Reforma tributária acende o alerta no ABC Paulista

Embora aprovado por montadoras, texto da reforma causa temor na região por eventual perda de receita

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Embora aprovado por montadoras, texto da reforma causa temor na região por eventual perda de receita

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O texto da reforma tributária, aprovado na Câmara dos Deputados no começo de julho, e que seguiu para o crivo do Senado na sequência, foi bem aceito pelas montadoras em seus termos, e acendeu a luz amarela na região do ABC Paulista, importante reduto industrial de São Paulo.


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“A reforma é bem-vinda, mas não pode nascer com vício, com separatismo fiscal entre as regiões”, disse Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo (SP), durante evento realizado na fábrica da Mercedes-Benz instalada no município este mês.

O prefeito defende a ideia de que o texto da reforma, como está, diminui a autonomia das cidades, uma vez que os recursos dos impostos ficariam concentrados nas mãos da União. “Nossa região não pode perder poder financeiro nem perder competitividade”, completou Morando.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária busca o fim da guerra tributária ao unificar três tributos federais (IPI, PIS e Cofins), um estadual (ICMS) e um municipal (ISS). Eles vão ser substituídos por um Imposto sobre Valor Agregado, o IVA.

Alterar o ICMS sempre foi algo crítico quando o assunto foi reforma tributária. O imposto é a principal fonte de arrecadação dos estados e cada um possui uma legislação própria de forma a incentivar a chegada de empresas e, por consequência, gerar empregos. 

“É uma reforma necessária, é o primeiro passo para sair do manicômio tributário. O sistema brasileiro é burocrático, judicializado, estimulador de guerra fiscal e injusto. A reforma vai simplicar o modelo e desonera a exportação”, disse o vice-presidente Geraldo Alckmin na oportunidade.

Antonio Filosa, CEO da Stellantis, também seguiu a linha do vice-presidente, agregando que a medida vai proporcionar forte impacto na economia do país.

“Entendemos que a reforma é necessária, vão provocar um forte impacto na economia brasileira e na indústria. Os pressupostos são bons. A indústria agrega valor às matérias-primas, e ela vem sendo penalizada há anos pela complexidade fiscal”, contou o executivo em Goiânia (GO), na semana passada.


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O texto que propõe a reforma foi elaborado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Segundo a proposta, afora o IVA, há intenções de se criar o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), para englobar o ICMS e o ISS, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), para substituir o PIS e a Cofins.

A proposta aprovada também cria dois fundos: um para pagar, até 2032, as isenções fiscais do ICMS concedidas no âmbito da chamada guerra fiscal entre os estados. O outro, para reduzir desigualdades regionais. Esses fundos receberão recursos federais de cerca de R$ 240 bilhões ao longo de oito anos.