Com Euro 6, Volvo quer 25% de participação no mercado de ônibus rodoviários

Alto custo das passagens aéreas e turismo aquecido favorecem empresas de transporte rodoviário e vendas de novos chassis

Nataly Simoes

Nataly Simoes

Alto custo das passagens aéreas e turismo aquecido favorecem empresas de transporte rodoviário e vendas de novos chassis

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A Volvo tem uma meta ambiciosa para o setor de ônibus rodoviários em 2023. A montadora sueca pretende alcançar 25% de participação no mercado com a venda dos novos chassis equipados com motores Euro 6. 

A empresa afirmou ter fechado 147 pedidos em apenas uma semana no mês de março, após a visita de clientes brasileiros e de outros países da América do Sul à fábrica em Curitiba (PR) para conhecer a nova linha.

“Vinte e cinco por cento é a posição que nós buscamos a partir da construção que fizemos nos últimos anos. Encerramos o ano passado com uma participação em torno de 18% e com a nova plataforma pretendemos ter uma participação maior”, disse André Marques, presidente da Volvo Ônibus América Latina em entrevista à Automotive Business.


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Preço alto dos voos favorece setor de ônibus rodoviários

A expectativa da Volvo em elevar sua participação no mercado de ônibus para 25% este ano está ancorada no alto custo das passagens aéreas. E também no setor de turismo mais aquecido pós-pandemia.

De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o preço médio dos voos domésticos chegou a R$ 605,04 no Brasil em 2022. O mais alto em 12 anos.

Este cenário em que é mais caro viajar de avião favorece o desempenho de empresas de transporte rodoviário. Consequentemente, impulsiona as vendas de ônibus, avaliou Paulo Arabian, diretor comercial de ônibus da Volvo.

“O preço das passagens áreas mais alto abre oportunidade para passageiros que precisam viajar, seja por lazer ou a negócios, a consideraram o uso de ônibus. Isso traz ao empresário de ônibus a chance de capturar passageiros do modelo aéreo, entregando uma experiência premium. As portas ficaram mais abertas também para a venda de novos veículos, principalmente os double deck”, explicou Arabian.


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Na esteira do bom desempenho do segmento de ônibus rodoviários, se destacaram empresas de transporte como a Buser, que viu sua receita disparar em 2022 com a venda de passagens mais baratas.

O setor de turismo, que se recupera gradualmente após mais de dois anos em baixa por causa da pandemia, está excepcionalmente favorável para as empresas de transporte rodoviário e as fabricantes de ônibus em 2023. Ao todo, o país tem dez feriados nacionais ao longo do ano.

“Todos os meses, em média, temos um feriado. Essa conjuntura de demandas e oportunidades após dois anos de pandemia traz um cenário convidativo e favorável para a ampliação de frotas de ônibus rodoviários. Nosso desejo é buscar essa ordem de grandeza de 25% para cima”, reforçou o diretor comercial da Volvo.

Eletrificação dos ônibus não é prioridade da Volvo no Brasil

No Brasil, ainda não estão disponíveis ônibus elétricos produzidos pela Volvo. Mas um chassi pensado para modelos elétricos de ônibus urbanos deve chegar ao país ainda em 2023, embora ainda não seja o carro-chefe dos negócios da montadora por aqui.

Paulo Arabian considera que os maiores desafios para o segmento de ônibus elétricos no Brasil são a infraestrutura e o custo elevado.

“A infraestrutura é o modelo chave para habilitar e ter sucesso na eletrificação, além do acesso à tecnologia, que ainda é muito caro. O custo de aquisição é significativamente maior, de até quatro vezes maior que um ônibus com motor diesel”, destacou.

O executivo acrescentou que em países onde a eletrificação do transporte público se tornou uma realidade, por exemplo, o papel do governo foi decisivo.

“Financiar essa jornada não é fácil, com taxas elevadas e acesso ao crédito limitado por muitas empresas que foram comprometidas ainda antes da pandemia. Em todos os países que a eletrificação se mostrou viável, houve investimento e apoio do governo no processo. Os governos lideraram e não só exigiram a transformação”, concluiu.