No primeiro contato ao volante da nova geração, sedã médio chama a atenção pelo conforto, mas peca em detalhes
A Nissan lançou o novo Sentra para tentar livrá-lo – mais uma vez – dos rótulos que permeiam os sedãs médios, como você já leu aqui na Automotive Business. Mas de nada adianta o discurso se, na prática, o carro não corresponder. Nesse sentido, a marca japonesa se esforçou para livrar o modelo de estereótipos.
O três-volumes importado do México evoluiu especialmente na dinâmica. Se a geração anterior ainda tinha uma direção discretamente anestesiada e acerto mais “molenga” da suspensão, o novo Sentra ficou bem mais interessante neste sentido.
Isso foi o que chamou a atenção de cara no primeiro contato que AB teve com o Nissan Sentra. No test-drive de lançamento, entre São Paulo e Nova Odessa, a 125 km da capital, o modelo tem uma calibragem mais assertiva da direção elétrica, que é firme e obediente.
O conforto a bordo já era bom, graças aos bancos zero gravity disponíveis em toda a linha. O padrão agora também está nos assentos e encostos traseiros. O espaço é generoso na frente, e atrás dois adultos e uma criança são bem recebidos.
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O motorista tem uma posição de dirigir ergonômica, mas o freio de estacionamento por pedal causa estranheza – e é mal localizado, já que não é difícil raspar a perna na peça. Solução típica para o mercado norte-americano, mas um acionamento eletrônico já é até usual no segmento de médios e continuaria a liberar espaço no amplo console central.
Ao mesmo tempo, o pensamento para o mercado estadunidense traz suas vantagens. O Sentra é aquele carro que você pode largar vários penduricalhos pela cabine. São seis porta-objetos na frente, nos quais é possível colocar garrafas de água mineral pequenas nas portas, e ainda funcionais porta-copos no console central.
Ainda há um compartimento sob o descansa-braço com 7,7 litros de capacidade. Segundo a Nissan, cabe uma bolsa pequena. Mas depende da bolsa, e do que a dona ou o dono carrega nela. Atrás, os passageiros ainda são agraciados com outros cinco porta-trecos.
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O acabamento é satisfatório, apesar de alguns ares de anos 1990 no display do ar e nas luzes de leitura do teto. Já a parte de equipamentos da versão topo de linha Exclusive é bastante completa. Ar automático bizona, pacote de auxílio à condução, banco do motorista com ajustes elétricos…
Porém, há aqueles vacilos. Não há carregador por indução, por exemplo, item disponível apenas como acessório de concessionária. A central multimídia, por sua vez, é funcional e tem tela de 8” de fácil visualização. Mas carece de respostas mais rápidas.
Desempenho do novo Nissan Sentra
Na parte de desempenho, a Nissan ousou, mas até a página 23. O motor aspirado de ciclo Atkinson é o conhecido 2.0 16V da linha MR20DD. Porém, ganhou injeção direta, comando eletrônico das válvulas e outros aprimoramentos.
Com 151 cv e 20 kgfm, tem desempenho elástico, contudo o suficiente para agradar tanto a novos clientes do sedã, como a consumidores tradicionais do segmento. As respostas ao pedal do acelerador são rápidas, sem comprometer o conforto com movimentos bruscos.
Além disso, há quatro modos de condução (Normal, Sport, Manual e Eco). O Sport aumenta a faixa de trabalho de giros e melhora as respostas. Nada arisco demais. Até porque está lá o indefectível câmbio automático do tipo CVT.
A transmissão, pelo menos – e finalmente – ganhou simulação de marchas, algo que a Nissan parecia resistente em adotar em seus carros com caixa continuamente variável. E com direito a aletas no volante!
Com oito velocidades simuladas, melhorou bastante a performance do Nissan Sentra. O câmbio não fica mais segurando as rotações por muito tempo em retomadas. Ao mesmo tempo, o acerto da transmissão CVT trouxe mais conforto acústico e menos vibração na cabine
Ou seja: aquele meio termo entre conforto e desempenho. Sem dúvidas, o Sentra é bem menos pacato que um Corolla. Mesmo assim, não dá para ousar demais em um segmento que tem o sedan da Toyota como líder.