A nova frente do Tiggo 3X dá a impressão de que ele é um carro totalmente novo
Percebe-se a importância que um lançamento terá para uma marca quando é apresentando com a responsabilidade de ser o modelo mais vendido da montadora. Pois é sob esse tipo de pressão que estreia o Tiggo 3X Turbo, que começa a ser vendido pela Caoa Chery nesta segunda-feira, dia 31.
Ele terá um caminho difícil pela frente porque não é exatamente um carro totalmente novo. Na verdade, trata-se da reestilização do velho conhecido Tiggo 2, que foi lançado em 2018. Apesar do design completamente diferente na parte dianteira, ele é quase igual quando visto por trás.
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Mas o SUV compacto aposta em outro recurso para ajudar a convencer o público de que ele é mais do que um Tiggo 2 (que continuará à venda) sob nova embalagem. Em vez do motor aspirado 1.5 de 115 cavalos de potência e 14,5 kgfm de torque, ele traz um inédito 1.0 turbo flex de 3 cilindros e injeção indireta com 102 cv e 17,1 kgfm, que no futuro vai equipar outros modelos da Caoa Chery, mesmo em outros países, já que esta é sua estreia mundial. A traseira é quase igual à do Tiggo 2, que vai continuar à venda
Apesar de ser 11,3% menos potente, o novo motor tem 18% mais torque, o que se mostra mais útil no dia a dia. Um dos responsáveis por esses números é o novo câmbio, um automático CVT com nove marchas simuladas, que podem ser comandadas por toques na alavanca. O Tiggo 2 tem opção de câmbio manual de 5 marchas e um automático convencional de 4 marchas.
Também produzido na fábrica da Caoa em Jacareí (SP), onde são montados ainda Arrizo 5 e Arrizo 6, o Tiggo 3X tem como previsão de vendas uma média de 1 mil unidades por mês, o que faria dele o mais vendido da marca. Hoje o título pertence ao Tiggo 5X, que emplacou neste ano, na média, 850 carros mensais. Mas a empresa sabe que esse número deve cair um pouco com a chegada do novato. “Esperamos que o 5X pode perder até 15% das vendas”, estima Marcio Alfonso, CEO da Caoa Chery.
TIGGO 5X PODE SER AFETADO
Para acompanhar o novo motor e visual, o 3X recebeu outras melhorias em relação ao Tiggo 2, como o interior, que é exclusivo. “Não se acha um só elemento do Tiggo 2 que foi usado no interior do Tiggo 3X”, garante Henrique Sampaio, diretor de marketing da montadora.
Além de peças de acabamento próprias, a cabine recebeu um pacote antiacústico, que inclui a redução de pontos da carroceria que podem gerar ruído e um melhor revestimento para barrar sons indesejáveis que venham do motor e do exterior, principalmente nas caixas de roda, parede corta-fogo e coluna de direção. Interior foi todo redesenhado para agradar ao gosto do brasileiro
Uma boa notícia para donos de Tiggo 2 é que o monobloco do 3X foi aperfeiçoado com a aplicação de aços de alta resistência para reforçar a célula de sobrevivência. Já que a plataforma é a mesma para os dois SUVs, os dois serão beneficiados pela melhoria técnica.
Como todo motor tricilíndrico naturalmente vibra mais, devido à ausência de um cilindro, os engenheiros explicam que reduziram essa característica ao ancorar o bloco nas laterais. Assim, ele trabalha suspenso, diminuindo a vibração que é transmitida para a carroceria.
Serão vendidas apenas duas versões, sem nenhum opcional de fábrica. A básica Plus custa R$ 94.990 e traz entre os principais itens de série central multimídia de 9 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, controle de estabilidade, direção elétrica, piloto automático, assistente de partida em rampa e indicador de pressão e temperatura dos pneus.
A versão Pro sai por R$ 99.990 e acrescenta um quadro de instrumento com tela colorida de 7 polegadas, faróis de LED, bancos inteiramente de couro sintético, câmera traseira de ré, chave presencial e ativação do ar-condicionado à distância.
DUAS VERSÕES, SEM OPCIONAIS
Com isso o lançamento vai se encaixar no faixa intermediária entre o Tiggo 2, SUV de entrada da marca, que varia de R$ 77.090 a R$ 91.190, e o Tiggo 5X, que é comercializado em versão única de R$ 121.990.
Visualmente, a diferença mais perceptível está no desenho das rodas (aro 16 para as duas versões) e na grade, que na Pro é igual à da foto de abertura desta reportagem, com o logotipo solto entre os pontos cromados – na Plus os pontos dão lugar a dezenas de pequenas barras horizontais. Essa nova grade hexagonal com um logotipo flutuando no elemento escuro faz parte da nova linguagem visual dos Caoa Chery, que estreou na reestilização do atual Tiggo 5X.
