Paraná entra na briga com Bahia para atrair investimento da BYD

Montadora chinesa estuda o potencial de fábrica de Campo Largo, que pertence à Stellantis para produzir veículos elétricos

Giovanna Riato

Giovanna Riato

Montadora chinesa estuda o potencial de fábrica de Campo Largo, que pertence à Stellantis para produzir veículos elétricos

Imagem de Destaque

A chinesa BYD vem construindo as bases de um bom relacionamento com o estado da Bahia para estabelecer ali uma fábrica de veículos elétricos. Agora, o Paraná decidiu entrar na disputa para ver quem leva o investimento da montadora, que estuda estabelecer no Brasil linhas de montagem de automóveis, comerciais leves e pesados.

O estado do Sul do Brasil convidou executivos da BYD para conhecer a fábrica de motores que a Stellantis tem no município de Campo Largo e foi desativada em novembro de 2022. A visita – a segunda de executivos da companhia àquela unidade – aconteceu na última terça-feira, 10, incluiu a participação do vice-governador Darci Piana e do presidente da montadora no Brasil, Tyler Li, e foi divulgada com entusiasmo pelo governo paranaense.


Leia também:
– BYD encaminha fábrica de elétricos na Bahia
– Por produção local, Bahia e BYD discutem ferrovia e pagamentos à Ford
 Após 25 anos, Stellantis encerra produção de motores de Campo Largo


“Conhecemos o Paraná há muito tempo, temos um escritório aqui e temos grandes possibilidades de investir no Estado. Recebemos algumas informações da Stelantis, vamos apresentá-las para nosso time técnico da China”, apontou o presidente da BYD, Tyler Li, segundo comunicado distribuído pelo governo do Paraná. De acordo com o executivo, a equipe técnica virá ao Brasil conhecer e a avaliar o empreendimento.

Ciúmes para o Estado da Bahia

Antes de trocar olhares com o Paraná, a BYD tratou de deixar claros os seus interesses com a Bahia. Em outubro do ano passado a companhia assinou protocolo de intenções com o governo do Estado para a compra da fábrica da Ford em Camaçari, desativada em 2021com o encerramento daprodução da empresa no Brasil.

Segundo o documento, a montadora pretende instalar ali três novas linhas de montagem de veículos elétricos, com investimento de R$ 3 bilhões e a geração de 1,2 mil empregos. Na época, a BYD evitou dar mais detalhes, afirmando que algumas pendências na negociação com o estado precisavam ser resolvidas antes de divulgar novas informações.

Diante disso, e do fato de que o protocolo de intenções não representa um compromisso concreto, a visita da liderança da montadora ao Paraná pode ter objetivo duplo. O primeiro deles seria conhecer, de fato, o potencial da região para a operação da empresa e o segundo, elevar o patamar de negociação com o Estado da Bahia para conseguir melhores condições ou incentivos fiscais.

As negociações têm sido duras. Por um lado, a empresa coloca exigências na mesa que incluem, até mesmo, a ampliação de uma ferrovia para incrementar as condições logísticas da fábrica. De outro, o governo demanda que, quando entrar em operação, a companhia recontrate antigos funcionários da Ford que foram demitidos com o encerramento da produção da montadora ali. Também está na mesa possíveis pagamentos da BYD à empresa americana por melhorias feitas recentemente na unidade fabril.