Para não parar produção, Volkswagen estuda importar peças da China, EUA e Alemanha

Após catástrofe ambiental no RS, montadora já negocia com fornecedores internacionais para manter fábricas em operação

Ana Paula Machado

Ana Paula Machado

Após catástrofe ambiental no RS, montadora já negocia com fornecedores internacionais para manter fábricas em operação

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A Volkswagen negocia a importação de componentes para abastecer as fábricas no Brasil e manter as linhas de produção em plena operação, após a catástrofe no Rio Grande do Sul. A montadora deve receber peças de empresas dos Estados Unidos, Alemanha, México e da China, segundo o presidente da empresa para a América do Sul, Alexander Seitz. 

“A situação não é fácil. Estamos buscando alternativas no mundo inteiro para não parar de produzir. Na semana passada estive na China e, nesta semana, nos Estados Unidos”, disse o executivo. “Tenho 36 anos no setor automotivo e, por isso, muitos contatos. A nossa proposta é fazer um pedido firme com alguns fornecedores com volume e período definidos.”


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Entre 2008 e 2013, o executivo foi vice-presidente de compras da Volkswagen no país e promoveu uma série de ajustes, elevou a demanda por qualidade e o patamar de exigência com os fornecedores. Antes disso, trabalhou no departamento de finanças e controladoria da Mercedes-Benz no Brasil. 

A experiência de Seitz em países emergentes inclui também a China. O executivo foi vice-presidente da SAIC Volkswagen Automotive, joint venture entre a companhia e o governo do país asiático.

Fábricas paulistas abastecidas até o dia 20

Seitz informou que a Volkswagem está abastecida até o dia 20 de maio, próxima segunda-feira. Nesta semana, em função desta condição, a montadora protocolou, junto aos sindicatos dos metalúrgicos, um aviso de férias coletivas de 10 e 11 dias para os funcionários das três fábricas instaladas em São Paulo. A unidade do Paraná não será afetada, conforme a montadora. 

“Estamos monitorando. Um ou outro fornecedor pode voltar a produzir, mas demora um tempo para retomar o ritmo. Até porque os pedidos podem ser 20% a 30% superiores ao acordado. Estamos analisando as possibilidades para a nossa produção não parar”, ressaltou Seitz. 

Segundo o executivo, no Rio Grande do Sul não estão instalados tantos fornecedores da Volkswagem. “Não são tantos, se conta nos dedos, mas são de grande importância para a nossa operação.”

No RS, mais de 90% da atividade econômica afetada

De acordo com o levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), até o dia 13 de maio, 94,3% de toda a atividade econômica estadual foi afetada pela catástrofe ambiental.

“Os locais mais atingidos incluem os principais polos industriais do Rio Grande do Sul, impactando segmentos significativos para a economia do Estado”, disse o presidente da entidade, Arildo Bennech Oliveira.

Em relação aos estabelecimentos industriais, as regiões com a maior quantidade de Indústrias no RS em municípios afetados são Vale dos Sinos (9,1 mil), Metropolitana (8 mil) e Serra (6,6 mil). Já as regiões que mais empregam na indústria gaúcha em municípios atingidos são Vale dos Sinos (184 mil), Metropolitana (128 mil) e Serra (121 mil).

Dessas regiões industriais, segundo a FIERGS, a Serra e a e Região Metropolitana de Porto Alegre se concentram os polos metalmecânicos no estado.