Regime Automotivo do Nordeste: Senado e CEO da Stellantis dizem sim à prorrogação

Antonio Filosa voltou a defender apoio às empresas que querem produzir no Nordeste. Senado dá parecer favorável ao pleito da montadora para estender até 2032

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Antonio Filosa voltou a defender apoio às empresas que querem produzir no Nordeste. Senado dá parecer favorável ao pleito da montadora para estender até 2032

Imagem de Destaque

Em ato derradeiro como CEO da Stellantis na América do Sul, antes de seguir para os Estados Unidos, onde exercerá cargo de CEO global da Jeep, Antonio Filosa voltou a defender a manutenção dos incentivos do Regime Automotivo do Nordeste e Centro-Oeste como elemento de viabilidade dos negócios do setor fora do eixo Sul-Sudeste.

“Se querem acabar com os incentivos e mandarem a Stellantis produzir na lua, tudo bem, nós iremos, mas o fornecedor também irá. Ninguém vai querer perder R$ 20 bilhões dos R$ 60 bilhões que são gastos anualmente com componentes no país”, disse o executivo durante evento que marcou a sua despedida da operação local da montadora, em São Paulo (SP), destacando que mais de 30% das peças compradas pela fábrica nordestina tem origem em fabricantes instalados no Sudeste.


LEIA MAIS:– Stellantis quer dar mais transparência ao Regime Automotivo do Nordeste– Nordeste contra-ataca e prepara ofensiva a favor do regime automotivo


Por ser no momento a única montadora de veículos no Nordeste, a Stellantis tem lutado sozinha pela manutenção dos incentivos que contemplam a sua mais moderna e lucrativa fábrica na região, em Goiana (PE). Na contramão da ideia, montadoras da porção Sul-Sudeste buscam meios de convencer senadores em Brasília (DF) a votarem contra a prorrogação das isenções fiscais que incidem na operação da líder em vendas do mercado automotivo brasileiro.

“Imagino que a concorrência está sem trabalho nas fábricas para viver em Brasília conversando com parlamentares em defesa do fim do Regime Automotivo”, ironizou Filosa.

“Somos favoráveis ao phase out [encerramento gradativo] dos incentivos no Nordeste, que inclusive já está acontecendo. A região ainda precisa atrair mais empresas, melhorar sua infraestrutura, dentre outras coisas, para que possa ser viável do ponto de vista da lucratividade do negócio. Ainda estamos longe de parte dos fornecedores, por exemplo”, contou Filosa.

Por causa dessa distância alegada pela empresa, está em curso um planejamento que envolve elevar o número de fornecedores em sua base na região. A meta é chegar até 2026 com um aumento de 70%, o que representaria, na prática, uma elevação das atuais 30 companhias fornecedoras para 50 empresas.

Incentivos para o Nordeste têm parecer favorável no Senado

A prorrogação dos incentivos do Nordeste é uma das emendas da PEC 45, a que trata também da Reforma Tributária, em tramitação no Senado Federal.

Por ora, tudo parece estar correndo como a Stellantis gostaria. Na quarta-feira, 25, o relator da PEC, o senador Eduardo Braga, deu parecer favorável à proposta da reforma, com aprovação total da emenda que trata da extensão dos incentivos até 2032.


ENTENDA O DEBATE:– Para Fazenda, há barreiras para manutenção do regime automotivo do Nordeste– Guerra fiscal: montadoras querem incentivos apenas para produção de elétricos no Nordeste


O relator, portanto, acatou à emenda 67, apresentada pelo senador Otto Alencar (PSD/BA) e pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD/GO). Esta propõe a concessão, até dezembro de 2032, de créditos presumidos de IPI para empresas instaladas ou que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que sejam montadoras de veículos ou fabricantes de peças.

O parecer do relator ainda é inconclusivo, uma vez que ainda haverá votação na casa. No entanto, não deixa se ser uma primeira vitória para a Stellantis e também para a BYD, que produzirá veículos no Nordeste, na fábrica de Camaçari (BA).

Recentemente a Stellantis anunciou que fará modelos híbridos em Goiana (PE), e ainda não se sabe se a decisão teria a ver com um panorama favorável em termos de incentivos fiscais antevisto pela montadora. De qualquer forma, o parecer do Senado alinhado com as suas pretensões é um bom indicador de que o final dessa história poderá ser feliz para a montadora.