Mercedes-Benz lança projeto contra assédio sexual no transporte público

Montadora alemã vai investir R$ 1,4 milhão na primeira fase da iniciativa, que conta com vários parceiros

Nataly Simoes

Nataly Simoes

Montadora alemã vai investir R$ 1,4 milhão na primeira fase da iniciativa, que conta com vários parceiros

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A Mercedes-Benz Ônibus lançou o projeto “Coletivo de Respeito”. O programa quer incentivar as mulheres a denunciar casos de assédio e importunação sexual no transporte público. 

A partir de um QR Code, divulgado pela iniciativa nas redes sociais, dentro dos ônibus e terminais de trens e metrô, as vítimas ou testemunhas poderão acessar um formulário online para a denúncia. A ocorrência será encaminhada para uma das voluntárias das Justiceiras, plataforma que oferece suporte emocional, assessoria jurídica e psicossocial. 

Segundo a Mercedes, inicialmente as ações do “Coletivo de Respeito” serão concentradas em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Mas a montadora pretende expandir o projeto para todo o país.


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Kathrin Pfeffer, CFO da Mercedes-Benz para o Brasil e América Latina, informou que a fabricante de ônibus vai investir, na primeira fase, da ação R$ 1,4 milhão. O montante vai custear a coordenação do projeto, contratação, governança, recursos internos de marketing, entre outras atividades.

A executiva também destacou o primeiro aporte financeiro levantado com nove parceiros, entre eles Basf, Mirow, Rödl & Partner, T-Systems, Fabus (Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus) e NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos).

“Nosso objetivo é criar um ecossistema de transporte responsável. Precisamos de uma rede de parceiros para nos ajudar a combater esse tipo de crime, que é bem sério. Na primeira fase do projeto, os parceiros vão entrar com R$ 300 mil”, afirmou a CFO.


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97% das mulheres já sofreram assédio no transporte público

O assédio sexual é uma realidade na vida da maior parte das mulheres brasileiras. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e o Instituto Locomotiva, 71% conhecem alguma mulher que já sofreu assédio em espaço público e 97% dizem já ter sido vítimas de assédio em meios de transporte. 

Entre as situações mais comuns pelas quais as mulheres já passaram em transportes como os ônibus estão o recebimento de olhares insistentes e cantadas indesejadas, além de comentários de cunho sexual.

A ex-promotora de justiça de SP e fundadora do Justiceiras, Gabriela Manssur, apontou que o engajamento do setor privado, incluindo as montadoras, é importante para dar visibilidade a ações de combate à importunação sexual.

“Já tivemos vários projetos junto com o poder judiciário e o setor público e não conseguimos diminuir a violência contra a mulher no Brasil. Esse programa não tem só a denúncia, como também todo um acolhimento à vítima de forma sigilosa e comprometida. As pessoas sabem que o Justiceiras vai levar adiante o caso e não vai fingir que não viu e que não existe lei no Brasil”, explicou.

Segundo Gabriela, projetos como o desenvolvido em conjunto com a Mercedes ajudam a dar visibilidade e a buscar recursos para que todas as brasileiras tenham acesso à informação.

“A falta de informação infelizmente faz com que a mulher tenha cada vez menos acesso a seus direitos de segurança, transporte, trabalho, saúde e respeito à dignidade humana”, concluiu Gabriela.