Motor a etanol da Stellantis surge como trunfo nas vendas corporativas

Propulsor renasce para atender metas de emissões de carbono dos frotistas que operam no país

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Propulsor renasce para atender metas de emissões de carbono dos frotistas que operam no país

Imagem de Destaque

A Stellantis apresentou na segunda-feira, 31, o motor a etanol que está em desenvolvimento na fábrica de Betim (MG) para o segmento de veículos leves. Há duas semanas, o CEO Antonio Filosa havia confirmado que a montadora já trabalhava no propulsor.


LEIA MAIS:
– Stellantis retoma projeto de veículo a etanol para o Brasil
– Stellantis prepara modelo híbrido a etanol para o mercado


Os detalhes técnicos a respeito do motor ainda seguem ocultos atrás do biombo corporativo da companhia, que alega que ainda é preciso definir as suas aplicações. Ou seja: bater o martelo acerca dos modelos nos quais ele será aplicado.

Variáveis como peso e aerodinâmica influenciam na potência e no torque do conjunto, por exemplo, assim como as preferências do mercado brasileiro, disse Filosa.

Frotas são o alvo do motor a etanol da Stellantis

De qualquer forma, a Stellantis já tem claro, pelo menos, onde estão as oportunidades de negócio para o novo propulsor. A mais promissora delas, segundo João Irineu Medeiros, vice-presidente de assuntos regulatórios da fabricante, está no universo dos frotistas.

Por causa das obrigações impostas pela cartilha ESG (governança sócio-ambiental) no campo das emissões de carbono, muitas dessas companhias passaram a estipular metas de redução de poluentes em suas operações.


– Confira nosso especial sobre os 20 anos do flex


Nesse contexto, o automóvel a etanol surge, segundo a Stellantis, como uma opção que proporciona redução de emissões e, principalmente, uma alternativa mais barata na comparação com frotas formadas por modelos elétricos.

“Com um veículo flex o frotista tem dificuldades em assegurar que os veículos não estão sendo abastecidos apenas com gasolina”, contou Medeiros. “O veículo a etanol, por contar com componentes locais, pode chegar a um preço mais acessível ao consumidor.”

Podemos dizer que o motor a etanol da Stellantis está sendo criado com as tecnologias mais modernas no campo da combustão. A empresa melhorou a dinâmica térmica do conjunto, aplicou turbocompressor de geometria variável e novos parâmetros de injeção.


– Faça sua inscrição no #ABX23, mais influente encontro do ecossistema automotivo e da mobilidade


Tornar este motor especificamente em um powertrain de alto rendimento já era algo que existia nos planos da montadora. Em 2019, a então FCA – Fiat Chrysler Automóveis – que se juntou com a PSA Peugeot Citroën para formar a Stellantis, em 2021 – havia anunciado R$ 500 milhões para produção de motores em Betim (MG), um deles etanol turbo chamado de E4.

Os últimos modelos de automóvel a etanol vendidos no Brasil foram Volkswagen Gol e Fiat Uno Mille, em 2000. O próximo não sabemos qual será, mas tudo indica que sairá de uma das fábricas da Stellantis.