Vários modelos já estão mais caros em 2022 e previsão é de que valores continuem subindo nos próximos meses
O ano mal começou para a indústria automotiva, mas vários modelos já aumentaram de preço em 2022. É o caso do Fiat Pulse, por exemplo. O SUV foi um dos lançamentos mais importantes do ano passado e fez bastante sucesso durante a pré-venda. Entretanto, o modelo passou pelo primeiro reajuste na tabela menos de dois meses após estrear.
Nos primeiros dias deste ano, um novo aumento deixou o Pulse até R$ 4 mil mais caro, dependendo da versão. Na data do fechamento desta matéria, o modelo custava entre R$ 87.990 e R$ 123.490. Em São Paulo (SP), os valores são ainda mais altos por causa da maior alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), fazendo com que o Pulse saia entre R$ 90.784 e R$ 127.429.
Para efeito de comparação, o SUV estreou em outubro de 2021 com preços na faixa de R$ 79.990 a R$ 115.990. Considerando o valor anunciado para o estado de São Paulo, em apenas três meses o valor de entrada do SUV subiu 13,5%.
A Volkswagen também promoveu aumentos de preços em sete modelos. Gol, Voyage, Saveiro, Polo, Virtus, T-Cross e Nivus ficaram mais caros em 2022.
O reajuste foi mais discreto nos modelos de entrada, como o Gol 1.0, que ficou R$ 1 mil mais caro e se aproximou dos R$ 70 mil. No caso do T-Cross, porém, o reajuste chegou a R$ 2.300 na versão Highline, que agora sai por R$ 155.490.
Já a Toyota aproveitou a precoce estreia da linha 2023 de Corolla e Corolla Cross para alterar os preços. Todas as versões ficaram mais caras, com o SUV variando de R$ 161.990 a R$ 204.329, com aumento médio de 5%. O sedã passa dos R$ 180 mil na configuração topo de linha, mas a versão de entrada GLi sai por R$ 148.290, um reajuste que passa de impressionantes R$ 15 mil.
Ano “turbulento” gera instabilidade no mercado
Diante de uma escalada de preços que parece longe de chegar ao fim, AB conversou com Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics.
Para ele, os valores continuarão subindo nos próximos meses. Embora a crise dos semicondutores (que parece longe de um final feliz) e a volatilidade do dólar influenciem diretamente no cenário, a instabilidade na indústria também ocorre por outros motivos.
“É uma soma de fatores que resulta em um ano bem turbulento para o Brasil. Sofremos com uma logística internacional muito complicada com custos de fretes elevados, além de uma inflação extremamente alta. Fora isso, o país também está em ano eleitoral e, enquanto não houver um nome definido (para a presidência), a situação vai ficar extremamente instável”, pondera.
Preços não vão recuar e carros populares não voltam
Mesmo depois do fim das eleições e até projetando um cenário mais estável para 2023, o gerente da Jato Dynamics não aposta em uma eventual redução nos preços dos carros novos no futuro.
“Acho pouco provável (que os preços recuem). Acredito que as montadoras podem manter os preços e, em um determinado momento, conceder descontos mais generosos”, afirma Milad.
Há quem aposte em um eventual retorno dos carros populares, que fizeram bastante sucesso entre os anos 90 e 2000, mas que hoje estão quase extintos. Milad não acredita que os modelos mais acessíveis voltem a ter protagonismo.
“As fabricantes podem até voltar a explorar o segmento de carros de entrada, mas o consumidor não quer mais comprar carros ‘pelados’, aqueles que o mercado convencionou chamar de popular. O que existe hoje é um veículo básico com a mínima quantidade de equipamentos para atender às leis, que é utilizado em frotas de empresas que adquirem autommóveis em volume”, conclui.