O que fazer para superar o medo de vender um carro elétrico usado

BYD e GWM admitem que há desconfiança, mas confiam que impressão de clientes e lojistas logo vai mudar

Vitor Matsubara

Vitor Matsubara

BYD e GWM admitem que há desconfiança, mas confiam que impressão de clientes e lojistas logo vai mudar

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Apesar da forte queda em mercados importantes, como os Estados Unidos, as vendas de carros elétricos ainda crescem em países como o Brasil.

Só que muita gente se pergunta sobre como estarão esses mesmos veículos daqui a alguns anos e, no caso dos lojistas, se haverá consumidores interessados neste tipo de veículo.


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No painel “Como vender carro elétrico para o segundo dono”, realizado na trilha Dealers do Automotive Business Experience – #ABX24, os representantes de BYD e GWM (duas das maiores marcas de veículos eletrificados no Brasil) afirmaram que existe espaço para o carro elétrico usado.

Sem motivo para preconceito

André Maranhão, gerente de treinamento da BYD, usou um exemplo da própria indústria automotiva para elucidar o caso dos veículos movidos a eletricidade.

“Quando os primeiros carros com injeção eletrônica foram lançados nos anos 90, muita gente dizia que, apesar deles serem sensacionais, poderia haver uma pane que geraria um problema no veículo. Naquele caso, se houvesse um problema, ele seria resolvido facilmente. Agora a questão é muito mais complexa, então é natural que exista preconceito em torno de uma tecnologia desconhecida para a maioria das pessoas”.

Alexandre Oliveira, diretor de vendas e desenvolvimento de rede da GWM, também admite a existência de uma desconfiança por parte do consumidor. Para o lojista, o temor está em um eventual “encalhe” das unidades em estoque – algo que, segundo ele, não acontece.

“O giro do estoque é normal como o de um carro movido a combustão. O que a gente ouve muito é que não foi feita a depreciação do carro usado através do novo. Então você tem um carro pelo preço justo, com os equipamentos corretos e com uma escala de volume que preserva o valor residual desse carro”, afirma 

Executivo diz que desconfiança é passageira

O porta-voz da BYD diz que o mercado ainda não tem parâmetros suficientes para estabelecer uma relação de confiança nos carros elétricos.

“Em relação ao valor residual do carro de segunda mão, estamos em um momento no qual a tecnologia ainda é desconhecida, então existe um temor de comprar o carro”, afirma.

André, porém, acredita que essa impressão logo vai mudar. Para ele, um dos fatores transformadores está na simplicidade de construção de um carro elétrico em relação a um similar com motor a combustão.

“Se a gente considerar que o motor de um carro elétrico tem 40 peças contra 400 de um carro a combustão, e que provavelmente esse motor nunca vai quebrar… O motor de um carro elétrico é muito mais barato e todas as montadoras oferecem garantia para a bateria de oito anos. Então, com certeza, essa bateria vai durar mais do que oito anos”, diz.

“Muita gente acha que a bateria de um carro elétrico é igual a de um celular, que estará deteriorada depois de dois anos. A bateria de um celular tem uma obsolescência programada, e no caso do carro é justamente o contrário. Provavelmente a bateria vai durar mais do que o próprio veículo em si”. 

Preço vai fazer carros elétricos ganharem espaço entre usados

Perguntado se os carros elétricos são todos iguais pelas semelhanças em sua construção básica, Alexandre disse que eles possuem o mesmo nível de diferenciação dos modelos movidos a combustão 

“Carro elétrico não é tudo igual e os grandes volumes começaram nessa nova onda (de marcas chinesas). A nova abordagem das montadoras chinesas inclui uma evolução do carro elétrico: são modelos completos e com preços justos, algo que não existia nesse segmento anteriormente”. 

Para ele, o preço mais acessível é um dos principais motivos para que os carros elétricos se tornem cada vez mais populares e, por sua vez, se tornem mais cobiçados no mercado de usados.

“Antes, os carros elétricos custavam bem mais do que os veículos a combustão. Hoje, os modelos de entrada como o Ora e o Dolphin estão na faixa dos R$ 150 mil, então eles estão exatamente na mesma faixa dos carros a combustão que mais vendem no país. É por isso que o comportamento tende a seguir o dos carros a combustão, já que estamos atuando na mesma faixa de clientes. Além disso, ainda existem os diferenciais de que os custos de manutenção e combustível são bem menores”. 

“O brasileiro sempre foi antenado. A maioria dos clientes querem ter acesso a essa nova tecnologia. Ele quer novidade e quer experimentar”, conclui Alexandre.