Produção do veículo inédito da montadora vai consumir R$ 1,2 bilhão do atual ciclo de investimento
A General Motors aportará R$ 1,2 bilhão do seu próximo ciclo de investimento, que se encerra em 2028, na fábrica de Gravataí (RS). Os recursos vão financiar o desenvolvimento e a produção de um modelo inédito na unidade, que entrará em linha em 2026.
Os detalhes do veículo inédito, como nome e segmento, estão ocultos atrás do biombo corporativo. No entanto, fontes do mercado indicam que trata-se de um utilitário esportivo compacto construído na mesma plataforma usada pelo Chevrolet Onix e Onix Plus, a GEM.
O investimento deve, inclusive, beneficiar os dois modelos já em produção, que serão renovados com recursos desse investimento anunciado para Gravataí.
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Otimismo para a fábrica da GM em Gravataí
A chegada do modelo inédito na unidade representa um certo alívio para trabalhadores, fornecedores e poder público: afinal de contas, o condomínio industrial da GM produz pratciamente um modelo apenas e cada vez em menor volume.
O novo modelo, portanto, configura uma atmosfera mais otimista em torno da fábrica, que foi inaugurada em 20 de julho de 2000 para produzir o compacto Chevrolet Celta.
A unidade alcançou uma espécie de auge produtivo quando suas linhas passaram a montar a primeira geração do Chevrolet Onix e o sedã Prisma, sendo o hatch por anos o líder de vendas no mercado nacional.
Na virada para a produção da segunda geração do compacto, que também passou a batizar a versão sedã com o seu nome, os ventos começaram a mudar de direção.
O Onix passou a rivalizar com outros modelos análogos no segmento, com os frotistas negociando cada vez mais de forma agressiva os preços finais dos compactos no mercado brasileiro.
Ascensão dos SUVs no mercado tirou protagonismo de Gravataí
Afora a briga por preços, a ascensão dos SUVs nas vendas do segmento zero quilômetro também exerceram pressão sobre o desempenho comercial do compacto da GM, cuja participação de mercado começou a oscilar.
Na sequência dos acontecimentos, veio a pandemia e com ela a escassez de insumos nas linhas de produção, sobretudo os chips, quadro que levou as montadoras a priorizarem a montagem de modelos mais rentáveis.
Como não havia, naquele momento, chip para todos, a GM teve de direcionar o seu estoque de semicondutores para outros veículos, ainda que a montadora nunca tenha vindo a público confirmar isso.
De qualquer forma, a parada por quase seis meses que ocorreu nas linhas do Onix em Gravataí naquele momento, e a manutenção das atividades na linha do SUV Tracker, em São Caetano do Sul (SP), configuraram evidências suficientes para que se concluísse que, sim, algo funcionava fora da normalidade em termos de cadeia produtiva.
Passados os meses sombrios da pandemia, a realidade é que o mercado brasileiro ainda luta para conseguir recuperar os volumes de vendas de antes, e nessa circunstância não apenas a GM mas as demais montadoras passaram a buscar formas para vender mais.
As coisas ficaram ainda mais complicadas com as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, episódio recente que dispensa comentários em termos de impactos na indústria local.
Lançamentos para fomentar as vendas de veículos
Assim como outras montadoras, com o anúncio do novo modelo a GM segue eventualmente uma estratégia de pulverização dentro do segmento SUV, novas picapes e novos tipos de motores, como é o caso da bola da vez, o híbrido flex fuel.
Nesse contexto, parecia que a GM corria mais lenta do que as rivais e para outros lados — como o que desemboca no universo dos veículos elétricos puros — e isso causou um certo clima de apreensão no mundo GM, sobretudo na turma de Gravataí, cuja fabrica produzia o modelos, digamos, menos atualizados.
Mais isso de certa forma mudou na quinta-feira, 11, quando numa manhã fria de inverno a montadora anunciou a produção do novo modelo na sua fábrica gaúcha. De acordo com o sindicato local dos metalúrgicos, uma parada na fábrica está programada para acontecer em setembro para que as primeiras mudanças nas linhas para receber o novo modelo sejam feitas.
Ainda que guardado em sigilo, há de se esperar que seja algo mais atrelado com a realidade do mercado local no que diz respeito a motores e emissões. E como dizem por aí, basta dar um passo para não se estar mais no mesmo lugar.