Nos EUA, carro voador chegará com investimento do governo

Veículos de pouso e aterrissagem vertical começarão a ser testados pelas forças armadas e agências governamentais antes do público final

Giovanna Riato

Giovanna Riato

Veículos de pouso e aterrissagem vertical começarão a ser testados pelas forças armadas e agências governamentais antes do público final

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Os carros voadores, ou, mais precisamente, eVTOLs, de veículo elétrico de aterrizagem e pouso vertical, devem começar a chegar a vários mercados globais até o fim dessa década. Nos Estados Unidos, esse movimento acontece com o impulso governamental.

Em debate durante o South by Southwest (SXSW), festival de inovação e criatividade realizado em Austin, nos Estados Unidos, John Tekell, líder de projeto do Pentágono que trabalha em parceria com a iniciativa privada para viabilizar o ecossistema para carros voadores, disse que a tecnologia deve começar a ser usada pelo exército e agências governamentais antes de chegar ao público final.

“Há muito trabalho a ser feito. Temos uma longa jornada para garantir toda a segurança que o sistema precisa e, quando falamos de civis, a tolerância ao risco é ainda menor”, disse o especialista.


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Segundo ele, o Departamento de Defesa trabalha para desenvolver todos os parâmetros de segurança necessários.

A cientista sênior do departamento de transportes dos EUA, Sarasina Tuchen, entende que os eVTOLs chegam para atender a uma nova necessidade de transporte, com voos mais baixos, que demandam estrutura específica de recarga e vertiportos. Segundo ela, isso permitirá que o modal chegue a comunidades onde a oferta de soluções de mobilidade é restrita atualmente.

Carros voadores abrirão espaço para novos pilotos

Outro aspecto que a especialista destaca é que os carros voadores não vão apenas democratizar o acesso das pessoas aos deslocamentos aéreos, mas também abrir espaço para uma gama bem maior de pilotos, tornando a profissão mais acessível, já que as aeronaves serão altamente automatizadas.

Para conduzir um avião, por exemplo, são necessárias longas horas de treinamento, com investimento elevado. A cientista cita estudo feito com 40 pessoas: apenas metade delas eram pilotos profissionais. Após quatro dias de treinamento, o nível de conhecimento estava equiparado entre os pilotos experientes e os novos profissionais em treinamento para pilotar eVTOLs.

“O controlador de voo também tem papel essencial nesse processo. Hoje, 97% dos acidentes são causados por problemas no controle de voo”, disse. Segundo
Tuchen, os carros voadores têm o potencial de mudar isso, com mais especialistas trabalhando no tema, em uma situação mais democrática.

Tekell, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, lembra que, mesmo quando se trata de uma nova tecnologia, é importante ter a viabilidade do negócio assegurada.

“Ainda que se trate de uma agência governamental, precisamos de um business case para justificar o avanço da nova tecnologia”, aponta.

Sendo pelo consumidor ou por demandas de governo, o carro voador precisa provar o quanto vale antes de ganhar escala.