Por que o atraso no lançamento de carros virou tendência no setor automotivo?

Relatório da PwC mostra que, mesmo depois da pandemia, desafios continuam: novas tecnologias, mais concorrência e ciclos de desenvolvimento mais curtos estão entre os motivos

Redacao AB

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Relatório da PwC mostra que, mesmo depois da pandemia, desafios continuam: novas tecnologias, mais concorrência e ciclos de desenvolvimento mais curtos estão entre os motivos

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Eletrificação, aumento das tecnologias de assistência à direção e mais conectividade estão entre as grandes tendências para o setor automotivo. Pois pode colocar mais uma nessa lista: atraso no lançamento de novos carros. A conclusão é de relatório recente da PwC.

A consultoria aponta que essas situações persistem mesmo depois da pandemia. Em um primeiro momento, o problema foi causado pela Covid-19, mas os desafios relacionados aos carros elétricos e problemas persistentes de produção e na cadeia de valor fizeram dos atrasos algo com que o setor automotivo precisará conviver por mais tempo.

Na América do Norte, desde 2020, mais da metade dos lançamentos foram postergados, aponta o relatório da PwC. Como comparação, em 2017, 87% dos veículos chegaram ao mercado no prazo previsto inicialmente, porcentual que caiu para apenas 45% em 2023. 

Atraso nos lançamentos podem gerar bilhões em prejuízos

O custo da demora para que novos veículos cheguem ao consumidor é alto. A consultoria estima que a prorrogação em 12 meses para o lançamento de um carro deixe o caixa de uma montadora US$ 200 milhões mais magro. Os fornecedores também são impactados, com custos de até US$ 15 milhões.

Como agravante, o mercado mais dinâmico e a convivência entre diversas tecnologias para descarbonizar a mobilidade fazem com que o número de lançamento tenda a crescer nos próximos anos.

E os problemas causados pelos atrasos vêm em cascata, aponta a PwC: perdas de oportunidades de vendas, redução do volume de produção programado (e, portanto, da economia de escala), investimento em empregados acima do necessário, aportes adicionais em desenvolvimento (novos protótipos e estrutura de pré-produção), além de desperdícios com logística e material (mudanças de última hora no design, obsolescência do produto antes mesmo de chegar ao mercado, etc).

Ao colocar tudo isso na conta, a PwC calcula que há prejuízo bilionário, com redução de 2% a 7% no valor de uma montadora, no caso dos Estados Unidos. Há ainda o valor intangível causado por questões como dano à imagem da empresa, perda de vantagem competitiva, ruptura da cadeia de fornecimento, aumento do estresse e queda da produtividade dos funcionários.

Futuro seguirá desafiador

Mais da metade dos atrasos no lançamento de veículos são causados por problemas na produção, incluindo falta de componentes, de fornecedores e falhas na qualidade, indica a empresa. Mas erros estratégicos também têm papel relevante nesses casos: mudanças no portfólio, equívoco na decisão sobre o momento adequado para o lançamento e mudanças na preferência dos consumidores.

Para os próximos anos, o cenário não deve ficar mais fácil. Entre os motivos para isso, a PwC elenca que o cenário é mais complexo em termos tecnológicos com a automatização e a eletrificação dos veículos, além da demanda crescente por software. Tudo isso, torna o desenvolvimento de novos veículos ainda mais difícil. 

Em paralelo, há a crescente concorrência com novas montadoras e fornecedores, a disputa por talentos capacitados em determinadas tecnologias, os ciclos de desenvolvimento cada vez mais curtos e as pressões de custos elevadas. Enfim, parece a tempestade perfeita – que o setor automotivo precisará aprender a atravessar.