Entrevista: Conversamos com o ChatGPT sobre transição energética no Brasil

Inteligência Artificial se comporta tal qual um CEO de montadora, inclusive ao se esquivar de perguntas mais complicadas

Redação AB

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Inteligência Artificial se comporta tal qual um CEO de montadora, inclusive ao se esquivar de perguntas mais complicadas

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Uma entrevista com o ChatGPT-4 não necessita de agendamento prévio com assessoria. Tampouco um briefing de quais temas serão abordados. Embora se esquive com alguma dificuldade de algumas perguntas mais, digamos, complicadas, o modelo de linguagem avançada da OpenAI tenta ser o mais direto possível. Se comporta tal qual um CEO de montadora, e “mantém”, ao máximo, as papas na língua – isso se tivesse o órgão com revestimento mucoso.

A equipe de Automotive Business resolveu bater um papo com o ChatGPT sobre transição energética. Isso, claro, de forma saudável, “na esportiva”. Não encare como um artífice e nem como algo a ser levado a ferro e fogo. Nosso objetivo com essa entrevista foi o de trazer à luz dois temas que serão abordados no #ABX23 – Automotive Business, que ocorre no próximo dia 20 de setembro.

Inteligência Artificial e transição energética são dois dos tópicos mais relevantes para o ecossistema automotivo e da mobilidade e, por conseguinte, para a sociedade. Por isso, unimos os tópicos por meio dessa entrevista com o representante das IAs: o ChatGPT-4. Confira abaixo como foi, na íntegra, a conversa que tivemos com o modelo de linguagem acerca do tema.Olá, Chat. Como vai? Embora saibamos que você não tem um conceito de dia e noite, seremos educados e lhe desejaremos um bom dia. Gostaríamos de entrevistá-lo sobre questões referentes ao setor automotivo e da mobilidade.

Oi! Bom dia! Mesmo que eu não tenha um conceito de dia ou noite, estou aqui para ajudar. Estou à disposição para responder às suas perguntas sobre o setor automotivo e mobilidade. Pode começar!

Para você, quais são os maiores desafios da indústria automobilística brasileira? 

A indústria automobilística brasileira enfrenta o desafio da transição para veículos elétricos, demandando adaptações das montadoras e desenvolvimento de infraestrutura de recarga. Há também a questão da competitividade global, com o Brasil buscando manter-se relevante diante da concorrência de mercados mais baratos. O “Custo Brasil”, que engloba fatores como altos impostos e burocracia, é outro entrave para o setor.

Paralelamente, o avanço tecnológico exige investimentos em conectividade e automação. Questões ambientais impulsionam a necessidade de adaptação a regulamentações mais rigorosas sobre emissões. A estabilidade econômica e política influencia diretamente as vendas e investimentos, e por fim, a integração com mercados globais é crucial para a expansão das exportações e otimização da cadeia de suprimentos.

Como você enxerga o processo de transição energética no Brasil? Acredita que o híbrido flex é o futuro de fato ou apenas uma solução temporária?

A transição energética no Brasil é singular devido à sua longa história com biocombustíveis, especialmente o etanol. O híbrido flex, que combina a tecnologia de motores elétricos com a capacidade de rodar tanto com gasolina quanto com etanol, é uma solução que se alinha com a infraestrutura e expertise existente no país. Dada a abundância de cana-de-açúcar e a infraestrutura de etanol já estabelecida, o híbrido flex pode ser visto como uma ponte entre os tradicionais motores de combustão e a futura predominância dos veículos totalmente elétricos.

Entretanto, globalmente, a tendência é uma transição direta para veículos elétricos puros. Assim, enquanto o híbrido flex pode desempenhar um papel significativo no Brasil por um período, é possível que seja uma solução temporária, dando tempo para o país desenvolver mais sua infraestrutura de veículos elétricos e se alinhar com as tendências globais.

