Executivo também classificou como mal-entendido a sobrevida do motor a combustão na Europa depois de 2035
Um mal-entendido. Foi assim que Thomas Schaefer, presidente global da Volkswagen, definiu as conversas em torno da continuidade das vendas de veículos com motores a combustão na Europa a partir de 2035, apesar das metas de elétricos estabelecidas no continente.
Em março, a União Europeia discutiu a permissão de venda de veículos com motor a combustão na região a partir da data. Desde que sejam movidos pelos chamados e-combustíveis – os combustíveis eletrônicos e sintéticos.
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Segundo o executivo da Volkswagen, em entrevista ao site “Automotive News”, a questão, bancada pela Alemanha, não foi compreendida: os e-combustíveis serviriam apenas para reduzir a pegada de carbono da frota antiga até o fim de sua vida útil, e não para dar sobrevida ao motor a combustão.
“Essa discussão é amplamente mal-compreendida. Os e-combustíveis têm um papel a desempenhar nas frotas existentes, mas não substituirão os veículos elétricos. Isso é um absurdo completo. Olhe para a complexidade de produzir e-combustíveis. Não temos energia suficiente”, disse Schaefer.
“Em 2035 os motores a combustão saem de cena de qualquer maneira. Dissemos que em 2033 teríamos terminado. Até 2030, planejamos que 80% dos nossos veículos vendidos na Europa sejam elétricos a bateria, então por que gastar uma fortuna em tecnologia antiga que realmente não traz nenhum benefício?”, contou o executivo.
UE reitera que só carro elétrico a partir de 2035
Dana Popp, representante da área de comunicação do Comitê de Saúde Pública da UE, informou à Automotive Business, por e-mail, que segue na Europa a proibição das vendas de automóveis e comerciais leves equipados com motor a combustão na Europa a partir de 2035.
“Qualquer automóvel matriculado antes dessa data pode permanecer na frota até ao fim da sua vida útil”, explicou.
Ela acrescentou, ainda, que a legislação adotada como está hoje também não permitiria que os e-combustíveis fossem usados em carros novos depois de 2035. “Isso pode mudar com uma nova proposta legislativa no futuro, mas ainda está para ser visto”, completou.
Schaefer, que é considerado o pai do ID2all, novo carro elétrico de entrada da VW apresentado em março, disse que o modelo deverá custar mais do que € 25 mil. E que ele integra uma família de modelos básicos que será produzida na Espanha.
Um carro elétrico de entrada ainda mais barato, com preço abaixo dos € 20 mil, segundo o executivo, deverá estar disponível para as vendas globais a partir de 2027. Este modelo, inclusive, será construído em uma nova plataforma elétrica – chamada de MEB de entrada pela Automotive News – desenvolvida pela Skoda.