Mauro Correia, CEO do Grupo Caoa, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (dir.), ao lado do Tiggo 8, o mais novo produto da fábrica de Anápolis: negociação de extensão de incentivos para viabilizar novos investimento de R$ 1,5 bilhão
O Grupo Caoa vai investir R$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos em sua fábrica de Anápolis (GO), com previsão de gerar 2 mil empregos diretos adicionais aos 1,6 mil atuais, para construir na unidade duas novas linhas de produção e fabricar 10 veículos na unidade, entre novos e renovações de modelos de Caoa Chey e Hyundai já produzidos lá e de mais uma marca – em negociações que devem ser reveladas em breve.
O anúncio foi feito na segunda-feira, 23, durante visita à planta do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que há menos de um mês conseguiu aprovar junto ao Congresso e governo federal a extensão até 2025 dos incentivos fiscais para veículos fabricados no Centro-Oeste, que têm desconto de 32% no IPI, e já havia divulgado. Na ocasião Caiado havia divulgado que a prorrogação do benefício iria viabilizar o investimento da Caoa e também outro de R$ 500 milhões da HPE/Mitsubishi em Catalão (GO).
“Com o apoio do governo de Goiás e do governador Caiado foi possível estender os benefícios federais e isso foi fundamental para viabilizar este investimento em Anápolis. Sem isso não seríamos competitivos aqui”, afirmou Mauro Correia, CEO do Grupo Caoa.
Atualmente a Caoa Montadora produz em Anápolis três SUVs Chery (os Tiggo 5x, 7 e 8) e três Hyundai (os SUVs ix35 e New Tucson e o minicaminhão HR). O executivo confirmou que além de novos modelos e renovações de veículos das duas marcas a serem produzidos na fábrica goiana, uma nova marca deverá chegar à unidade. O investimento também prevê a introdução de novas tecnologias, como eletrificação de powertrain, e ampliação da rede de concessionárias Caoa Chery no País dos atuais 104 pontos para 151.
Outro objetivo é aumentar a capacidade atual de produção de 86 mil unidades/ano para mais de 100 mil e assim atrair mais fornecedores para perto da fábrica. “Quando chegarmos a esse nível vamos provocar o adensamento da cadeia de valor na região, com a atração de mais empresas fornecedoras, aumentando nossa eficiência e reduzindo custos logísticos”, afirmou Correia. Ele calcula que o novo plano de investimento poderá gerar de 20 mil a 25 mil empregos indiretos.
“Também continuaremos investindo nas equipes e em pesquisa e desenvolvimento local. Já temos aqui um centro de estudos e validação de combustíveis e emissões como poucos na América Latina. Além disso, fizemos parcerias com universidades estaduais e federal de Goiás e temos agora dois novos projetos aprovados na área de eficiência energética, que ainda estão pendentes de patente e serão anunciados em breve”, acrescentou Correia.
NEGOCIAÇÃO POR INCENTIVO E FÁBRICA SOB AMEAÇA
Também presente ao anúncio do investimento, o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), disse com todas as letras que caso a prorrogação dos incentivos fiscais ao Centro-Oeste não tivesse sido aprovada “nada mais iria ser produzido aqui e 1,6 mil pessoas perderiam seu emprego, essa era a grande ameaça”, declarou, para depois elogiar o esforço do governo estadual e de sua bancada no Congresso para aprovar a lei que garantiu os benefícios até 2025.
Já o governador Ronaldo Caiado relatou as dificuldades que enfrentou para aprovar a extensão. “Primeiro, no fim de 2018, fomos traídos, nos roubaram os incentivos que tínhamos (aprovados durante o governo Lula) e estenderam só para o Nordeste. Sem isso as empresas não tinham mais como competir, o Mauro (Correia) me disse que a diferença de custo seria de R$ 5 mil a mais por veículo produzido aqui, seria desleal com as empresas que produzem no Centro-Oeste”, disse, para justificar seu empenho junto ao governo para fazer a lei passar.
“Por sorte, as empresas instaladas no Nordeste atrasaram a apresentação dos planos de investimento (que teriam de fazer como contrapartida para receber os incentivos fiscais) e a Caoa apresentou mesmo sem saber se seria beneficiada. Com isso (o governo apresentou Medida Provisória adiando para o fim de outubro a apresentação dos novos aportes) conseguimos incluir a prorrogação para o Centro-Oeste. Também não foi fácil convencer o ministro Paulo Guedes (Economia), mas conseguimos porque o Estado conseguiu reduzir despesas e a lei foi finalmente sancionada depois de muito esforço”, contou Caiado.
O governador afirmou também que o Estado está reforçando investimentos em infraestrutura, com atração da Ferrovia Centro-Atlântico que ligará ao Porto de Vitória (ES), um centro de desenvolvimento ferroviário, um novo terminal de cargas e duplicação de rodovias. “Aqui ficamos equidistantes de todos os pontos do País e isso nos dá uma vantagem logística melhor do que se estivéssemos no litoral. Isso deverá atrair novas empresas à região e Anápolis poderá se transformar em um centro automotivo”, afirmou.
“Sem o incentivo fiscal não seríamos competitivos aqui, o que inviabilizaria nosso negócio. Por isso a prorrogação foi fundamental”, reforçou Mauro Correia.