Toyota apresenta carros elétricos inéditos e espera mercado mais previsível

Montadora prega que país precisa escolher um caminho na eletrificação para definir investimentos regionais

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Montadora prega que país precisa escolher um caminho na eletrificação para definir investimentos regionais

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A Toyota divulgou no final do ano passado o seu planejamento de eletrificação da oferta global de veículos, mostrando um pouco daquilo que pretende até 2030. Na terça-feira, 31, a montadora trouxe parte deste portfólio para a fábrica de Sorocaba (SP) para mostrá-lo a diversos agentes envolvidos na eletrificação da frota doméstica. O objetivo, segundo o CEO Rafael Chang, é um só: encontrar previsibilidade no ambiente de negócios.


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“Estamos aqui para que todos os atores dentro desta agenda de discussão da construção do processo de descarbonização conheçam as tecnologias. Porque cada uma delas tem vantagens mas também tem alguns desafios. E parte dessas vantagens e desafios tem a ver com o nível de desenvolvimento de infraestrutura e também de certo nível de investimento, tanto do setor público quanto do setor privado”, contou o executivo.

Estiveram expostos no hall do prédio administrativo da fábrica modelos inéditos para o mercado brasileiro, como a versão híbrida/plug-in do sedã compacto Prius, muito diferente em termos de powertrain e design daquela que desembarcou no Brasil anos atrás. Também este ali o SUV de luxo Lexus UX 300e, 100% elétrico e produzido na Coreia do Sul.

Além de elétricos, Toyota a hidrogênio

Outro modelo apresentado pela empresa foi o sedã Toyota Mirai, equipado com célula de hidrogênio que gera eletricidade. A montadora também aposta no exterior neste tipo de tecnologia de abastecimento de powertrain, que ainda é incipiente no país e deverá seguir assim, a se considerar por ora a inexistência de investimento em infraestrutura.

“Precisamos ver realmente qual política vai guiar essa previsibilidade, para que possamos decidir os nossos investimentos e também para a cadeia de fornecedores entender, por exemplo, se acontece uma transição dos motores a combustão de forma gradual ou muito disrruptiva”, contou Chang durante o evento. Ele afirmou que na próxima semana a montadora terá reuniões em Brasília (DF) justamente para tratar do tema eletrificação.

Na indústria, uma das correntes mais fortes a respeito do caminho da eletrificação no país é aquela que defende a transição do motor a combustão para os elétricos por meio de sistemas híbridos que utilizam combustíveis mais limpos, como é o caso do etanol.

A solução a hidrogênio que equipa o sedã Toyota Mirai viria a ser uma alternativa que atende os mesmos requisitos atendidos pelo etanol brasileiro. No entanto, afora a carência – ou inexistência – de postos de abastecimento, existe aí a questão da geração do próprio hidrogênio. Métodos tradicionais, como o chamado “reforma do gás, geram porcentual relevante do poluente CO2 no processo. O que as montadoras têm feito é justamente reduzir essa emissão para chegar até o hidrogênio verde, inclusive a própria Toyota.

Para abastecer ao Toyota Mirai, a montadora e a parceira White Martins construíram na fábrica de Sorocaba (SP) uma estação de abastecimento de hidrogênio. Hoje, o gás é amplamente utilizado nos setores de alimentação, siderúrgico e petroquímico.

Foco no mercado externo

Enquanto as pautas futuras não avançam a Toyota segue sua operação comercial com as versões híbridas do Corolla sedã, produzido na unidade de Indaiatuba (SP), e do Corolla Cross, fabricado em Sorocaba na mesma linha que os modelos Yaris e Etios, este apenas para o mercado externo. As demandas das exportações têm ocupado sobremaneira a capacidade de Sorocaba, que teve de operar em três turnos para atendê-la.

O ritmo de produção é de cerca de 200 unidades por turno, somando 600 veículos/dia. O maior volume tem sido o do compacto Yaris, 23 mil unidades produzidas. O segundo modelo mais fabricado ali é o Corolla Cross, cerca de 20 mil unidades. A capacidade da fábrica, que saltou de 70 mil unidades/ano, em 2012, para 160 mil unidades, em 2022, é o suficiente para atender ao mercado no continente, afirmou Rafael Chang.

“Estamos muito focados em exportação. Grande parte da produção do terceiro turno é exportada para a América Latina. Exportamos o Corolla Cross para mais de vinte países. Outra sinalização do nosso foco na exportação é o envio dos motores que produzimos em Porto Feliz para a América do Norte, que vai começar agora em setembro”, contou o CEO da Toyota. 

O planejamento de vendas da montadora para o ano é de 200 mil veículos. No ano passado, foram 189 mil unidades vendidas. Segundo Chang, a diferença entre os volumes é justamente fruto de uma maior quantidade de pedidos de veículos Toyota made in Brazil no mercado externo.