Eleições, crédito e taxa de juros se elevam como muro diante das pretensões do setor de distribuição
Cerca de 700 mil unidades de modelos leves separam as concessionárias da sua meta de vendas para o ano no segmento, que é de 2,5 milhões de unidades, ou 15% de crescimento sobre o volume licenciado em 2023.
Não será uma tarefa fácil, considerando a média diária de vendas e o tempo que falta para dezembro, pouco mais de três meses. De acordo com o consultor David Wong, da Alvarez & Marsal, será preciso aumentar o ritmo atual das vendas diárias.
LEIA MAIS:
– Vendas de veículos devem crescer 12% em 2024
– 5 fatores que vão influenciar o mercado automotivo em 2024
– Financiamentos: Lula quer crédito barato, mas risco bancário preocupa
“É uma meta plausível, mas é preciso superar um patamar de média diária de 20 mil unidades. Em setembro, o ritmo foi de 19,7 mil unidades/dia. Para que isso ocorra, será necessário um ambiente melhor de crédito no último trimestre”, afirmou Wong.
Segundo dados da B3, a concessão de crédito para pessoa física aumentou 45% no período de 12 meses encerrado em julho. Os juros também caíram no mesmo período, de 26,06% ao ano para 25,45%.
“O problema é que a inadimplência voltou a aumentar, principalmente entre aqueles clientes que contrataram crédito no início de 2024, e isso faz com que os bancos voltem a restringir o acesso aos recursos”, explicou o consultor.
Outro fator que exerce pressão sobre o consumo de bens duráveis, como automóveis, é o período eleitoral. É comum, nessas épocas, que o consumidor retenha ou postergue aquisições e investimentos.
Vendas diretas de veiculos podem ajudar a bater meta
Nesses casos, cresce a procura por serviços de manutenção e reposição nas concessionárias. O presidente da Fenabrave, Mauricio Andreta Jr., que também é proprietário de uma grande rede em São Paulo, relatou que as vendas e contratações aumentaram.
As vendas diretas e promoções de fim de ano, por outro lado, podem ajudar a impulsionar os números até dezembro.
De acordo com a Abla, a associação que representa as locadoras de veículos no país, a soma dos pedidos das suas associadas realizados neste ano chega a 600 mil unidades. De acordo com o vice-presidente Paulo Miguel Junior, ainda faltam ser licenciadas 180 mil.
As vendas aos frotistas, que representam quase metade do total licenciado no país (46%), devem continuar sendo um importante pilar de sustentação nos licenciamentos, uma vez que as locadoras mantêm o apetite para a renovação de suas frotas.
O fato é que, independentemente do resultado obtido em dezembro, os departamentos comerciais das montadoras e concessionárias terão de se mostrar criativos para manter saudável o nível dos estoques.