SUV plug-in da marca chinesa se destaca também no nível de equipamentos
Os SUVs hoje só são utilitários no nome. Cada vez mais os modelos da categoria adotam comportamento de carro de passeio. Não fosse a altura, o novato BYD Song Plus DI4 é mais um que se assemelha a um sedã no rodar.
Automotive Business teve um primeiro contato com o SUV híbrido plug-in durante seu lançamento, em São Paulo. Com preço de R$ 269.990, maior que o Jeep Compass e com bom nível de equipamentos, o crossover oferece desempenho que pode fazer qualquer desavisado achar que está num elétrico.
Song Plus tem acerto fino e suave
Isso porque a BYD parece ter feito um trabalho meticuloso em cima do Song para refutar de cara os estereótipos para cima dos carros chineses. Isso fica claro já no conjunto mecânico.
O Song usa motor 1.5 a gasolina de ciclo Atkinson aspirado e 135 cv. Ele trabalha com uma unidade elétrica que pode tanto tracionar as rodas, como funcionar como um híbrido paralelo (especialmente em retomadas) ou um híbrido em série (velocidades médias e constantes).
Mas a verdade é que no dia a dia fica até difícil perceber qual motor está em operação, ou de que forma. Já na saída do test drive na congestionada Marginal Pinheiros, em velocidades baixas, o carro é de um silêncio sepulcral e parece operar em modo EV.
Uma tecla perto da manopla do câmbio até permite fazer só o motor elétrico tracionar. Faço isso no engarrafamento e, como dito, nem parece que fez diferença, tamanho o silêncio reinante a bordo e a vibração quase inexistente.
Isolamento acústico chama a atenção
Ganho a rodovia Castelo Branco. Ainda pisando de forma normal no acelerador, o Song parece um elétrico puro. Contribui para essa percepção também o câmbio automático de relação fixa (não é um CVT), uma manta acústica robusta colocada à frente do painel e as vedações. Baixo o volume do som e não ouço nada do lado de fora.
Porém o comportamento elétrico não resulta em um carro bruto. As acelerações são suaves e o ganho de velocidade se dá de forma gradual. Não tem aquela patada, ainda mais para um carro que tem potência combinada declarada de 235 cv, segundo informa a BYD.
O motor a combustão só é percebido quando resolvo pisar mais forte na estrada. Nas retomadas, não tem jeito, o motor a combustão toma as rédeas, mas a BYD diz que ele nunca atua plenamente sozinho – nestas situações, o elétrico dá aquela força no modo que eles chamam de híbrido paralelo.
Mesmo assim, há um delay. O Song demora um pouco a pegar força, apesar do seu torque máximo combinado de cerca de 41 kgfm. Visivelmente, um comportamento para privilegiar o conforto de sedã como dito no início desta reportagem. Só mesmo no modo Sport é que há um lampejo de virulência, com respostas mais ágeis e giros mais alto.
Conforto interno
O ambiente a bordo contribui para essa impressão de suavidade. A posição de dirigir não é muito alta e os bancos de couro perfurado tem formato esportivo e acomodam bem até os mais corpulentos, como esse que vos escreve.
A suspensão foi muito bem trabalhada. Com jogo McPherson na frente e uma arquitetura independente multibraço atrás, lidou muito bem com o asfalto. Tudo bem que nossa avaliação foi majoritariamente em estrada bem pavimentada, mas mesmo nas imperfeições das ruas paulistanas, não decepcionou.
O acabamento tem aquelas partes que a indústria gosta de usar para tentar agregar valor. Aço escovado, cromados e couro com costuras aparentes são usados de forma harmoniosa na cabine, sem exageros. Os encaixes também demonstram capricho.
Claro que não poderia faltar o black piano no painel, que acumula mais marcas de dedo que a mesa de um papiloscopista. O mesmo acontece com a central multimídia de 12,8”, mas essa é um espetáculo à parte. Lembra um tablet e tem aquela função rotativa com a qual não tenho maturidade para lidar: a um comando, pode ficar na vertical ou na horizontal.
Condução automatizada e conectividade
Quadro de instrumentos eletrônico, carregador de celular por indução, porta-malas com abertura elétrica, ar-condicionado automático bizona, bancos dianteiros elétricos e retrovisores rebatíveis eletricamente reforçam a lista de conforto.
O Song Plus também vem com o pacote de auxílio à condução (ADAS). No caso do SUV híbrido da BYD, reúne controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência, assistente ativo de faixa, reconhecimento de placas de trânsito, sensor de ponto cego, alerta para abertura de portas, câmera 360 e alerta de tráfego cruzado.
Seis airbags, os obrigatórios controles de estabilidade e de tração, além de monitoramento da pressão dos pneus, sensores de estacionamento na frente e atrás completam o pacote de equipamentos de segurança.
Autonomia é outro destaque
Um ponto importante a observar é a autonomia. Segundo a BYD, o Song, com tanque cheio de gasolina e motor elétrico carregado, pode rodar mais de 1.000 km – o alcance só em modo EV é de 51 km.
Naquela saída da Marginal Pinheiros, a autonomia do computador de bordo realmente apontava 1.009 km. Possível, já que ao fim do percurso de pouco mais de duas horas e cerca de 100 km, o sistema ainda falava em 900 km.
Por R$ 270 mil, o Song Plus é bem mais barato que o Jeep Compass 4XE, que tem preço de R$ 347.300. Este, além de uma marca conhecida e uma rede mais robusta de concessionárias, trabalha com dois motores elétricos, tem desempenho mais forte e tração 4×4 com seletor de modos de terreno.
O Song Plus não quer saber de terra nem de esportividade. O lugar dele é no asfalto e aposta justamente neste custo/benefício. O primeiro lote da pré-venda, com 200 unidades, já foi vendido. E o segundo, com 250 carros, está em processo de homologação, mas praticamente totalmente negociado. Com isso tudo, a desvantagem do modelo é que, quem encomendar um agora, vai receber o SUV só lá para abril.