Com endurecimento de legislações ambientais, receita da montadora com essa frente de negócios quadruplicou desde 2018
O mercado de créditos de carbono é um negócio cada vez mais lucrativo para a Tesla. A fabricante de carros elétricos ganhou o valor recorde US$ 1,77 bilhão em 2022 com a venda de créditos a montadoras que não conseguem cumprir as metas de emissão.
Segundo o balanço financeiro da Tesla, divulgado na semana passada, a venda dos chamados “créditos regulatórios” no trimestre de outubro-dezembro cresceu 49% de 2021 para 2022. No comparativo do acumulado do ano o aumento foi de 21%.
Tesla ganha com a venda de carros e, depois, com os créditos de carbono da operação
Além dos carros elétricos, os créditos de carbono da empresa de Elon Musk são gerados por seus negócios de energia limpa, que incluem a instalação de painéis solares e sistemas de armazenamento de energia. Essas operações geram créditos por meio da redução na geração de gases do efeito estufa (GEE) que, depois, são vendidos a empresas que precisam compensar suas emissões.
Segundo o último relatório de sustentabilidade da Tesla, de 2021, com seus carros elétricos e negócios sustentáveis, a montadora deixou de emitir mais de 8 milhões de toneladas métricas de CO2. Naquele ano, a montadora passou a mensurar suas emissões nos escopos 1 e 2 do Protocolo GHG (Greenhouse Gas Control), referentes a processos produtivos diretos e indiretos.
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Nos últimos cinco anos, a receita da Tesla com créditos de carbono tem crescido consistentemente. Em 2018, por exemplo, a montadora faturou US$ 419 milhões com a venda deles, valor que triplicou em 2020 (US$ 1,5 bilhão).
Com o endurecimento das leis ambientais em diversos países, empresas automotivas buscam soluções para zerar a emissão de gases do efeito estufa em todo o processo produtivo e, quando isso não é possível, utilizam a compra do ativo ambiental para se enquadrar na legislação e não pagar multa.
Quem compra créditos de carbono da Tesla?
O grande segredo, no entanto, é quem são as montadoras que não reduzem suas emissões e pagam pelos créditos de carbono da Tesla – uma lista que a companhia guarda a sete chaves. Em 2019, a Bloomberg revelou dois nomes: a General Motors e a Chrysler.
Em fevereiro daquele ano, ambas reportaram ao estado americano de Delaware a compra de créditos de carbono da Tesla. Segundo os documentos, a Chrysler seria uma das maiores compradoras, mas o valor da transação nunca foi revelado. Assim, de forma curiosa, outras fabricantes de veículos acabam investindo em soluções e, indiretamente, financiando a Tesla, grande concorrente das montadoras tradicionais no mercado de carros elétricos.