Discurso radical poderia ser revisto caso demanda siga caindo em mercados vitais para a empresa
A Volvo Cars é uma das marcas mais radicais na adoção de carros elétricos nos próximos anos. No ano passado, Bjorn Annwall, diretor comercial da Volvo, garantiu que a empresa não venderia “um único carro” no mundo inteiro que não seja movido a eletricidade após 2030.
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“Não existe ‘se’, e nem ‘mas'”, disse o executivo à agência “Automotive News” em 2023.
Entretanto, a queda na demanda por carros elétricos, inclusive em mercados importantes como China e EUA, pode fazer com que a Volvo repense sua ousada estratégia.
A fabricante ainda não se manifestou a respeito do assunto, que está fazendo várias montadoras repensarem suas estratégias de eletrificação.
Volvo diz que futuro é elétrico, mas ressalta importância dos híbridos
Durante um evento online realizado com investidores, o CEO da Volvo, Jim Rowan, reiterou que é um “grande entusiasta da propulsão elétrica”, mas admitiu que “vai levar tempo para interligar diferentes partes do mundo para a eletrificação total”.
Rowan disse ainda que os carros híbridos “formam uma ponte sólida para nossos clientes que ainda não se sentem prontos para migrar para a eletrificação total”.
“Nossos modelos híbridos plug-in e híbridos leves permanecem muito fortes e populares junto à nossa clientela, e vamos continuar investindo nessas linhas”.
Revendas dizem que Volvo pode ‘morrer’ nos EUA
Nos Estados Unidos, algumas concessionárias da Volvo estimam que haverá demanda por sedãs, peruas e SUVs movidos a combustão após a virada da década.
“Vamos precisar ter (veículos com motorização a gasolina), senão vamos morrer. A Volvo precisa tirar da cabeça essa ideia de investir em uma estratégia voltada apenas para carros elétricos”, disse um revendedor que preferiu não se identificar à agência “Automotive News”.
Uma fonte ligada à marca disse que, na próxima década, a Volvo vai concentrar seus esforços em veículos híbridos plug-in enquanto o mercado de carros elétricos amadurece em países como os Estados Unidos.
“Eles (Volvo) estão cruzando os dedos para que os híbridos plug-in comecem a serem vistos como uma alternativa favorável pelos governos dos países”, acrescentou a fonte.
Marca pode modernizar base de XC60 e XC90
A Volvo deve aproveitar plataformas desenvolvidas pela Geely para ampliar sua gama de carros híbridos. No final de maio, o grupo chinês concluiu uma joint venture com o Grupo Renault para desenvolver e fabricar motores a combustão e híbridos mais eficientes.
Além disso, a marca escandinava estaria pensando em realizar melhorias na plataforma SPA1, atualmente aproveitada nas versões híbridas do XC60 e XC90.
“Se você refazer a parte interna e externa de qualquer veículo construído na (base) SPA1, você pode aproveitá-lo por mais de uma década. É um projeto com uma ótima suspensão e chassis, tudo que precisa ser feito é mudar a casca”, concluiu a fonte ligada à Volvo.