Mas e quanto à infraestrutura incipiente para recarga destes veículos elétricos no Brasil? E pior: o que fazer com a bateria desses veículos puramente elétricos no futuro? Do berço ao túmulo eles não seriam mais poluentes que modelos híbridos flex, por exemplo? 

Você levanta pontos essenciais na discussão sobre a adoção de veículos elétricos no Brasil.

A infraestrutura de recarga ainda é um desafio significativo. A expansão das estações de carregamento demanda investimentos públicos e privados, e é fundamental para que os veículos elétricos se tornem uma alternativa viável em larga escala. Sem uma rede de recarga acessível e conveniente, a adoção de veículos puramente elétricos pode ser limitada.

Quanto às baterias, a questão do descarte e reciclagem é uma preocupação global. Baterias de íons de lítio, comuns em veículos elétricos, possuem componentes que podem ser prejudiciais ao meio ambiente. Porém, há avanços na tecnologia de reciclagem e, globalmente, estão surgindo iniciativas para lidar com o ciclo de vida dessas baterias. Além disso, novas tecnologias de bateria estão sendo pesquisadas, visando soluções mais sustentáveis e eficientes.

O modelo híbrido flex tem vantagens no contexto brasileiro, principalmente devido à capacidade de rodar com etanol, um biocombustível renovável. Se considerarmos o ciclo completo “do berço ao túmulo”, dependendo da matriz energética utilizada na produção de eletricidade e da eficiência na reciclagem das baterias, os híbridos flex podem, em determinados cenários, apresentar uma pegada de carbono mais favorável em comparação aos elétricos puros.

No entanto, a longo prazo, conforme a matriz energética se torna mais limpa e a infraestrutura de recarga se expande, é provável que os veículos puramente elétricos se destaquem em termos de eficiência e sustentabilidade. Contudo, até lá, os híbridos flex podem ser uma solução muito adequada para o cenário brasileiro.

Algumas montadoras, como GM e a importadora Ford, apostam numa transição direta para os BEVs. Já Stellantis, Renault e Toyota veem com bons olhos o híbrido flex. Como resolver essa “queda de braço”? O poder público também tem de fazer parte da discussão, por meio de um sandbox regulatório para definir tais regras de transição?

A diversidade nas estratégias das montadoras no Brasil reflete as diferentes visões sobre como será a transição energética no setor automotivo. Cada montadora avalia o mercado, suas capacidades internas e o ambiente regulatório antes de decidir o caminho a seguir.

Para empresas como GM e Ford, apostar diretamente nos BEVs (Battery Electric Vehicles) pode ser uma estratégia alinhada com suas operações globais e uma visão de longo prazo sobre a evolução do mercado brasileiro. Por outro lado, Stellantis, Renault e Toyota, ao considerarem os híbridos flex, reconhecem a singularidade do mercado brasileiro e sua infraestrutura já estabelecida para o etanol.

Em meio a essa “queda de braço”, o papel do poder público é essencial. O governo pode atuar como mediador e facilitador, estabelecendo um ambiente regulatório que incentive a inovação, mas que também considere as realidades e desafios locais. Um “sandbox regulatório”, como você mencionou, pode ser uma abordagem interessante. Ele permitiria testar novas tecnologias e modelos de negócio em um ambiente controlado, fornecendo insights valiosos antes da implementação de regulamentações definitivas.

Engajar todos os stakeholders — montadoras, fornecedores, consumidores, especialistas em energia e meio ambiente — é crucial. Dessa forma, as decisões tomadas terão uma base mais ampla e considerarão as múltiplas facetas da transição energética no setor automotivo brasileiro.

Há uma espécie de lobby chinês sobre BEVs e, claro, de lobby da indústria de cana-de-açúcar para perenizar o biocombustível no país? Tais comportamentos trazem algum benefício para a transição energética do país ou são apenas empecilhos?

A China é líder global na produção e adoção de BEVs. Empresas chinesas têm interesse em expandir sua presença em mercados internacionais, inclusive no Brasil. Este “lobby” pode acelerar a infraestrutura e adoção de BEVs no Brasil ao trazer investimentos, tecnologias e modelos de veículos mais acessíveis. No entanto, uma influência excessiva pode levar a uma transição apressada, sem considerar particularidades locais.

