Produção nacional de motos crescerá dois dígitos em 2023

Fabricantes preveem 1,55 milhão de unidades, com mercado interno ainda aquecido pela oferta de crédito

Mario Curcio

Mario Curcio

Fabricantes preveem 1,55 milhão de unidades, com mercado interno ainda aquecido pela oferta de crédito

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As fábricas de motos instaladas em Manaus preveem a produção de 1,55 milhão de unidades em 2023. Se o número se confirmar, haverá crescimento de cerca de 10% (9,7%) sobre o ano passado. Desse total, 1,49 milhão de motocicletas serão consumidas pelo mercado local.

As projeções foram divulgadas na terça-feira, 17, pela Abraciclo, entidade que reúne empresas do setor de duas rodas. Se a projeção para o mercado interno se confirmar, os licenciamentos crescerão 9,4% na comparação com 2022.

Consórcio puxará produção de motos em 2023

“Neste momento, a oferta de crédito não é algo que nos preocupa. O que vemos são as instituições financeiras disputando clientes nas revendas. E o consumidor tem ainda a opção do consórcio, que também é uma forma de compra parcelada, em que as vendas cresceram 28,9% em 2022 sobre o ano anterior”, afirma o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian.

Segundo a associação, o consumidor ainda enfrenta filas de espera de cerca de 30 dias para motos de baixa cilindrada (até 160 cc), mas o problema será resolvido até março ou abril. “A produção em janeiro costuma ser baixa e a de fevereiro será comprometida pelo carnaval”, recorda Fermanian.

Produção de motos de 2022 cresceu 18,2% 

As fábricas instaladas em Manaus montaram 1,41 milhão de motos no ano passado e registraram crescimento de 18,2% sobre 2021. Com isso, 2022 foi o melhor ano para a indústria de motos desde 2014.

Fermanian recorda que o desempenho do setor em 2023 enfrentará as incertezas trazidas pelo cenário econômico mundial, mas também depende de definições do novo governo, como a esperada reforma tributária.

Exportações: México pode compensar Argentina

A nova projeção da Abraciclo estima 59 mil motos exportadas ao longo de 2023. Se o número se confirmar, haverá um leve crescimento de 6,7% na comparação com 2022, quando os embarques somaram 55,3 mil motos. O desempenho do setor continua comprometido pela Argentina, que caiu para o segundo lugar entre os principais compradores de motos brasileiras.

A Colômbia absorveu 15,7 mil motos brasileiras em 2022, o equivalente a 27,6% do total enviado ao exterior. A Argentina comprou 13,5 mil motos. Sua participação terminou o ano em 23,8%. O terceiro lugar ficou para os Estados Unidos, com 12,2 mil motos e uma fatia de 21,5% nos embarques anuais.

Fermanian prevê o aumento dos negócios com o México e outros mercados do continente americano como forma de compensar a retração argentina. “A região reconhece a qualidade das motos brasileiras e também a facilidade de manutenção por causa da proximidade com nossas fábricas”, diz o presidente da Abraciclo.

Serviços de entrega ainda puxarão vendas

Se a nova estimativa de 1,49 milhão de motos emplacadas se confirmar para 2023, este será o melhor ano para o mercado interno desde 2013, quando 1,51 milhão de unidades foram emplacadas.

“Em 2023 ainda teremos uma forte demanda de motos para os serviços de entrega, mas acreditamos também em um mercado com bom potencial de demanda por motivos como os preços dos combustíveis e a agilidade que a moto traz nos deslocamentos urbanos”, estima Fermanian.

Em 2022, os emplacamentos somaram 1,36 milhão de motos. O total foi 17,7% maior que o do ano anterior. Dezembro foi o segundo melhor mês do ano em vendas (atrás apenas de maio), com 132,1 mil unidades emplacadas e média diária superior a 6 mil motos licenciadas. O principal motivo para o crescimento do mercado interno foi a produção mais regular em Manaus (AM) durante o ano de 2022.