Robotáxis enfrentam novos protestos em San Francisco às vésperas de se tornarem serviço em tempo integral

Autoridades se queixam de congestionamentos e bloqueios a veículos de emergência, enquanto Cruise e Waymo prometem melhora com ampliação do serviço

Mario Curcio

Mario Curcio

Autoridades se queixam de congestionamentos e bloqueios a veículos de emergência, enquanto Cruise e Waymo prometem melhora com ampliação do serviço

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Moradores da cidade de San Francisco (EUA) estão apreensivos por causa da votação que ocorrerá na quinta-feira, 13, na Comissão de Serviços Públicos da Califórnia (CPUC). O pleito pode tornar a utilização de robotáxis um serviço prestado em tempo integral.

Em caso de decisão favorável à extensão do serviço, Cruise e Waymo, as duas principais empresas com veículos autônomos na cidade da Califórnia, vão expandir a operação para 24 horas por dia, de segunda a domingo.
O serviço oferecido atualmente tem operação restrita e a mudança tornaria o serviço semelhante ao de plataformas como o Uber.


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“Esta será uma decisão bastante crítica. Se a CPUC disser que não se pode operar 24 horas por dia, teremos um mercado bastante reduzido e descobriremos se a Califórnia, que é o Estado americano mais significativo em receita, estará dando sinal verde, amarelo ou vermelho para o futuro dos robotáxis”, afirma o executivo Reilly Brennan, sócio da empresa de capital de risco Trucks.

Serviços públicos de San Francisco reclamam de robotáxis

Autoridades de San Francisco torcem por um sinal vermelho – ou ao menos amarelo. Durante meses, pediram ao Estado da Califórnia que adiasse a votação, citando uma série de incidentes em que veículos autônomos interromperam o tráfego, bloquearam ônibus ou obstruíram veículos de emergência.

A agência de trânsito da cidade e o departamento de bombeiros e polícia registraram reclamações junto ao CPUC, pedindo que a comissão reconsidere o plano de serviço em tempo integral.

“Eles não estão prontos para o horário de pico”, disse ao jornal “Los Angeles Times” a chefe dos bombeiros de San Francisco, Jeanine Nicholson. Desde maio de 2022 o departamento teria registrado 66 contratempos em que os robotáxis atrapalharam a circulação de caminhões dos bombeiros.


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Muitos incidentes se tornaram virais: robotáxis bloqueando cruzamentos, forçando passageiros de ônibus a descer e caminhar, passando por cima de mangueiras de incêndio. Em maio, imagens da câmera corporal revelaram um policial empunhando um sinalizador de estrada para um robotáxi da Cruise e dando-lhe o comando “Fica!” e tratando o carro autônomo como um cachorro desobediente.

Em outro caso, após um tiroteio em junho que resultou em nove pessoas feridas, um robotáxi bloqueou uma faixa de tráfego no distrito de Mission, reduzindo a velocidade dos veículos de emergência.

O Departamento de Veículos Automotores da Califórnia registrou mais de 70 colisões envolvendo veículos autônomos este ano. Inclousive uma em maio, em que um carro da Waymo atropelou e matou um cachorro. E, neste caso, o veículo contava com um motorista de segurança no banco da frente.

Empresas de robotáxi se defendem de protestos

As empresas se defendem, e ressaltam que estão em conversas com as autoridades municipais para encontrar maneiras de melhorar a operação e evitar futuros incidentes. As companhias fazem questão de frisar que ninguém foi gravemente ferido ou morto por um veículo autônomo em San Francisco, ao contrário do que ocorre com veículos dirigidos por pessoas. 

Alguns moradores de San Francisco criaram uma forma de protesto à ampliação da cobertura. Um grupo de ativistas autodenominado Safe Street Rebel (algo como “Rebeldes pela Segurança nas Ruas”) fez um apelo nas mídias sociais, inclusive com a produção de um vídeo no TikTok, incitando as pessoas a colocar cones de trânsito cor-de-laranja sobre o capô de qualquer robotáxi visto vagando pelas ruas de São Francisco. Feito isso, o veículo é paralisado.

“Cruise e Waymo prometem reduzir o tráfego e as colisões, mas sabemos que isso não é verdade”, escreveram os ativistas no Twitter na semana passada. “Eles bloqueiam ônibus e veículos de emergência, criam mais tráfego e são um pesadelo para a fiscalização.”