Assim como o Megane E-Tech, próximos veículos da montadora serão desenvolvidos em plataformas elétricas dedicadas
Os novos carros elétricos da Renault já irão “nascer elétricos”. Para acelerar sua estratégia de eletrificação, a fabricante francesa passará a desenvolver seus veículos em plataformas dedicadas – o que, segundo a companhia, tornará os automóveis mais baratos. A empresa deu mais detalhes sobre o plano na última terça-feira, 6, durante o segundo dia do “Renault E-Tech 100% eletric days”, realizado em São Paulo.
A tecnologia E-Tech, desenvolvida a partir da expertise adquirida pela companhia no automobilismo, está presente em 400 mil veículos no mundo, incluindo as variantes elétricas de Megane e Kwid – sendo que o primeiro modelo já usa plataforma elétrica dedicada.
Os próximos modelos das marcas da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi serão desenvolvidos a partir da plataforma CMF-EV, mesma do Megane, e da CMF-BEV.
Segundo o vice-presidente de produto e performance da Renault, Bruno Vanel, em 2024, os modelos desenvolvidos sobre a plataforma CMF-BEV terão “mais de 30% na redução de custos [de fabricação] em comparação com o Zoe E-Tech atual”. A expectativa é produzir mais de 250 mil unidades por ano nas marcas Renault, Nissan, Alpine e Dacia.
15 novos modelos de Renault, Mitsubishi Motors, Alpine, Inifiniti e Nissan serão feitos sobre a plataforma CMF-EV até 2025. A previsão é, assim como revelado em janeiro passado, de 1,5 milhão de unidades produzidas por ano.
No Brasil, já estão confirmadas a chegada do Megane E-Tech e dos utilitários Kangoo e Master E-Tech para o segundo semestre do ano que vem.
O executivo destacou ainda que com as plataformas dedicadas e baterias extremamente finas, a montadora terá maior flexibilidade no design dos novos modelos, o que permitirá apostar em mais espaço para os ocupantes no habitáculo, por exemplo.
Renault quer popularizar carros elétricos
Com mais de € 5 bilhões já investidos em eletrificação, o objetivo da Renault para os próximos anos é tornar seus carros elétricos mais baratos do que os modelos a combustão. A estratégia da empresa se apoia nos seguintes pilares: crescimento no mercado de elétricos em termos de volume, redução de custos de produção desses veículos, aumento da eficiência dos propulsores elétricos e desenvolvimento de infraestrutura para a mobilidade elétrica.
“Estamos muito engajados em diminuir os custos dos nossos carros elétricos para torná-los mais competitivos em relação aos modelos tradicionais (com motor a combustão)”, disse Bruno Vanel. “Estamos também expandindo nossa presença em toda a cadeia automotiva por meio de parcerias, com a Volcom, fornecedora de lítio, e a Valeo, para desenvolver motores elétricos mais potentes, por exemplo.”
Carros elétricos da Renault na América Latina
Na visão de Vanel, “a América Latina deve seguir distante dos grandes mercados, como China, Europa e Estados Unidos, mas tem uma consistência no crescimento e é [um mercado] relevante para a Renault”. “Existe uma contradição, porque ainda é um mercado pequeno, mas as pessoas querem ter veículos elétricos e existe uma preocupação com sustentabilidade”, ressaltou o executivo.
Segundo informações divulgadas pela empresa, Brasil, Colômbia e México estão acima da média global quando o assunto é consumo sustentável, por exemplo, na redução do uso de energia doméstica, compra de produtos com embalagem reduzida e compra apenas de produtos produzidos de forma responsável e ética.
Por enquanto, a Renault deve manter sua estratégia de importação de veículos para a região, mas a produção local não foi totalmente descartada. Isso, claro, de acordo com Vanel, se a empresa atingir suas metas de volume de vendas e conseguir manter seus preços competitivos.
Padronização de baterias
Assim como outras montadoras, a Renault está na corrida para tornar as baterias dos carros elétricos mais baratas. Hoje, o componente corresponde a 47% dos custos de produção, segundo dados da montadora.
“Estamos trabalhando na padronização das baterias para os veículos, que terão o mesmo tipo de células e módulos, para possibilitar a redução de custos até 2026”, afirmou Vanel. “Com parceiros, a Renault está aperfeiçoando as tecnologias para evoluir na produção global de baterias mais baratas, assim como motores mais compactos, leves e eficientes.”
Para isso, a aliança usa o know how da Nissan para os escopos de bateria, propulsor, plataforma, multimídia e arquitetura de engenharia elétrica. E aposta ainda na diversificação de seus fornecedores: as matérias-primas, como o lítio, são fornecidas pela Volcom e a Terrafame. As células de bateria são da Envision e os módulos são da Verkor.
Além disso, a Renault também mantém parcerias com a Veolia e a Solway para reciclagem e reutilização do componente, o que é importante para garantir a sustentabilidade de ponta a ponta na cadeia de valor. Ao todo, já foram recicladas 3.300 baterias, segundo a montadora francesa. Para os próximos anos, a empresa tem planos também para utilizar os metais após o ciclo de vida das baterias para desenvolvimento de novas tecnologias automotivas, diminuindo o impacto ambiental desse componente.
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