Organização dos distribuidores de veículos comemora o regime automotivo e aponta que governo ouviu as demandas da indústria
O aguardado Mover – Mobilidade Verde e Inovação foi publicado só nas últimas horas de 2023, mas já elevou os ânimos do setor automotivo para 2024. José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, organização que representa os concessionários, entende que o regime, que dá sequência ao Rota 2030, foi acertado.
“É um programa muito bom, consistente. O governo ouviu a indústria, analisou e tomou as medidas necessárias para o futuro. A política automotiva é um dos motivos para a nossa projeção de crescimento para 2024”, declarou em coletiva de imprensa na quinta-feira, 4.
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No encontro com jornalistas, a Fenabrave divulgou a expectativa de que as vendas de veículos cresçam 12% em 2024, somando 2,44 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Mover gera escala para setor automotivo
Andreta avalia que, com a previsibilidade garantida pelo programa, os incentivos à indústria localização da produção e ao desenvolvimento de novas tecnologias e, ainda, o fomento à reciclabilidade, o programa tende a gerar mais escala para a indústria automotiva nacional e, claro, para as concessionárias. “É disso que precisamos”, reafirma.
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O executivo entende como positiva também a retomada gradativa do imposto de importação de veículos elétricos e híbridos. Segundo ele, a medida garante concorrência mais justa e é o primeiro passo para fomentar a produção desses modelos no país.
Concessionárias têm oportunidade na renovação da frota
O Mover traz ainda incentivos à reciclabilidade dos veículos vendidos no Brasil – reforçando um mercado de economia circular que tende a crescer localmente. Andreta lembra que, em 2023, a Medida Provisória 1175, dava incentivo para a troca de veículos antigos, mais poluentes, por versões mais atualizadas e sustentáveis, acabou por ser pouco efetiva, mas teve um grande mérito: colocar as concessionárias como agentes da renovação da frota.
A legislação dava ao distribuidor de veículos a responsabilidade de comprar os modelos antigos, revender para reciclagem e, com a carta-bônus dessa negociação, oferecer um veículo mais recente ao cliente. “Era isso que faltava. Sem o concessionário nesse jogo, como captador do carro ou caminhão antigo, não vamos renovar a frota nunca”, reforça.
Andreta lembra que há 64 milhões de veículos emplacados no Brasil. Destes, 11 milhões já não circulam mais e, possivelmente, estão em deterioração, gerando grande impacto ambiental. “A reciclagem do veículo dá acesso ao aço e a outros materiais por preço bem menor do que a produção desses insumos do zero”, diz.
De olho nisso, Andreta e uma comitiva da Fenabrave vão aos Estados Unidos agora em janeiro, durante a convenção de concessionários do país, a NADA, atrás de informações sobre o modelo de negócio e a viabilidade das escrapeadoras de veículos no país. São mais de 7,2 mil empresas especializadas no assunto, enquanto o Brasil conta com apenas 60. Com isso, para acelerar a reciclagem automotiva, o mercado local precisará multiplicar também esse número.