Retorno do mais tradicional evento do setor automobilístico do país está praticamente certo
Ainda não há anúncio oficial, mas o retorno Salão do Automóvel à área central da capital paulista já no próximo ano é praticamente certo. Esse é o mais tradicional evento do setor automobilístico cuja primeira edição foi em novembro de 1960, no Centro de Convenções do Parque Ibirapuera.
A indústria havia começado a produzir em setembro de 1956 com o microcarro Romi-Isetta, seguido dois meses depois pela camioneta DKW-Vemag Universal. O primeiro salão durou 16 dias e contou com apenas 11 expositores, mas atraiu 400 mil visitantes.
No início foi anual e a partir de 1962 tornou-se bienal. Em 1970 mudou para o Parque Anhembi em local muito mais amplo, mas não climatizado. Em 2016 trocou de endereço para o São Paulo Expo em local com eficiente climatização. A última exposição foi em 2018, com 29 marcas e 742 mil visitantes.
Sofreu depois dois cancelamentos: 2020, em razão da epidemia da Covid-19, e 2022, quando os expositores se queixaram de gastos elevados. Também se falou em desinteresse do público, fenômeno que vem ocorrendo em outros salões.
Mas o cenário mudou. A inspiração agora é o Salão de Detroit, que se reinventou ao oferecer testes de veículos para o público, sem abandonar a exposição estática.
A RX, tradicional organizadora, vai optar pela volta às origens graças às obras de ampliação e modernização do Centro de Exposição Distrito Anhembi, que recebe um investimento de R$ 1,5 bilhão. A área de exposição será climatizada e haverá espaço para testes onde já existe o Sambódromo.
Tudo se encaminha para a 31ª edição, em novembro do próximo ano.
Novo Megane E-Tech, agora um crossover elétrico médio
Logo à primeira vista chama atenção por linhas atraentes, uma dianteira que mostra personalidade, a pintura do teto no estilo “flutuante” e uma parte traseira mais convencional com a tampa do porta-malas um pouco afastada do para-choque. Suas dimensões e volumes são típicas de um hatch com altura de suspensão elevada (17 cm de vão livre do solo).
Distância entre-eixos é ligeiramente menor (2,68 metros) do que outro hatch (2,70 m) também elétrico, o Dolphin. O porta-malas do Megane (agora sem acento no primeiro “e”) é muito bom: 440 litros.
A Renault o apresenta como SUV, mas sua altura (1,50 m) não condiz com essa classificação. O Compass, um típico SUV por exemplo, tem 1,62m de altura e seus ângulos de entrada, central e de saída são melhores. Materiais de acabamento interno de boa qualidade, inclusive o uso de camurça Alcantara. Boa tela multimídia de 12,3″.
Os bancos dianteiros não têm ajustes elétricos. Há um espaçoso console central pois a alavanca de seleção de marchas foi deslocada para a coluna de direção e o botão do freio eletromecânico de imobilização passou para o lado esquerdo inferior do painel. Espelho retrovisor interno tem câmera traseira acoplada e se torna uma tela de visão ampliada.
Potência de 220 cv e 30,6 kgfm garantem desempenho muito bom, apesar dos 1.680 kg de massa em ordem de marcha. Acelera de 0 a 100 km/h em 7,4 segundos. Alcance médio padrão Inmetro de 337 km.
No quadro de instrumentos aparece sempre em destaque o alcance restante e com precisão: apenas alguns segundos em aceleração máxima em trecho da Rodovia dos Imigrantes e a indicação caiu 6 km. O carro está sempre na mão e bons freios completam o acerto do conjunto.
Gostei do perfeito sistema de alerta aos pedestres em três versões: Neutro, Puro e Expressivo.
O primeiro lote é de 200 unidades ao preço único de R$ 279.990.
Quanto ao Brasil a Renault confirmou a apresentação em 25 de outubro próximo do seu novo SUV compacto Kardian (lançamento mundial) com motor turbo flex de 1 L já fabricado em São José dos Pinhais (PR). Vai estrear a nova plataforma CMF-B da marca francesa e substituirá o Captur.
Evento #ABX23 bateu recorde de participantes
Mais de 3.800 pessoas no São Paulo Expo, 180 palestrantes e mediadores, oito trilhas de conteúdo sem interferências em razão de sistemas de áudio individuais sem fio marcaram o sucesso do evento #ABX23 – Automotive Business Experience organizado pela tradicional plataforma digital que inclui site informativo na internet, produção de relatórios e seminários.
Este ano o destaque, entre diversos assuntos debatidos, foi o ritmo que a eletrificação tomará no Brasil nos próximos anos. Interessante que não houve consenso.
Sérgio Habib, da JAC, acredita na dificuldade de veículos 100% elétricos conquistarem muito mais que 1% do mercado de automóveis. Para ele veículos comerciais urbanos têm mais chances de crescer porque não há preocupação com a capilaridade de recarga e de alcance para entregas e transporte público.
Já Henrique Antunes, da BYD, defendeu que os preços de automóveis elétricos caindo os consumidores vão migrar. José Augusto Brandimarti, do grupo que importa produtos da também chinesa Seres, viu com preocupação as taxas de importação sobre elétricos que o Governo Federal deve anunciar em breve.
Elétricos pagarão imposto de importação
Esse assunto continuou tendo desdobramentos. A GWM, que comprou instalações de uma fábrica no Brasil e começará a produzir em maio do próximo ano, é a favor de que o imposto de importação para elétrico volte a ser cobrado, porém em etapas. Pelo que se sabe esta será mesmo a estratégia governamental.
O presidente da Anfavea, Márcio Leite, reafirmou que a indústria brasileira vai produzir carros elétricos e também aproveitará as vantagens do etanol como combustível verde em modelos híbridos flex. Ele não comentou sobre como será essa divisão e nem a velocidade da mudança.
No entanto, a entidade defende uma cota com imposto de importação zerado para as empresas já com presença industrial no Brasil ou que venham a se instalar.
No exterior a Grã-Bretanha adiou por cinco anos – de 2030 para 2035 – a proibição da venda de veículos com motores térmicos. Alinhou-se assim aos países da União Europeia em relação à data fatal para que só automóveis novos puramente elétricos possam ser comercializados.
Entretanto, chamou atenção a declaração do primeiro-ministro Rishi Sunak de que “o ideal é as pessoas migrarem por vontade própria e não serem obrigadas a fazê-lo”.
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*Este texto traz a opinião do autor e não reflete, necessariamente, o posicionamento editorial de Automotive Business