Europa e Opel garantem rentabilidade recorde ao Grupo PSA

Carlos Tavares, CEO do Grupo PSA, consegue entregar resultados recordes após compra da Opel

Redação AB

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Carlos Tavares, CEO do Grupo PSA, consegue entregar resultados recordes após compra da Opel

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Texto revisado e atualizado em 26/02/2019 às 20h05
No primeiro ano inteiro em que contabilizou em seu balanço o desempenho da Opel/Vauxhall (comprada da GM no segundo semestre de 2017), o Grupo PSA apurou recordes de vendas, faturamento, rentabilidade e lucro em 2018.
Conforme resultados divulgados na terça-feira, 26, as vendas da companhia no mundo somaram quase 3,9 milhões de veículos, em expansão de 6,8% sobre 2017. A divisão Opel/Vauxhall sozinha acrescentou pouco mais de 1 milhão de unidades ao total, quase todas vendidas na Europa – sem essa contribuição, levando em conta só as marcas Peugeot, Citroën e DS, os volumes teriam caído 12% no ano.
Com isso, as receitas cresceram 19%, para € 74 bilhões, com resultado operacional corrente de € 5,7 bilhões, 43% maior em relação ao ano anterior, o que garantiu margem de 7,7%, porcentual 1,3 ponto acima do verificado um ano antes e superior à meta de 6%. O lucro líquido apurado chegou muito perto de € 3,3 bilhões, em alta de 40%, € 1 bilhão a mais, ante 2017. O fluxo de caixa livre teve avanço expressivo de € 3,5 bilhões no decorrer do ano, saltando de € 6,2 bilhões para € 9,1 bilhões ao fim de dezembro passado, já descontados € 597 milhões em dividendos pagos aos acionistas. A Opel, que um ano antes tinha caixa negativo, contribuiu com € 1,35 bilhão para aumentar o saldo positivo da contas do grupo ao fim de 2018.
Os bons resultados foram obtidos essencialmente na Europa, única região a apresentar crescimento de vendas entre as seis regiões de atuação consideradas pelo Grupo PSA. As cinco marcas da companhia somadas representaram a segunda maior força do mercado europeu de veículos, com participação que saltou 5,2 pontos, de 13,3% em 2017 para 17,1% em 2018, graças ao acréscimo de vendas da Opel/Vauxhall.
Mas a maior rentabilidade foi trazida pelas tradicionais marcas francesas da empresa, Peugeot, Citroën e DS, que juntas apuraram lucro operacional 22% maior em 2018, somando € 3,6 bilhões, com margem recorde de 8,4%. A companhia atribui o bom resultado ao renovado e mais rentável mix de produtos das três marcas, vendidos especialmente na Europa. Além do portfólio ajustado, programas de cortes de custos renderam € 632 milhões em economias acumuladas de 2015 a 2018. Essa estratégia compensou ventos contrários com perdas cambiais e aumentos de custos de matérias-primas.
O ganho anual da operação Opel/Vauxhall foi de € 859 milhões, com margem sobre faturamento de 4,7%, o melhor resultado da história da empresa alemã, o que mostra notável recuperação da divisão comprada da GM, que não apurava lucro fazia 20 anos e nos últimos cinco meses de 2017 registrou prejuízo operacional de € 179 milhões. Boa parte do ajuste foi feito com redução de € 367 milhões em custos desde que o Grupo PSA adquiriu a operação, em agosto de 2017.

METAS SUPERADAS E SEGUNDA FASE DO PLANO “PUSH TO PASS”

Carlos Tavares, CEO global do Grupo PSA, destacou que foram superadas todas as metas propostas na primeira fase do plano estratégico “Push to Pass”, desenhado inicialmente para o período 2016-2018, no pós-recuperação da divisão Peugeot/Citroën/DS. Agora, com a volta ao lucro da Opel/Vauxhall, as duas marcas serão integradas à segunda etapa do Push to Pass, de 2019 a 2021, que prevê margem operacional anual média mínima de 4,5% nos próximos três anos.

“Peugeot, Citroën e DS fizeram progressos significativos [com lucro] pelo quinto ano consecutivo e fecham a primeira fase do plano estratégico ‘Push to Pass’ com resultados excepcionais. Isso demonstra a habilidade do Grupo em entregar rentabilidade e crescimento recorrente. A Opel/Vauxhall lançou as fundações para um futuro sustentável com o plano ‘Pace!’, está pronta para soltar todo o seu potencial”, avalia Carlos Tavares.

O executivo alertou, contudo, que “ventos contrários ainda mais fortes” devem ser enfrentados na segunda fase do plano Push to Pass, que começa este ano. “Não há dúvidas que nossa estratégia ágil, focada no cliente e socialmente responsável fará a diferença” nos próximos anos, confia Tavares.

ALTA NA EUROPA, QUEDAS NO RESTO DO MUNDO

Das seis regiões de atuação do Grupo PSA, só houve crescimento de volumes e participação na Europa. Todas as demais caíram ou ficaram estáveis com baixos volumes. Apesar disso, a companhia admite que será difícil continuar a crescer no mesmo ritmo no mercado europeu em 2019. A projeção é de estabilidade, mesmo assim sujeita a muitas incertezas, principalmente a causada pela saída este ano do Reino Unido da União Europeia, o Brexit.
Na América Latina, após três anos seguidos de lucros de três dígitos de milhões de euros (2015, 2016 e 2017), o resultado financeiro em 2018 foi de equilíbrio, o que foi considerado uma vitória diante das perdas cambiais e inflacionárias, principalmente na Argentina, onde a inflação anual de 48% obrigou a companhia registrar perda contábil de € 83 milhões, o que baixou a quase zero o lucro operacional apurado na divisão latino-americana. As vendas na região caíram 15%, de 206 mil unidades em 2017 para 175 mil em 2018, também sob impacto negativo da baixa do mercado argentino, o que fez a participação de mercado regional descer de 3,8% para 3,4%. Para 2019 o grupo projeta nova queda de 1% nos volumes negociados nos mercados latino-americanos.
Na China e Sudeste Asiático os volumes estão declinantes há três anos. O grupo vendeu 263 mil unidades na região em 2018, o que representou baixa de 32% sobre 2017, o que fez a participação de mercado regional cair de 1,3% para apenas 0,9%. Para 2019 a previsão é de novo declínio, desta vez em torno de 3%.
Na região Eurásia, que envolve países como Rússia, Ucrânia, Bielorússia e Cazaquistão, as vendas permaneceram estáveis entre 2017 e 2018, mas os volumes são baixos, apenas 15 mil unidades foram vendidas no ano passado e a participação de mercado permaneceu em 0,8%. É esperado crescimento de 5% na Rússia este ano.