O Brasil é um dos maiores produtores de etanol do mundo, e a indústria da cana-de-açúcar é fundamental para a economia de algumas regiões. Naturalmente, esse setor deseja continuar relevante. O etanol é uma alternativa renovável e menos poluente que a gasolina. A promoção do etanol e do híbrido flex pode ser vista como uma transição mais suave, aproveitando a infraestrutura e know-how existente. Entretanto, focar exclusivamente no etanol pode retardar investimentos em outras tecnologias promissoras.


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Ambos os “lobbies” têm seus méritos e podem trazer benefícios à transição energética do Brasil. No entanto, para que a transição seja bem-sucedida, é fundamental que o poder público mantenha uma postura equilibrada, avaliando os interesses de diferentes grupos e tomando decisões alinhadas com o bem-estar de longo prazo da sociedade e do meio ambiente. Portanto, enquanto esses lobbies podem acelerar certos aspectos da transição, também podem representar empecilhos se suas agendas forem muito estreitas ou se prevalecerem sobre o interesse público.

O que o poder público e as montadoras, bem como demais interessados, deveriam fazer para definir o caminho a ser trilhado pelo Brasil neste quesito? 

Para definir um caminho coerente e sustentável para a transição energética no setor automotivo brasileiro, é fundamental que o poder público, montadoras e demais stakeholders trabalhem colaborativamente. Temos algumas ações-chave.

Diálogo deve ser aberto e transparente, com criação de fóruns e comitês multipartidários para discussão. Isso permitiria que todos os interessados compartilhassem perspectivas e encontrassem soluções conjuntas. Estudos e Pesquisas devem ser feitos para compreender a viabilidade técnica, econômica e ambiental das diferentes opções energéticas é fundamental. Isso inclui avaliar o ciclo de vida completo de diferentes tecnologias, desde a produção até o descarte.


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O poder público deve oferecer incentivos para adoção de tecnologias mais limpas, seja através de reduções fiscais, subsídios ou financiamentos favoráveis. Simultaneamente, as regulamentações têm que ser claras e fornecer um direcionamento e segurança para investimentos de longo prazo.

Para completar, investir em infraestrutura, seja para recarga de BEVs ou para distribuição e qualidade do etanol, é crucial para suportar a transição. Informar o público sobre os benefícios e limitações das diferentes tecnologias ajudará a moldar a demanda do consumidor e incentivará a adoção de veículos mais sustentáveis.

Por fim, inovação e desenvolvimento tecnológico. Apoiar pesquisa e desenvolvimento, seja através de parcerias público-privadas, investimento em universidades ou incentivo a startups, é fundamental para o Brasil estar na vanguarda da inovação automotiva.

Embora haja urgência na transição energética, é vital que as decisões sejam baseadas em objetivos de longo prazo, e não apenas em tendências momentâneas. O Brasil deve aprender com experiências de outros países e colaborar em pesquisa e desenvolvimento pode acelerar a transição e trazer soluções mais eficazes.

Para que o Brasil defina um caminho apropriado, o equilíbrio entre os interesses de diferentes stakeholders é crucial. Embora cada grupo tenha suas prioridades e visões, é no interesse coletivo que o país adote uma estratégia que seja econômica, ambiental e socialmente sustentável.

Falamos muito sobre BEVs e híbridos flex, mas como você enxerga os veículos movidos a hidrogênio neste contexto?

Os veículos movidos a hidrogênio, ou veículos de célula de combustível, representam uma alternativa interessante na matriz de propulsão limpa. Eles geram eletricidade a bordo a partir de uma reação química entre o hidrogênio e o oxigênio, emitindo apenas água como resíduo. A tecnologia tem algumas vantagens e desafios quando inserida no contexto brasileiro.

