Sedã é híbrido plug-in com mais potência e maior autonomia no modo elétrico
Foi de forma bastante presunçosa que a BYD decidiu lançar o King no Brasil. A marca chinesa fez um trocadilho com o nome do novo sedã médio (“rei”, em português) para desafiar o Toyota Corolla, líder absoluto do segmento.
VEJA MAIS:– BYD Yuan Pro começa a ser vendido no Brasil em 2024
– Aumento do imposto de importação não muda estratégia da BYD
De tão engajada no discurso, a BYD ainda usa a imagem do finado Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, para a campanha publicitária do King. Mas até onde o novato consegue desafiar (e quem sabe até superar) o atual soberano dos sedãs médios?
King é mais barato do que Corolla
Antes de realizar a comparação, vale ressaltar que existem muitas diferenças entre Corolla e King. Uma das principais está no tipo de propulsão: enquanto o sedã da Toyota é um híbrido convencional, o rival da BYD é um híbrido do tipo plug-in.
Porém, é o preço que credencia o sedã da BYD para a briga: disponível em duas versões de acabamento, o King custa R$ 175.800 na configuração GL e R$ 187.800, na GS. Quem o comprou antes do dia 20 de junho teve bônus de R$ 6 mil, que o deixou ainda mais competitivo diante do rival.
Já o Corolla híbrido sai por R$ 190.120 na versão Altis Hybrid e R$ 200.910 na configuração topo de gama Altis Hybrid Premium. Ou seja, a versão mais completa do King custa R$ 2.320 a menos do que a opção mais acessível do Corolla com motorização híbrida.
Sedã da BYD roda até 120 km no modo elétrico
O King combina motor 1.5 aspirado de 110 cv com outro elétrico de 175 cv, resultando em uma potência combinada de 235 cv. Em contrapartida, o Corolla usa motor 1.8 aspirado de 101 cv e propulsor elétrico de 72 cv, e totaliza 122 cv.
Por ser um híbrido do tipo plug-in, o King pode ter suas baterias carregadas em qualquer estação de recarga ou mesmo em tomada convencional – algo que não é possível no rival da Toyota.
Na versão GS, equipada com bateria de 18,3 kWh, o carro roda até 120 km no modo elétrico pelo ciclo NEDC ou 80 km de acordo com o ciclo PBEV adotado no Brasil. Já o King GL, que usa uma bateria de 8,3 kWh, a autonomia é de 55 km pelo ciclo NEDC – a BYD não divulgou o número pelo ciclo PBEV.
No caso do Corolla, a bateria de 1,3 kWh permite que o carro rode no modo elétrico apenas em baixas velocidades. Com isso, a autonomia no modo elétrico é de apenas 1 km.
Já a autonomia do King no modo híbrido é estimada em otimistas 1.100 km na versão GL e 1.200 km, na configuração GS. Ou seja, supera a do Corolla, que chega a 880 km.
Porte do King é um pouco maior
O King é um pouco mais comprido e mais largo do que o Corolla, e praticamente empata com o rival na distância entre eixos.
O sedã da BYD tem 4,78 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,49 m de altura e 2,71 m de distância entre os eixos. O porta-malas tem capacidade para 450 litros. Já o vão livre em relação ao solo é de 12 centímetros.
O modelo, embora tratado no release divulgado à imprensa como um sedã “compacto”, é maior que o Corolla. A título de comparação, o três-volumes da Toyota mede 4,63 m de comprimento, 1,78 m de largura, 1,45 m de altura e tem 2,70 m de entre-eixos. O porta-malas é pouco maior que o do King e carrega 470 litros.
Ausência de ADAS é grande vacilo
Assim como outros modelos da BYD, o King é bem equipado. Sai de fábrica com seis airbags, freios a disco nas quatro rodas, controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera com visão em 360°, freio de estacionamento eletrônico e sistema de monitoramento de pressão dos pneus.
Também vem com central multimídia com tela flutuante de 12,8″ e rotação elétrica, painel de instrumentos de 8,8″, retrovisores com rebatimento elétrico, controle de cruzeiro, saída de ar para os ocupantes do banco traseiro, carregador sem fio para smarphones, rodas aro 17″, entre outros. A versão de topo pode agregrar ainda ajuste elétrico para o banco do passageiro e ar-condicionado de duas zonas.
No entanto, o maior pecado do King é não vir com nenhum item de assistência à condução – cujo pacote de equipamentos é conhecido pela sigla ADAS. Não há sequer alerta de pontos cegos.
O Corolla, por sua vez, vem com sete airbags (um a mais), piloto automático adaptativo, alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, alerta de pontos cegos, assistente de permanência em faixa de rolamento com correção de trajetória, alerta de tráfego cruzado traseiro e farol alto automático.
Primeiro contato foi (muito) limitado
Gostaria muito de tecer alguns comentários sobre minha experiência ao volante do King. No entanto, o primeiro contato com o sedã foi extremamente breve. Em vez de realizar um test-drive completo com trechos urbanos e rodoviários (como é de praxe nos lançamentos de carros), a BYD optou por montar uma pequena pista dentro do estacionamento de um shopping center em São Paulo (SP).
Lá havia um circuito desenhado por cones com duas pequenas retas, algumas curvas fechadas e uma rotatória. E só.
Com um percurso total de apenas três voltas, não foi possível avaliar o veículo da forma adequada. Mesmo assim, chamou atenção a qualidade do isolamento acústico, algo que também se destaca em outros modelos da BYD. A suspensão também pareceu bem calibrada para o solo brasileiro, ainda que um estacionamento não seja o local mais adequado para aferir seu comportamento.