Por mais vendas, montadoras recorrem outra vez ao IOF menor

Empresas e Governo Federal negociam meios de reduzir o imposto como forma de estimular os financiamentos de veículos

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Empresas e Governo Federal negociam meios de reduzir o imposto como forma de estimular os financiamentos de veículos

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Um velho tema volta à mesa de discussões entre montadoras e o Governo Federal. No caso, trata-se da redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como forma de melhorar o ambiente nos financiamentos de veículos, que caíram muito nos últimos meses e têm preocupado a cadeia automotiva.

Na sexta-feira, 5, durante a divulgação do balanço de julho das montadoras, o presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, contou que a entidade tenta negociar com representantes do ministério da Economia zerar ou pelo menos reduzir a alíquota que reflete diretamente sobre as parcelas de financiamentos contratados por consumidores.

“Estamos conversando com o ministério por meio de um grupo de trabalho que mantemos em Brasília. Neste momento seria algo bem-vindo”, disse o presidente da Anfavea.

Montadoras creem em IOF menor para facilitar consumo

Pelas contas da entidade, cerca de R$ 100 milhões são arrecadados via IOF pelo governo mensalmente por meio de transações dentro da cadeia automotiva. A Anfavea acredita que uma vez zerado o imposto, ou diminuído, ele criaria condições mais favoráveis para o consumidor de veículos, que teria, em teoria, uma parcela menor para pagar por mês.


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Recorrer às mudanças na IOF em tempos de vacas meio-magras não é algo novo no setor, como podemos relembrar aqui, nesta nota de 2008 (curiosamente um ano de vendas recordes) publicada por Automotive Business. A medida também foi utilizada no começo da pandemia da Covid-19, por seis meses, como forma de estimular o consumo em período crítico em termos de vendas.

Uma fonte ligada às fabricantes disse à reportagem que o ambiente entre as montadoras é de otimismo acerca da redução do IOF, considerando o ano eleitoral e o forte apelo que uma medida como esta tem dentro do ambiente corporativo – e não apenas automotivo.

Financiamentos de veículos desidrataram

De qualquer forma o fato é que os financiamentos minguaram nos últimos meses nas negociações que envolvem veículos. De junho de 2021 a junho deste ano, segundo dados da B3, a curva de vendas financiadas caiu de um patamar de 60% do total dos licenciamentos para cerca de 35%. No primeiro semestre, a queda do setor foi de 9%.

O patamar, por exemplo, sempre foi superior ao das vendas à vista, que hoje predominam no mix de vendas, com 65% do total vendido no país. 

Mesmo assim, ainda há incerteza se Governo Federal acatará ao pedido das montadoras, assim como fez, em parte, com a redução do IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados, pelas mesmas razões.