Volvo: automação gera economia de R$ 25 milhões no canavial

Brasileira Usaçúcar usa tecnologia para melhorar produtividade

Redação AB

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Brasileira Usaçúcar usa tecnologia para melhorar produtividade

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A Volvo tem no Brasil parte importante de sua estrura global para desenvolver caminhões autônomos. A primeira ofensiva local nessa área começou há pouco mais de um ano, quando a companhia firmou parceria com o Grupo Usaçúcar para testar a tecnologia na colheita da cana-de-açúcar. Com sede em Maringá (PR), o cliente tem 10 usinas no Brasil com toda a produção voltada às exportações. Com mais de 60 anos de história, há 30 a empresa familiar mantém frota exclusiva de caminhões da marca sueca. Os veículos são usados no transporte das 18 milhões de toneladas de cana produzidas anualmente.

A iniciativa foi apresentada na quarta-feira, 31, por executivos brasileiros e globais a jornalistas de diversos países. “A Usaçúcar nos desafiou a resolver um problema de produtividade deles e este é o resultado”, conta Wilson Lirmann, presidente da companhia para a América Latina. Ele conta que, até afora os testes mostram benefícios inquestionáveis. A Usaçúcar calcula que o aumento da produtividade se traduza em economia da ordem de R$ 25 milhões por ano para a empresa.

A questão era bastante lógica e tradicional entre as empresas que atuam no setor sucroalcooleiro. Cada plantio de cana-de-açúcar garante cinco safras, uma por ano. A questão é que, com o processo mecanizado, a colheitadeira e o caminhão onde as plantas colhidas são jogadas precisam andar lado a lado na lavoura sem passar em cima dos broto, evitando o chamado pisoteio.

A questão é que impedir o atropelamento a compactação é humanamente impossível porque há apenas 30 centímetros de distância entre as fileiras de cana. Na época da colheita, o trabalho acontece 24 horas por dia, sete dias por semana. “São três turnos. A missão pode ser um pouco mais simples para quem trabalha durante o dia, mas quando está escuro o motorista não consegue enxergar nada, apenas tenta acompanhar a colheitadeira”, conta Paulo Meneguetti, diretor da Usaçúcar. Pelas contas dele o prejuízo é superior a 20% por colheita. “A cada plantio, dos cinco anos acabamos perdendo um”, calcula.

Para resolver o problema, a Volvo equipou um VM preparado para operações fora de estrada com sensores de movimento e de localização de alta precisão – basicamente o kit que será vendido no pacote de assistência à direção Tracking Assistance, que será lançado na Fenatran, em outubro (leia aqui). A diferença é que, neste caso, a condução é efetivamente automatizada, equivalente ao nível dois, em que o motorista não precisar usar os pés ou as mãos, apenas permanecer atento ao trajeto. O veículo roda com precisão de dois centímetros e meio, o que evita o temido pisoteio dos brotos de cana e, assim, as perdas significativas a cada plantio.

Uma das limitações é que o veículo não é capaz de frear sozinho caso uma pessoa passe diante dele, por exemplo. “Desenvolvemos o que era necessário para esta aplicação, que acontece em circuito fechado e portanto não tem este como um pré-requisito, já que o motorista está no caminhão e pode frear. A ideia é criar a solução mais eficiente pelo menos custo”, esclarece Lirmann.

Nem toda a operação é automatizada. Estes veículos fazem o chamado transbordo da cana, levando ela do campo e despejando nas máquinas da usina – etapa que segue feita pelo condutor, mas os executivos da Volvo e da Usaçúcar garantem que a operação ficou bem menos estressante para os profissionais. “O motorista é essencial nesse processo e continuará assim mesmo com a automação”, garante Meneguetti.

A Volvo investiu no projeto parte dos US$ 1,6 bilhão que tem programado globalmente para o desenvolvimento de produtos. O cliente não aportou capital, apenas horas de trabalho de três de seus engenheiros, que se somam aos 19 engenheiros da montadora entre o Brasil e a Suécia que se debruçaram sobre o programa.

Quando a solução deixar de ser piloto e estiver no mercado para valer, Lirmann calcula que o investimento do cliente se pagaria em pouco mais de uma safra. Um belo argumento de vendas para que a companhia comece a fazer dos caminhões autônomos um negócio rentável no Brasil.