos os serviços por eles oferecidos aos nossos clientes atuais”, afirma Fernando Cestari de Rizzo, CEO da Tupy.

Iniciativas sustentáveis

Segundo comunicado da Tupy, a aquisição também vai permitir que a companhia ofereça soluções de descarbonização. A empresa destaca a eletrificação para o agronegócio como uma das principais estratégias e diz que já há um time de engenharia dedicado na adaptação de geradores e veículos comerciais ao uso de biogás, biometano, biodiesel, gás natural e hidrogênio, “em um processo desenvolvido, certificado e garantido pela fábrica da MWM”.

“O uso de biogás e biometano para geração de eletricidade e como combustível para frotas de caminhões, ônibus e tratores agrícolas é a principal rota para a descarbonização da indústria nacional e exportadora”, defende José Eduardo Luzzi, CEO da MWM. “A produção de biogás no país é inerente ao tamanho do agronegócio brasileiro e também será utilizado, em grande medida, como combustível para a produção de eletricidade em propriedades rurais através de geradores elétricos desenvolvidos e fabricados pela MWM”, completa o executivo.

Vale lembrar que a Tupy Tech, no ano passado, apresentou iniciativas para processos mais sustentáveis. Desenvolvimento de materiais, geometrias e usinagem de componentes apropriados ao hidrogênio como combustível e para carros de passeio híbridos a etanol ou gasolina, além de soluções para reciclagem e reutilização das baterias de íon-lítio, estavam entre as premissas da companhia.

*Matéria atualizada no dia 28 de abril, às 9h13, para correção de informações. Diferentemente do informado anteriormente, a MWM não foi fortemente afetada pelo fim das operações industriais da Ford no Brasil. A empresa já não mantinha um grande contrato de fornecimento para a então fabricante de veículos.