O que esperar do Haval H6, o primeiro carro da Great Wall no Brasil

Em uma avaliação de estreia, SUV híbrido plug-in mostra que vai apostar em tecnologia e conforto a bordo

Fernando Miragaya

Fernando Miragaya

Em uma avaliação de estreia, SUV híbrido plug-in mostra que vai apostar em tecnologia e conforto a bordo

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Os passos dados pela Great Wall Motors (GWM) no Brasil são mais pragmáticos que um jogo da seleção alemã. A marca chinesa estuda o mercado brasileiro há bastante tempo, mas até para o lançamento do seu primeiro carro por aqui, o Haval H6, em 2023, tudo é muito bem pensado.

Isso porque na apresentação oficial da fabricante no país, na quarta-feira, 23, a GWM traçou suas estratégias sem revelar muita coisa. Ao mesmo tempo em que fez um test-drive do SUV híbrido plug-in.

Haval H6 ainda é protótipo, mas já mostra ao que veio

O carro que Automotive Business dirigiu em um curto trajeto pela zona sul do Rio de Janeiro ainda é um protótipo que passou pelos processos de homologação do país. Contudo, serviu não só para a fabricante mostrar onde quer ir no mercado, como para a turma da montadora ter um retorno imediato das primeiras impressões ao volante.

No evento, diferentes executivos da GWM se mostraram curiosos pelos depoimentos dos jornalistas convidados para a apresentação. Claro, queriam saber das percepções dos presentes para fazer melhorias no projeto.

Obviamente, o Haval H6 precisará de ajustes finos, porém bastante pontuais, até seu lançamento, no primeiro trimestre de 2023. No rápido test-drive em ambiente basicamente sem trânsito e plano com a Baía de Guanabara de fundo, não foi possível ter uma percepção mais aprofundada do SUV médio, contudo, alguns aspectos ficaram evidentes.

SUV híbrido da Great Wall tem bom espaço interno

Um deles é que o Haval H6 vai querer perturbar o segmento de SUVs médios e, para tal, aposta na percepção de conforto da cabine. O espaço para passageiros é bastante generoso, maior do que no seu pretenso rival, o Jeep Compass. Sobram vãos para pernas e joelhos na frente e atrás.

A posição de dirigir não é muito alta, o que favorece a questão do conforto. É daquela turma de utilitários esportivos que querem passar uma sensação mais de sedã ao volante. E está bem perto disso.

O acabamento também revela uma preocupação em passar uma imagem boa. A telinha de tablet no lugar do quadro de instrumentos agrada pela objetividade das informações, em vez de um cluster cheio de luzes como em um cenário de programa de auditório do SBT. Acima, as informações principais no head-up display.

A central multimídia segue a mesma filosofia, porém, maior e, claro, com mais comandos e funções, além de uma navegação intuitiva, nos padrões de um smartphone. 

Os bancos de couro com costuras aparentes e o revestimento de portas e teto emprestam aquele ar de requinte que falamos. O material de couro no painel, todavia, deixa aquelas marcas dos dedos. O acabamento, de modo geral, é correto e merece um acerto ali e acolá.

Suspensão pede um acerto mais fino

A mecânica do Haval H6 também demanda ajustes até a estreia  – ajustes devidamente apurados pela turma curiosa da GWM. Um deles diz respeito à suspensão. Nas poucas imperfeições da pista do Aterro, no Rio, o SUV teve um comportamento mais banheirão.

Ou seja, a carroceria oscilou muito a cada desnível ou buraco. Uma carga diferente em molas e amortecedores seria bem vinda para que o H6 não lembre (guardada as devidas proporções) o primeiro Fiat Palio dos anos 1990, que mais parecia um João Bobo em curvas.

No desempenho, para quem espera esportividade no calor dos números, um alerta. Os 393 cv de potência combinada oriundos dos dois motores elétricos e do propulsor a gasolina turbo proporcionam um desempenho forte, mas sem rompantes de força.

Você pisa no acelerador e o carro responde bem, o suficiente para você fazer ultrapassagens com segurança ou encarar aquela ladeira para Santa Teresa num piscar de olhos. Só que o rodar é muito mais confortável do que arisco.

Transmissão corrobora conforto

Contribui para isso o câmbio automático com duas relações fixas. Em resumo, a caixa tem uma marcha para velocidades baixas e outra para velocidades médias e altas, graduando a ação dos motores elétricos e para fazer valer o ótimo consumo urbano de mais de 28 km/l apurado dentro dos padrões do Inmetro para o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV).

O SUV híbrido da Great Wall só chega para valer nas lojas em março, com pré-venda iniciada em janeiro. Até lá, a montadora tem tempo de fazer esses pequenos ajustes no Haval H6. E estudar um pouco mais o mercado.