Queda de 25% representou o pior resultado para o mês dos últimos cinco anos
A produção de veículos no Brasil caiu em outubro, indicou balanço da Anfavea divulgado na segunda-feira, 8. Os dados da entidade que reúne as montadoras mostraram recuo de 25% no volume de produção na comparação com outubro do ano passado, somando 177,8 mil unidades. Foi o pior resultado para o mês desde outubro de 2016.
No acumulado do ano, no entanto, a produção de veículos segue do lado azul do gráfico, com 1,8 milhão de unidades. O resultado representou crescimento de 16,7% ante o volume que saiu das linhas das montadoras no janeiro-outubro do ano passado. De acordo com Luiz Carlos Moraes, presidente da associação, apesar do desempenho no acumulado do ano, as fabricantes ainda sofrem com a falta de insumos.
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“Não são apenas semicondutores, faltam também pneus, materiais plásticos. Estamos no momento melhor do que estávamos no primeiro semestre, mas a situação ainda preocupa porque a demanda no varejo é grande”, disse o representante durante transmissão online. As vendas de veículos, no entanto, caíram 27% em outubro na comparação com as realizadas em outubro do ano passado.
Do total produzido até outubro, 1,6 milhão de unidades corresponde a automóveis e comerciais leves, uma alta de 13,4%. Já os caminhões representaram 131,8 mil unidades da produção total no janeiro-outubro, alta de 91%. Os chassis de ônibus alcançaram 15,8 mil unidades, leve crescimento de 1% sobre o resultado de produção em igual período no ano passado.
A respeito dos estoques, a Anfavea informou que há nas montadoras um volume armazenado que representa cerca de 17 dias de vendas, ou aproximadamente 17 mil veículos, segundo as contas da entidade. O nível de emprego nas montadoras está ligeiramente acima daquele observado em outubro do ano passado: há um quadro total de 102,5 mil funcionários, 0,2% a mais.
Por fim a entidade não descarta que a produção de veículos no País seja afetada também pela greve dos caminhoneiros, o que representaria mais um entrave logístico na já desequilibrada cadeia de suprimentos automotiva afora a questão dos semicondutores.
A falta de componentes, contudo, é vista por fontes do mercado como algo que poderá aumentar o tempo de férias coletivas de fim de ano nas montadoras, que costumam utilizar o período para realizar manutenções em suas linhas. Com a falta de componentes, e o acúmulo de paradas já realizadas no ano, é possível que as empresas parem por mais tempo a partir de dezembro.
A Anfavea, no entanto, não confirma, nem nega, a possibilidade. Sobre isso, o presidente disse que “cada montadora vai lidar com esse tempo de parada considerando o volume da sua demanda por veículos no mercado”.