Falta de peças e demanda fraca já mexem com as projeções das fabricantes para o ano
O primeiro trimestre foi difícil para as montadoras de veículos no país. Ainda que o volume produzido no período tenha sido 8% maior do que a registrada no fraco primeiro trimestre de 2022, as paradas nas linhas provocadas por falta de chips e demanda já mexem com as projeções do setor para o ano.
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Segundo Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, a associação que representa as fabricantes, o ritmo intermitente de produção visto no janeiro-março ceifou 30 mil unidades do volume de produção projetado. As estimativas da entidade, anunciadas em janeiro, indicam uma produção de 2,4 milhões de veículos em 2023.
“Oito fábricas ficaram paradas no primeiro trimestre, ainda não é o momento de rever as projeções, o mercado tem condições de reverter. De qualquer forma, é algo que preocupa. Produzimos mais do que um trimestre que foi o pior em termos de volumes desde 2004”, disse o presidente na segunda-feira, 10, citando o janeiro-março de 2022.
Naquela oportunidade a produção foi 17% menor do que a registrada no primeiro trimestre de 2021, reflexo de um momento de grave falta de componentes nas linhas de montagem instaladas no país. Foram produzidos à época 496 mil veículos. Neste trimestre, segundo dados da Anfavea, a produção somou 536 mil unidades.
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Apenas em março saíram das linhas 222 mil veículos, um resultado que supera em 37% o registrado em fevereiro e em 20% o volume produzido em março do ano passado.
Outro fator que indica baixo nível de produção de veículos no país é a utilização dos estoques por parte das montadoras. Ainda de acordo com o presidente da Anfavea, 90% das vendas realizadas no primeiro trimestre envolveram veículos que foram produzidos no ano passado pelas montadoras.
Até março o volume total de unidades estocadas foi de 203 mil unidades, o equivalente a 31 dias úteis de vendas. Para a Anfavea, o volume ainda está dentro da normalidade e abaixo dos níveis pré-pandemia, “ainda que a curva de crescimento [dos estoques] preocupe”.
Produção de leves subiu, e a de comerciais caiu
A produção de automóveis e comerciais leves cresceu no primeiro trimestre, somando 507 mil unidades, um resultado que representa alta de 11% sobre o janeiro-março de 2022. Os automóveis corresponderam a 416 mil unidades do total produzido (+9%), e os comerciais leves 91 mil unidades (+23%).
Já a produção de caminhões caiu 28,8% na comparação trimestral, resultado que reflete, segundo a Anfavea, uma menor venda provocada pela troca de norma de emissões que rege o powertrain de veículos pesados no país. A queda na produção de ônibus foi de 30%.