Na primeira fase do programa, montadoras alcançaram a meta de reduzir em 11% o consumo de combustível dos veículos novos
Os automóveis e comerciais leves novos vendidos em 2022 consomem, em média, 11% menos combustível do que aqueles emplacados em 2017. Além de menos beberrões, a frota recém-comercializada também apresenta a esperada redução nas emissões de CO2 na mesma proporção. A informação foi apresentada pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, em coletiva de imprensa na quarta-feira, 30.
A melhoria é efeito direto do Rota 2030, conjunto de regras para a indústria automotiva que entrou em vigor em 2019 e tinha a diminuição de 11% no consumo como meta de sua primeira fase, que termina em 2022. A partir do próximo ano, o segmento entrará em um novo ciclo, com outros objetivos.
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Novas metas do Rota 2030
Everton Lopes, diretor de tendências tecnológicas da AEA, diz que o que está em discussão agora entre a indústria automotiva e o governo não é simplesmente uma nova meta para o próximo ciclo do Rota 2030, que vai até 2027, mas a mudança na forma de fazer essa conta.
“Precisamos mudar para trabalhar a medição do poço à roda, não do tanque à roda”, diz o especialista.
A diferença é que, no primeiro caso, entra na conta não apenas o que sai do escapamento do carro após a queima do combustível ou da movimentação de um veículo elétrico (nesse caso, nem escapamento existe), mas também o que é emitido na produção da energia que movimenta o veículo – seja ela oriunda de eletricidade, gasolina, etanol ou qualquer outra solução.
“O benefício seria muito maior, já que 47% da matriz energética brasileira é renovável, índice bem acima dos 14% do resto do mundo”, observa Lopes. O presidente da AEA, Besaliel Botelho, aponta que essa nova lógica tende a garantir uma posição pioneira à engenharia nacional:
“Quando se trata de descarbonização dos veículos, o Brasil é o primeiro mundo. Estamos à frente dos países da Europa e da China”, diz.
Neutralidade de carbono em 2050
Além de trabalhar pela próxima etapa do Rota 2030, a AEA indica estar olhando além, para a terceira fase do programa, em 2032, que, segundo a organização, precisam convergir para as metas brasileiras de alcançar a neutralidade de carbono em 2050.
Nesse sentido, a associação aproveitou a coletiva de imprensa para lançar uma cartilha que indica os desafios de monitorar as emissões de CO2 do poço à roda e até uma calculadora para isso.
Na terceira fase do Rota 2030, a AEA aponta que há a intenção de elevar a régua do programa ao levar em conta não só o dióxido de carbono gerado na propulsão do veículo, mas em todo o ciclo de vida do próprio carro, da fabricação à reciclagem ou destinação final. O desafio, assim como na etapa atual, será definir metas que agreguem todos os diferentes interessados no tema: governo, indústria automotiva e, claro, o consumidor, que quer reduzir seu impacto ambiental desde que não precise pagar muito mais caro por isso.