O que esperar da picape média que a Fiat lança em 2023

Modelo seria comercializado como Peugeot Landtrek, mas nova estratégia pode impulsionar vendas

Vitor Matsubara

Vitor Matsubara

Modelo seria comercializado como Peugeot Landtrek, mas nova estratégia pode impulsionar vendas

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A Fiat pegou muita gente de surpresa ao confirmar a estreia de uma picape média em 2023. O anúncio foi sabiamente feito na mesma hora em que a Chevrolet apresentava a nova Montana, na tentativa de ofuscar o lançamento do principal produto da rival para o ano que vem, e é muito mais importante do que parece.

Isso porque a Fiat jamais atuou no segmento de picapes médias. Vontade nunca faltou: já faz algumas décadas que a empresa estuda maneiras de ingressar na categoria. No passado, inclusive, a fabricante chegou até a testar uma picape feita pela indiana Tata Motors.

Sinergias favorecem picape média para a Fiat

Esse anseio foi aplacado parcialmente com a estreia da Toro, em 2015, um dos frutos mais bem sucedidos do surgimento da FCA – Fiat Chrysler Automóveis, que permitiu o compartilhamento de plataformas e tecnologias com os projetos de Chrysler, Jeep e Dodge. 

A redenção, porém, só virá no segundo semestre do ano que vem, quando está marcada a estreia da picape média ainda sem nome. E, curiosamente, a Peugeot tem uma boa dose de importância neste lançamento.

Projeto passa pela ascensão da Peugeot

Assim como a Citroën, a Peugeot é uma marca em ascensão dentro da Stellantis. Desde a aquisição da PSA, o grupo iniciou uma cuidadosa estratégia comercial com as duas marcas, principalmente no Brasil.

A ideia passa por retrabalhar os produtos atuais (quase todos herdados dos tempos de PSA) com a inclusão de equipamentos e novas versões, enquanto se ganha tempo para desenvolver modelos novos. O primeiro deles foi o novo Citroën C3, cujo lançamento foi atrasado em quase um ano para receber as alterações necessárias no projeto – ao menos na visão da engenharia da Stellantis, bastante acostumada ao mercado brasileiro após décadas de experiência com a Fiat.

No caso da Peugeot, o foco caiu no 208, o melhor produto nacional disponível na gama da marca. Além de novas versões, o hatch ganhou o competente motor 1.0 Firefly de origem Fiat, que foi suficiente para alavancar as vendas do modelo. Futuramente, o 208 também terá o 1.0 T200 turbo utilizado pela Fiat em Pulse e Fastback, que aposenta o combalido 1.6 16V.

Pois aí surge a tão falada picape média. A Landtrek foi revelada para toda a América Latina no fim de 2020 e já é vendida em alguns importantes mercados. Até uma expedição foi realizada saindo do México (primeiro mercado a recebê-la na região) com destino à América do Sul, como forma de promover a estreia da picape nos mercados por onde passaria a caravana, que terminou na Argentina após uma paralisação causada pelo agravamento da pandemia.

A rota incluiu o Uruguai, onde ela é montada pela Nordex. De lá viria para as nossas ruas ainda neste ano com o status de um dos lançamentos mais importantes da Peugeot em 2022. Só que os planos foram parcialmente suspensos por conta de uma mudança estratégica: em vez de ostentar a logomarca da Peugeot, a picape será vendida como Fiat.

Estratégia bem pensada

Foi uma decisão incomum, mas bastante sábia por alguns motivos. O primeiro é a composição de um robusto portfólio de utilitários, que já conta com a Toro e a campeã absoluta de vendas Strada. Assim, a Fiat cobrirá praticamente todo o mercado de picapes, deixando os segmentos de luxo para quem entende do riscado – no caso, a Ram.

Além disso, ao ser vendida pela Fiat, a picape desfruta de uma ampla rede de concessionárias com cobertura nacional. Hoje são mais de 500 pontos de venda espalhados pelo Brasil, assegurando um lançamento bastante abrangente e, principalmente, uma boa cobertura nos serviços de pós-venda.

Essas condições, somadas à eficiente estratégia comercial que a Fiat costuma realizar em seus produtos, podem fazer com que a novidade ganhe terreno rapidamente, mesmo em um mercado cheio de concorrentes como o das picapes médias.

A fabricante italiana, inclusive, pode e deve realizar algumas alterações no projeto para adequá-lo às condições brasileiras – seja geográficas ou mercadológicas. Originalmente, a picape vendida como Peugeot Landtrek é uma variação da Kaicene F70, concebida pela chinesa Changan. 

Para fazer barulho

Ainda não há confirmação oficial de versões, equipamentos e sequer o nome da nova picape. Entretanto, o bem informado site “Autos Segredos”, de Marlos Ney Vidal, traz algumas informações importantes.

O jornalista afirma que a Fiat deve manter o nome Landtrek utilizado pela Peugeot em outros mercados, e que o veículo contará com versões básicas, inclusive com câmbio manual. A motorização escolhida, de acordo com o “Autos Segredos”, será a Blue HDI 2.0 Turbo diesel, que entrega 180 cv a 4.000 rpm e torque máximo de 40,8 kgfm a 2.000 rpm. Além da caixa manual citada, haverá uma transmissão automática de seis velocidades.

Ainda segundo o portal, a picape terá alerta de saída de faixa, controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas e controle de estabilidade para reboques na versão mais completa.

A lista de equipamentos de série inclui também central multimídia com tela tátil de 10 polegadas e sistema de câmeras em 360°, chave presencial, partida do motor por botão, rodas de liga leve de 18 polegadas, barras de teto, estribos laterais, faróis em LED e sensores de estacionamento dianteiros e traseiros.

As versões de entrada, evidentemente, não contarão com todos os itens, e podem até trazer para-choques na cor preta e rodas de aço. Sobre as dimensões, elas são as mesmas da Peugeot Landtrek: 5,33 metros de comprimento, 1,93 m de largura, 1,87 m de altura e 3,18 m de entre-eixos.