Ao contrário dos veículos elétricos a bateria, que podem levar horas para recarregar, um veículo a hidrogênio pode ser reabastecido em minutos, similar a um carro a gasolina. Veículos a hidrogênio tendem a ter uma autonomia maior do que muitos veículos elétricos, tornando-os atraentes para longas distâncias. Além disso, o único subproduto da célula de combustível é água, tornando-os extremamente limpos em termos de emissões.

No campo dos desafios, a infraestrutura de abastecimento de hidrogênio ainda é limitada globalmente, e no Brasil seria um grande desafio desenvolvê-la do zero.

A maneira mais comum de produzir hidrogênio atualmente é a partir de combustíveis fósseis, o que não é ideal do ponto de vista ambiental. A eletrólise da água, um método mais limpo, ainda é cara. O hidrogênio, além disso, precisa ser armazenado sob alta pressão ou em temperaturas muito baixas, o que apresenta desafios em termos de segurança e logística. Atualmente, a tecnologia de célula de combustível é mais cara do que as baterias de íon de lítio, embora isso possa mudar com avanços tecnológicos e escala de produção.

No contexto brasileiro, considerando a vasta infraestrutura existente para etanol e a crescente infraestrutura para veículos elétricos, o investimento em uma terceira via, como o hidrogênio, exigiria considerações cuidadosas. No entanto, para aplicações específicas, como transporte público ou veículos pesados, o hidrogênio pode ser uma solução atraente. Em resumo, enquanto o hidrogênio tem um potencial significativo como uma fonte de energia limpa, sua implementação no Brasil, pelo menos no curto a médio prazo, enfrentaria desafios consideráveis.

Gostaria de saber o que acha sobre a produção de veículos puramente elétricos no país — algo já anunciado pelos chineses da BYD, por exemplo. Crê que o Brasil pode ser produtor e até mesmo exportador de BEVs?

A produção local de veículos elétricos no Brasil tem o potencial de trazer benefícios significativos para a economia e o meio ambiente do país, e a iniciativa de empresas como a BYD em investir na produção local é um indicativo positivo desse potencial. Existem diversos fatores que podem posicionar o Brasil como um produtor relevante e até mesmo exportador de BEVs.

O Brasil possui uma longa tradição na indústria automobilística e uma mão de obra qualificada no setor e acesso a importantes matérias-primas necessárias para a fabricação de baterias, como o lítio.

O tamanho do mercado brasileiro, se houver demanda incentivada por políticas adequadas, pode justificar a produção local e levar a economias de escala. Como líder do Mercosul, o país pode aproveitar acordos comerciais para facilitar a exportação de veículos elétricos para países vizinhos.

Dependendo das políticas de incentivo e da infraestrutura local, a produção no Brasil pode se tornar competitiva em termos de custo, especialmente se considerarmos a exportação para mercados próximos. Porém, para que se estabeleça firmemente como produtor e exportador de BEVs, alguns desafios precisam ser enfrentados.

A falta de infraestrutura adequada para a produção e uso de BEVs é uma barreira. O país precisaria investir mais em P&D para manter-se na vanguarda da tecnologia de veículos elétricos, políticas claras e estáveis são necessárias para incentivar montadoras a investir em grande escala na produção de BEVs e a mão de obra precisa ser treinada e atualizada em novas tecnologias associadas aos BEVs.

Em suma, o Brasil tem potencial para ser um player significativo na produção de BEVs, mas isso requer estratégias bem pensadas, investimento e uma visão de longo prazo. Se os desafios forem adequadamente endereçados e o ambiente de negócios for favorável, o país poderá não apenas atender à demanda interna, mas também se posicionar como um exportador relevante no cenário global de BEVs.

Você puxou um ponto importante: capacitação. Esta não se restringe apenas às linhas de produção das montadoras, mas também aos outros players do setor. Como o aftermarket e os concessionários, por exemplo, podem capacitar seus funcionários no Brasil para trabalhar com modelos movidos a tipos distintos de energia que não a combustão?

