Stellantis revela plano para dobrar receitas e chegar à neutralidade de carbono

Carlos Tavares, CEO da companhia, apresentou a estratégia Dare Forward 2030 na terça-feira, 1º

Giovanna Riato

Giovanna Riato

Carlos Tavares, CEO da companhia, apresentou a estratégia Dare Forward 2030 na terça-feira, 1º

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Depois de um bem-sucedido primeiro ano de operação, com resultados recorde, a Stellantis apresentou na terça-feira, 1º, o plano estratégico Dare Forward 2030, algo como “ouse avançar” em tradução live. O CEO da organização, Carlos Tavares, deixou claro em sua apresentação que o nome é justificado pela ambição das metas do projeto.

Fazendo jus à gigante da indústria automotiva, que é responsável por 14 marcas, a organização fruto da fusão entre o Grupo PSA e a Fiat Chrysler Automóveis (FCA) quer ser líder: em vendas de elétricos, em sustentabilidade, em software e em tantas outras frentes. “Queremos garantir liberdade de mobilidade, com soluções limpas, seguras e acessíveis”, reforçou o executivo diversas vezes durante a apresentação.

Com base em um novo propósito organizacional, ele aponta que a empresa quer conduzir o segmento rumo à neutralidade de carbono. Para isso, a companhia firmou o compromisso mais apertado em termos de prazo já anunciado por uma montadora para alcançar essa meta:

 “Atingiremos a neutralidade de carbono em 2038. Isso pensando em todo o nosso ciclo e também nos nossos carros. Queremos ser parte da solução: esse é o nosso compromisso com a sociedade”, afirma Tavares.

A maior parte das fabricantes de veículos pretende chegar a este patamar apenas a partir de 2040. Segundo Tavares, esse é o caminho para que a companhia evolua de montadora para “empresa de tecnologia da mobilidade”. Em 2030, a organização já promete redução de 50% nas emissões considerando o ciclo completo de emissões de seus novos veículos vendidos.

74 novos modelos elétricos

Parte essencial da diminuição das emissões de dióxido de carbono da companhia será apoiada na transição energética para carros elétricos. A Stellantis promete um portfólio de 75 modelos até 2030, com opções em todos os segmentos e vendas globais de 5 milhões de unidades por ano.

“Até 2024, vamos nos concentrar na eletrificação da oferta das nossas marcas de luxo. A partir daí, avançaremos para ter opções elétricas em todos os segmentos de cada uma das marcas”, promete o CEO.

Quando se trata das regiões, em 2025 toda a oferta de produtos já será 100% eletrificada na Europa e nos Estados Unidos. O movimento vai se expandir gradativamente em outras regiões a partir de então.

Entre as novidades, está a chegada do primeiro utilitário esportivo da Jeep totalmente elétrico, que teve seu visual revelado pela primeira vez na apresentação do plano Dare Forward 2030, ainda sem detalhes técnicos. 

Tavares também mostrou entusiasmo para ampliar a oferta de veículos comerciais a célula de hidrogênio, que começou com o lançamento da van Peugeot e-Expert Hydrogen, na Europa. “Teremos uma gama completa de veículos comerciais com tecnologia, contribuindo com a descarbonização da logística”, diz.

Stellantis mostrou pela primeira vez o visual do primeiro Jeep 100% elétrico, mas ainda não divulgou os detalhes do modelo

Novos negócios: veículos comerciais e economia circular

Em paralelo com a eletrificação do portfólio, a companhia apresenta duas novas unidades de negócio. A primeira, focada em veículos comerciais leves, pretende garantir excelência no atendimento a clientes profissionais.

A segunda nova frente de negócios atuará em economia circular e promete, enfim, tratar a sustentabilidade como um mercado promissor. Por enquanto, o empreendimento estará disponível apenas na Europa e nos Estados Unidos. Já em 2023, a meta é gerar € 2 bilhões em receitas com a divisão.

“Vamos sair da economia linear e entrar na circular. Trataremos esse novo negócio com o mesmo rigor e intencionalidade com que atuamos em todas as outras frentes”, defende Tavares.

Investimento em software e na parceria com startups

Permeando essas e todas as divisões da empresa está um pesado investimento em software, com conectividade, inteligência artificial e gestão inteligente dos dados para garantir plena satisfação dos clientes, aponta o CEO. “Preenchemos 3 mil vagas de tecnologias abertas recentemente. “Queremos chegar a 4,5 mil colaboradores na área de software até 2024”, determina o executivo. 

Segundo ele, a Stellantis pretende ainda manter a porta aberta para talentos externos por meio da colaboração com startups. A empresa investirá € 300 milhões em capital de risco nessas jovens empresas. O CEO diz que o objetivo é acelerar a transformação da companhia.

Dobrar receitas e manter “excelência operacional”

Seguindo a cartinha ESG (de meio ambiente, sustentabilidade e governança), além de reduzir o impacto ambiental, o plano estratégico da Stellantis pretende melhorar a performance financeira e o retorno aos acionista. Até 2030, a empresa que duplicar o faturamento, para € 300 milhões, mantendo sempre margem operacional de dois dígitos.

“A competição é feroz e queremos o topo. Nossas armas são o amplo portfólio, atrativo ao consumidor, a eficiência operacional e a diversidade global da nossa equipe”, aponta.

Como eficiência operacional, entenda-se: redução dos custos de desenvolvimento, do custo das operações e ampliação das sinergias da fusão entre PSA e FCA. Tavares espera economizar € 5 bilhões este ano com otimização da produção e com acompra de componentes comuns para as marcas do grupo – uma evolução expressiva sobre os € 3,2 bilhões poupados em 2021.

“É um plano ambicioso e muito desafiador. Vamos nos adaptar e ir além como empresa de mobilidade sustentável que traz tecnologia para o consumidor. Estamos orgulhosos de ser uma companhia que busca em construir esse legado”, resume o CEO.