Pela primeira vez no país, Explorer No.1 traz unidades que abastecerão mercado local
Perdoe-me pelo clichê cretino, mas os negócios da BYD vão de vento em popa. Por isso, a montadora de origem chinesa, que se tornou a maior fabricante de carros elétricos do mundo no ano passado, construiu pomposo navio cargueiro a fim de facilitar o transporte de seus veículos aos vários mercados que atende ao redor do globo. O Brasil, claro, um deles.
E, de uns tempos para cá, bom ainda destacar, nosso país virou uma espécie de trunfo para as fabricantes da China. Isso porque as sanções impostas pela União Europeia fizeram com que o território asiático olhasse com mais carinho para outras alternativas.
Tanto é que houve alta de mais de 500% nas exportações para o Brasil de veículos híbridos e elétricos lá feitos no janeiro-abril de 2024.
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Não à toa, o cargueiro da BYD, batizado de Explorer No. 1, logo na segunda viagem de sua história (a primeira jornada foi rumo à Europa), chega ao Brasil. O navio operado pela Zodiac Maritime atracou no Porto de Suape (PE) na segunda-feira, 27, com 5.459 unidades que irão abastecer o mercado nacional — mais especificamente a região Nordeste.
Segundo Nenko Nenkov, capitão do Explorer No. 1, os veículos levaram cerca de dois dias para serem embarcados na China. Para o desembarque, a estimativa é de aproximadamente dois dias e meio para que todas as unidades deixem o cargueiro — que retornará totalmente vazio.
Navio embarcou novos carros da BYD para o Brasil
O navio trouxe as primeiras, vale frisar, unidades do sedã King e do SUV Song Pro para o Brasil. Além dessas novidades, que chegam ao mercado entre junho e agosto, também vieram o subcompacto Dolphin Mini e o cupê Seal, já estabelecidos no país.
Construído pelo International Marine Containers Group, o navio Roll-on/ Roll-off tem capacidade para transportar até 7 mil veículos. Ele tem rampas dispostas para acesso às cargas, que entram e saem por seus próprios meios — algo típico desse tipo de embarcação — e mede 199,9 metros de comprimento.
O Explorer No. 1 fez a viagem da China, de Lianyungang, ao Brasil em 27 dias e tem autonomia de 15.800 milhas náuticas, o equivalente a cerca de 29,2 mil km. O navio bicombustível pode usar, além do usual, o GNL (gás natural liquefeito), reduzindo desse modo as emissões de poluentes.
BYD tem metas ambiciosas para o Brasil
Os números impressionam tanto quanto as ambições da BYD para o Brasil. A montadora afirma que já emplacou mais de 25,5 mil unidades em 2024 (43% a mais do que todos os emplacamentos de 2023) e pretende estar pelo menos entre as cinco maiores do país nos próximos cinco anos.
Todavia, há expectativas de que a fabricante já figure no top 3 em vendas no nosso mercado até 2028. No janeiro-abril deste ano, segundo dados da Fenabrave, a BYD emplacou 21.979 automóveis e comerciais leves. O que a deixa na décima posição do ranking, com market share de 3,18%.
BYD quer trazer 100 mil veículos até julho
Além de Suape, a BYD também traz seus veículos por meio dos portos de Itapoá (SC) e Vila Velha (ES). Segundo interlocutores, a estimativa, ambiciosa, é de que a montadora tenha 100 mil unidades já no país até julho. Isso a fim de evitar a recomposição da alíquota de carros elétricos, que passará a 18% no início do segundo semestre e a 25% em julho de 2026.
Voltando à Suape, o porto recebeu 80.705 veículos em 2023 — 42% a mais que em 2022, segundo a administração. Com três pátios, tem capacidade para movimentar quase 433 mil unidades/ano.
Só em 2024, até o momento, 4.389 automóveis da BYD passaram pelo terminal pernambucano. No entanto, as unidades que atracaram na segunda-feira, 27, compõem a maior movimentação de veículos numa única chamada da história do porto.
Suape também atende General Motors, Volkswagen, Toyota, Renault, Nissan e Stellantis. No ano passado, esta última representou 73% das movimentações no porto.