CEOs de ZF, Iochpe-Maxion e Logigo apontaram planejamento e jogo de cintura como vitais para driblar problemas
A pandemia teve impactos muito fortes na economia mundial. E claro que a indústria automotiva também sentiu o baque. O coronavírus fez com que as empresas fossem obrigadas a fechar fábricas (de forma temporária ou definitiva) e tomarem outras medidas emergenciais.
Durante o #ABX22 – Automotive Business Experience, o painel “As mudanças no ecossistema dos fornecedores” trouxe nomes de peso para debater os efeitos do Covid-19 no dia-a-dia de algumas das maiores fornecedoras do setor.
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“A pandemia definitivamente impactou a indústria automotiva global, mas é bom lembrar que esse setor está em transformação desde 2014 e até hoje não conseguimos nos recuperar. E a pandemia acelerou esse processo”, afirmou Marcos de Oliveira, presidente e CEO da Iochpe-Maxion.
“Nós tomamos uma série de medidas desde 2020 para nos ajustar a um nível de demanda inferior nos últimos anos. No nosso caso, nós produzimos onde vendemos, então as dificuldades logísticas intercontinentais tiveram impacto menor do que em outras empresas. E tudo foi feito em meio ao processo de eletrificação que já está em curso na Europa e em outras regiões do mundo, e que também vai acontecer no Brasil”, complementou Marcos.
Copo meio cheio
Carlos Delich, presidente da ZF América do Sul, ressaltou que a pandemia não trouxe apenas más notícias para o setor.
“Dentro de tudo de ruim que a pandemia trouxe vieram algumas coisas positivas, sobretudo no adiantamento de processos que já aconteceriam com o tempo. Todo esse processo negativo, em termos gerais, trouxe algo positivo, que foi incrementar a velocidade e a participação do Brasil na ZF em nível mundial. E não estamos falando apenas do desenvolvimento de tecnologias para veículos de passageiros, e sim para máquinas agrícolas e veículos de transporte”, disse.
O executivo revelou que as lideranças da ZF trabalharam (e ainda atuam) em conjunto para tentar minimizar os impactos de fatores importantes, como a crise dos semicondutores. Carlos, inclusive, afirmou que sua empresa nunca subestimou a dimensão da escassez de componentes.
“Foi consideravelmente claro que o problema dos microchips duraria muito tempo. Não havia motivos para pensar que isso duraria apenas um trimestre. Então analisamos quais seriam as médias mensais e ajustamos nossas estruturas e atividades a esses volumes. Além disso, procuramos considerar as novidades que surgiam diariamente. Foi por isso que até saímos para comprar no varejo para poder entregar. Hoje, quando perguntamos aos nossos clientes o volume de produção para o mês que vem, eles nos respondem: ‘quanto vocês podem nos entregar?’. É uma situação consideravelmente complicada, mas tomando como patamar a projeção mês a mês, estamos perto (de atingir os objetivos)”.
Reinventar para sobreviver
Antonio Azevedo, CEO da Logigo, empresa especializada no fornecimento de sistemas de entretenimento a bordo (infotainment) e softwares, disse que as mudanças realizadas na pandemia trouxeram alguns benefícios que foram incorporados à cultura da empresa.
“Durante o Covid a Logigo precisou se reinventar. Fizemos um downsizing forte na empresa para nos adequarmos aos volumes mais baixos. Essa crise serviu para refazermos nosso planejamento em relação a custos e outras coisas que contratávamos e que não faziam tanto sentido assim. No fim das contas, essa situação nos trouxe um aprendizado muito grande”, reconheceu o executivo.
Além de repensar processos, a empresa também buscou oportunidades em outras áreas em que não atuava antes da pandemia.
“A Logigo ampliou seu foco para ir além das montadoras. Nós ampliamos um pouco o escopo para empresas de carsharing para desenvolver soluções customizadas de software e hardware. Além disso, recentemente lançamos um veículo elétrico para frotas operacionais. Então conseguimos nos manter com o mesmo volume de participação de mercado, mas com muito trabalho e esforço”, declarou Azevedo.
Apesar de ter passado pelas mesmas dificuldades da maioria das empresas do setor, Antonio celebrou o fato de a Logigo “não ter paralisado a linha de nenhum cliente”.
“Como trabalhamos com um perfil muito descentralizado e flexível para evitar problemas de fornecimento para os clientes, nós começamos a fazer um acompanhamento muito forte com os fornecedores para não ter qualquer tipo de ruptura na cadeia produtiva. Nós intensificamos o acompanhamento e a cobrança para assegurar seu funcionamento”.
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