Proconve faz VW acabar com versões do Gol e mexer no portfólio

Marca também tira de linha opções 1.6 de Voyage, Polo e Virtus e promove atualizações em todos os carros para se enquadrar nas novas regras de emissões

Fernando Miragaya

Fernando Miragaya

Marca também tira de linha opções 1.6 de Voyage, Polo e Virtus e promove atualizações em todos os carros para se enquadrar nas novas regras de emissões

A linha compacta da Volkswagen no Brasil acaba de sofrer baixas em nome da nova fase do Proconve L7. A marca alemã retirou de linha todas as versões 1.6 de Gol, Voyage, Polo e Virtus para poder se enquadrar às novas regras de emissões estabelecidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

O fim das opções do Gol e do Voyage com o motor 1.6 8V EA111 era dado como certo desde o ano passado. Mas ainda havia expectativa que as versões automáticas – que usavam o 1.6 16V EA211 – resistissem. Com a mudança, hatch e sedã agora passam a ser negociados apenas em uma configuração com o motor 1.0 12V três-cilindros aspirado e por preços de R$ 69.790 e R$ 80.790, respectivamente – exceto São Paulo. 

Vendas baixas reforçaram decisão

A alternativa por descontinuar tais versões até foram práticas ao se analisar a participação delas nas vendas totais de ambas as linhas. Lançado em 2018, o Gol automático respondeu por apenas 1,8% das mais de 66 mil unidades emplacadas do hatch em 2021 (dados da Fenabrave). Mesmo o total de vendas das variantes equipadas com motor 1.6 tiveram mix modesto: 6,2% do total de entregas do Gol.

No Voyage, a participação era maior, mas nada que salte aos olhos. As opções com caixa automática do sedã representaram 11,8% do total de emplacamentos da linha – que somou pouco mais de 28 mil unidades comercializadas em 2021. Já a soma de todos os modelos 1.6 significou 14,6% do volume geral da gama.

Essas devem ser as últimas mudanças nas linhas Gol e Voyage. O veterano sedã provavelmente será descontinuado até o fim do ano ou início de 2023, enquanto o Gol será esticado até 2024, quando será substituído por uma nova família de SUVs compactos que usará a plataforma MQB e brigará na base do mercado.

Polo e Virtus

As mudanças respingaram também nas gamas Polo e Virtus. As variantes dos dois modelos com o mesmo conjunto 1.6 16V e câmbio automático de seis marchas deixam de existir. O hatch ainda mantém a versão de entrada 1.0 MPI com propulsor aspirado por iniciais R$ 75.360, mas agora a opção automática mais barata do modelo é a Comfortline 200 TSI, com motor 1.0 turbo e preço de  R$ 107.190.

Desta forma, o Virtus mais barato agora parte de R$ 112.090 (Comfortline 200 TSI) e o três-volumes passa a dispor apenas de motores turbinados – os mesmos usados pelo Polo. Além do 1.0, as versões esportivas GTS do hatch e do sedã usam o 1.4 TSI de 150 cv.

No caso do Polo, o desempenho comercial também pesou na decisão de descontinuar as versões 1.6, que representaram 27,7% de tudo que o hatch vendeu em 2021 (quase 20 mil unidades, de acordo com a Fenabrave). Porém, o Virtus perdeu o motor com maior participação. Mais da metade dos 20.553 sedãs da VW emplacados no ano passado era equipada com o 1.6 16V (52,9%).

É importante salientar que os dois modelos vão passar por mudanças até 2023 no Brasil. O Polo, que já mudou na Europa em abril do ano passado, ganhará um face-lift e receberá novos equipamentos, além de uma nova versão de entrada Track que manterá o desenho antigo e só será vendida com motor 1.0 aspirado e câmbio manual.

Apesar desta avalanche de mudanças, o motor 1.6 16V não morre completamente na gama da marca alemã. Isso porque a picape compacta Saveiro passará a ser vendida apenas com essa opção de propulsor e câmbio manual de cinco marchas.

Novas calibragens

Além de descontinuar versões, a engenharia da Volks teve de se debruçar em vários componentes para ajustar os conjuntos mecânicos e outros sistemas e atender ao Proconve L7. Segundo a fabricante, houve atualizações de softwares de motor, transmissão e até do ar-condicionado em toda a linha.

Mexidas nos sistemas de combustível, de escapamento e catalisadores também foram necessárias para obter redução nas emissões e no consumo dos veículos.  Além disso, a Volks lançou mão de pneus “verdes” – com compostos de baixa resistência à rolagem – em diversos carros, e também do sistema start-stop do motor, que agora é de série em todas as linhas do Polo, Virtus, Nivus e T-Cross.

Ao mesmo tempo, a montadora passou a disponibilizar o ar-condicionado automático Climatronic para boa parte de seu portfólio. E também democratizou a oferta de itens de auxílio à condução, como ACC (controle de cruzeiro adaptativo) e AEB (frenagem autônoma de emergência) entre seus SUvs compactos Nivus e T-Cross.

Investimentos 

As atualizações dos conjuntos e sistemas da Volks foram desenvolvidas no Laboratório de Emissões e Motores, que opera dentro da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP). Esse centro de pesquisas recebeu investimentos de cerca de R$ 50 milhões e passou a operar em dois turnos. 

No ano passado, a VW também anunciou o aporte de R$ 7 bilhões na América Latina até 2026, e a inauguração de um novo Centro de Pesquisa & Desenvolvimento no Brasil. A quantia será destinada à renovação do portfólio da marca e ao lançamento da nova linha de crossovers compactos que substituirá o Gol no segmento de entrada do mercado brasileiro.