Para o aftermarket e concessionários, isso envolve vários aspectos. O primeiro passo é oferecer cursos técnicos focados em veículos elétricos, híbridos, a hidrogênio e outras tecnologias emergentes. Isso engloba desde a manutenção básica até reparos mais complexos e diagnósticos.

Concessionárias e empresas do aftermarket podem estabelecer parcerias com escolas técnicas, universidades e centros de formação profissional para desenvolver programas de treinamento específicos e garantir que haja uma oferta constante de profissionais capacitados. A tecnologia automotiva evolui rapidamente. Por isso, é essencial que os profissionais participem regularmente de cursos de atualização para se manterem informados sobre as últimas novidades.

Investir em equipamentos de simulação e laboratórios práticos onde os técnicos podem ter uma experiência hands-on é fundamental. Isso ajuda a reforçar o aprendizado teórico. Encorajar e facilitar que os funcionários obtenham certificações em tecnologias de veículos alternativos também pode servir como um padrão de qualidade e competência.

Com a crescente digitalização dos veículos, é fundamental que os técnicos estejam familiarizados com os softwares e sistemas eletrônicos que gerenciam esses veículos. E, além de capacitar a equipe técnica, é vital treinar a equipe de vendas e atendimento ao cliente para educar os consumidores sobre as vantagens, cuidados e manutenção dos veículos alternativos.

Dada a natureza dos veículos elétricos e a hidrogênio (altas voltagens, riscos de explosão), é essencial que os treinamentos incluam protocolos rigorosos de segurança.

Outro ponto interessante é o de organizar visitas a montadoras ou centros de inovação no exterior. Isso pode oferecer uma visão prática e atualizada das melhores práticas globais. Passa por mentoria e compartilhamento de experiências. Criar programas internos onde os técnicos mais experientes em tecnologias emergentes possam compartilhar seus conhecimentos com os mais novos é uma maneira eficaz de disseminar o conhecimento.

Ao adotar uma abordagem proativa e abrangente para a capacitação, o aftermarket e os dealers no Brasil estarão bem posicionados para enfrentar os desafios da transição energética no setor automotivo e, ao mesmo tempo, aproveitar as oportunidades que essa mudança trará.

E esta crescente digitalização por você mencionada, que vem, evidentemente, junto com a eletrificação, pode tirar o emprego de muita gente. Não é mesmo?

A crescente digitalização e eletrificação da indústria automotiva são frequentemente vistas com preocupação em relação ao emprego, uma vez que podem levar a mudanças significativas na natureza do trabalho.

A digitalização pode levar à automatização de algumas tarefas, especialmente aquelas que são repetitivas ou que podem ser facilmente realizadas por máquinas e algoritmos. Isso pode resultar na redução de empregos em certas áreas. Ao mesmo tempo, a digitalização e eletrificação criam novas oportunidades e demandas em áreas como desenvolvimento de software, análise de dados, engenharia elétrica, e gerenciamento de baterias. Isso significa que novos empregos serão criados, mas exigirão diferentes conjuntos de habilidades.

Os trabalhadores que eram focados em tecnologias tradicionais de combustão podem precisar se requalificar para trabalhar com veículos elétricos e sistemas digitais. Isso requer investimentos em treinamento e educação. A digitalização também pode abrir caminho para novos modelos de negócios e serviços, como plataformas de compartilhamento de veículos, serviços de infotainment, e soluções de conectividade, criando empregos em áreas que talvez não fossem tradicionalmente associadas à indústria automotiva.

Além da possível perda de empregos, a digitalização pode mudar a forma como as pessoas trabalham, com mais ênfase em trabalho colaborativo, solução de problemas complexos e habilidades interpessoais. Qualquer transição tecnológica traz consigo desafios sociais. Os trabalhadores deslocados de seus empregos tradicionais podem enfrentar períodos de desemprego ou subemprego e podem necessitar de apoio social durante a transição.