Essa também é a primeira aplicação do nome Pro para designar uma versão mais equipada e com um diferencial estético marcante dentro da mesma linha de carros. Em breve, outros modelos da marca vão adotar essa estratégia, como será o caso do futuro Tiggo 8. Bancos revestidos de couro só na versão Pro. Porta-malas tem 420 litros
Sobre o novo design do Tiggo 3X, é importante lembrar que ele é tão recente que só foi lançado, por enquanto, em três mercados. Primeiro na China, em outubro passado, depois no Peru e agora no Brasil, sendo que os dois primeiros são abastecidos pelos carros que vêm da fábrica chinesa de Eerduosi.
O modelo produzido no Brasil não é exatamente igual ao chinês. O interior foi adaptado ao gosto do brasileiro (caso das cores, materiais e estilo), assim como a parte mecânica, principalmente a calibração de motor, direção e suspensão. A Caoa diz que, para encontrar a combinação ideal para o nosso mercado, a engenharia brasileira dedicou-se por dois anos a esse desenvolvimento, que exigiu 150.000 km de testes de rodagem e 1,5 mil horas no dinamômetro de motor.
O acerto entre motor e transmissão foi o ponto mais importante do projeto, pois a montadora considera que ele será decisivo para cativar um novo público e ainda convencer os atuais consumidores a migrar do Tiggo 2 para o 3X. “Vamos enfatizar o test-drive nas concessionárias porque a experiência nesse carro é determinante”, explica Marcio Alfonso.
POUCA VIBRAÇÃO AO VOLANTE
O CEO da montadora tem razão. Ao volante, o Tiggo 3X agrada pelo bom casamento entre direção e suspensão, que é confortável na medida certa, sem ser macia em excesso nem bater quando atinge buracos mais fundos.
Ponto positivo também para a baixa vibração, que é menor do que se esperaria num motor de três cilindros. Mas o que incomodou um pouco durante nosso test-drive foi a demora de resposta do conjunto motor/câmbio. Qualquer acelerada rápida é seguida por alguns instantes de hesitação, o que pode atrapalhar o motorista se precisar fazer uma ultrapassagem ou sair com pressa de um semáforo.
Também se destaca o nível de acabamento, que em nada lembra os primeiros Chery. Vemos o bom gosto nos materiais, peças quem não mostram problemas de encaixe ou alinhamento, painéis de porta com revestimento macio, trilhos dos bancos dianteiros cobertos por capas plásticas, portas que se abrem em três estágios e um porta-malas inteiramente revestido, sem nenhuma parte da lataria à vista. O que destoa é o ar-condicionado, que apesar de ser digital, não permite programar a temperatura, como se esperaria de um sistema que é controlado pela tela do painel. As versões Pro (esq.) e Plus têm grades com desenhos próprios
O motor é competente, mas não chega a empolgar. Em relação ao 1.5 aspirado do Tiggo 2, representa um avanço. Apesar de menos potente, o torque extra faz com que no uso cotidiano ele seja mais rápido e prazeroso de dirigir. Os números oficiais da Caoa dão uma ideia: a aceleração de 0 a 100 km/h é de 14,2 segundos, melhor que os 15 segundos do Tiggo 2 automático.
Porém, quando comparado aos concorrentes, o Tiggo 3X fica para trás no quesito desempenho, mesmo tendo mais torque do que a maioria. O Renault Duster 1.6 (120 cv/16,2 kgfm) precisa de 12,4 segundos, o Nissan Kicks 1.6 (114 cv/15,5 kgfm) faz em 11,8 segundos e o Nivus 1.0 turbo (com injeção direta e 128 cv/20,4 mkgf) arrasa com apenas 10 segundos para atingir os 100 km/h, de acordo com os números das fábricas.
É por isso que o novo Caoa Chery se esforça em oferecer mais equipamentos de série do que os rivais, quando nivelados no preço. Ainda assim, ele terá trabalho para enfrentar a modernidade e segurança do Nivus (o mais vendido do grupo, com média mensal de 3,6 mil unidades) e o maior espaço do Kicks (3,3 mil unidades) e do Duster (2 mil).
VERSÕES, PREÇOS E PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS
TIGGO 3X PLUS – R$ 94.990
Ar-condicionado digital • central multimídia com tela de 9 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay • controle de estabilidade • direção elétrica • assistente de partida em rampa • assistente de descida • indicador de pressão e temperatura dos pneus • piloto automático • ajuste de altura dos faróis e função “follow me home” • banco do motorista com ajuste de altura • modo de condução Sport/Eco • sensor de ré • volante multifuncional • alerta de frenagem de emergência • rodas de liga leve aro 16 com pneus 205/55 R16, retrovisor externo com piscas integrados • rack no teto • freio a disco nas 4 rodas TIGGO 3X PRO – R$ 99.990
Acrescenta ou modifica em relação à versão anterior: painel de instrumentos com tela colorida de 7 polegadas • faróis de LED • bancos de couro sintético • câmera traseira de ré • chave presencial • botão de partida • ativação do ar-condicionado à distância • espelho externo com rebatimento elétrico • acendimento automático dos faróis • luz de boas-vindas nas portas