Crédito caro no país levou empresas de transporte a buscarem alternativas no exterior
A falta de estrutura de recarga é sempre apontada como o principal entrave à massificação dos veículos elétricos na frota circulante nacional. No segmento de ônibus, no entanto, o item contracena com outro também de importante relevância para a viabilidade da propulsão elétrica, no caso, o acesso aos recursos financeiros para tirar projetos de mobilidade do papel.
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Como foi possível perceber na feira Lat.Bus Transpúblico, realizada na semana passada em São Paulo, produtos já são uma realidade e há montadoras que vão intensificar a produção nacional desse modelos. Também há demanda, uma vez que são muitas as licitações, no Brasil e na América do Sul, que demandam eletrificação.
O grande problema, citam algumas fabricantes desses ônibus, é como os operadores de transporte vão financiar a renovação de frota proposta por diversos municípios, algumas já próximas de acontecer, como é o caso da grande licitação da capital paulista, que projeta uma frota nova formada por 14 mil ônibus, parte dela elétrica.
“O que se tem discutido bastantes pelo lado dos operadores é como captar recursos para bancar a renovação de frota. Neste momento, o crédito não é algo barato”, disse Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania. “As empresas estão buscando alternativas, inclusive fora do Brasil.”
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O executivo citou conversas com fundos estrangeiros de investimento que buscam projetos ligados à sustentabilidade no mundo para aportar recursos e, assim, cumprir metas ESG em seus países de origem.
Crédito específico para frota elétrica seria alternativa
Ieda de Oliveira, diretora-executiva da fabricante Eletra, também comentou a respeito da busca por recursos via fundos estrangeiros. “A conta é alta e muitas empresas conversam com grupos estrangeiros. No momento não há condições de contratar crédito no país para empreendimentos gigantes como o de São Paulo”, contou a executiva.
A respeito de alternativas, Munhoz, da Scania, contou que existem duas possíveis: a primeira, o compartilhamento dos investimentos necessários com outros atores, como as empresas de infraestrutura de energia. A segunda, a da criação de linhas de créditos específicas para a renovação de frota.
“Não são veículos baratos,e a única forma de se entrar nessas licitações é por meio da aquisição dos veículos. Não há como fazer leasing, por exemplo. Então o que se discute hoje é como acessar o financiamento necessário para se renovar as frotas”, concluiu o executivo.
A Mercedes-Benz, por exemplo, trabalha com a projeção de um mercado de 3 mil unidades de ônibus elétricos no país até 2024, considerando os projetos de mobilidade que estão em curso em algumas das capitais brasileiras. “Estamos negociando por ora um volume de quinhentos veículos elétricos com os operadores”, disse Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing da marca alemã.