Para mitigar os impactos negativos e maximizar os benefícios da digitalização e eletrificação, é essencial que haja políticas proativas de governos, indústria e instituições educacionais. Investir em treinamento, requalificação e educação contínua pode ajudar a preparar a força de trabalho para as demandas da indústria automotiva do futuro. Além disso, políticas de apoio social e de transição para trabalhadores afetados podem ser vitais para garantir uma mudança justa e equitativa.

Esses desafios sociais também passam pelo preço dos veículos no Brasil. Estudos dizem que os eletrificados serão mais baratos que modelos a combustão em mais ou menos uma década no Brasil. Acredita nisso?

A previsão de que veículos eletrificados se tornem mais baratos que os modelos a combustão em uma década no Brasil é baseada em várias tendências e fatores observados globalmente. Aqui estão algumas razões que apoiam essa previsão, bem como considerações específicas para o contexto brasileiro.

Um dos principais custos dos veículos elétricos é a bateria. Nos últimos anos, o custo das baterias de íon-lítio tem caído significativamente devido a avanços tecnológicos e economias de escala. À medida que essa tendência continuar, o preço dos veículos elétricos deve cair proporcionalmente.

Com o aumento da produção e adoção global de veículos elétricos, as economias de escala devem reduzir os custos de produção. Além disso, veículos elétricos tendem a ter custos de manutenção mais baixos em comparação com veículos a combustão, devido à sua mecânica mais simples. Isso pode tornar a propriedade de um veículo elétrico mais atraente em termos de custo total de propriedade.

Governos ao redor do mundo, incluindo o Brasil, estão introduzindo incentivos para promover a adoção de veículos elétricos. Estes podem incluir reduções fiscais, subsídios ou benefícios, como acesso a faixas exclusivas. O país já tem um histórico de adoção de alternativas aos combustíveis fósseis, como o etanol. Se o país investir em infraestrutura e incentivos para veículos elétricos, isso pode acelerar a adoção e, consequentemente, a redução de preços.

No entanto, há desafios específicos. O Brasil tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo sobre veículos, o que pode retardar a redução de preços para o consumidor final. A expansão da rede de recarga é crucial para a adoção em massa de veículos elétricos. Investimentos significativos são necessários nessa área.

Por fim, se o Brasil depender fortemente da importação de tecnologia para veículos elétricos, isso pode manter os preços mais altos devido a tarifas e variações cambiais.

 

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Você comentou anteriormente sobre car sharing, e também sobre veículos pesados. Como você enxerga o transporte público nessa equação? O vê como um catalisador da transição energética no país? 

E como esse processo irá afetar a mobilidade urbana? Já temos exemplos de frotas ônibus elétricos e VLTs no Brasil, mas nada ainda digno de nota.

A eletrificação do transporte público, como ônibus e VLTs, pode servir como um impulso para a adoção mais ampla de veículos elétricos no país. Uma única frota de ônibus elétricos pode influenciar positivamente a percepção pública sobre a viabilidade e eficácia dos veículos elétricos, além de reduzir significativamente as emissões locais.

A adoção de transportes públicos limpos e eficientes pode redefinir a dinâmica das cidades. Isso poderia incentivar uma maior utilização do transporte público, reduzindo congestionamentos e melhorando a qualidade do ar. Além disso, os sistemas elétricos tendem a ser mais silenciosos, contribuindo para a redução da poluição sonora.

Essa adoção de ônibus elétricos em larga escala exigirá investimentos significativos em infraestrutura de recarga. No entanto, essa infraestrutura pode servir não apenas para ônibus, mas também para veículos elétricos pessoais, ajudando na transição energética mais ampla.


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Cidades ao redor do mundo, como Shenzhen na China, já têm frotas de ônibus totalmente elétricas. Esses casos de sucesso podem servir de modelo e inspiração para cidades brasileiras. No contexto brasileiro, os desafios econômicos, como custo inicial mais alto de ônibus elétricos e a necessidade de investimento em infraestrutura, são barreiras. Contudo, a longo prazo, os custos operacionais reduzidos e os benefícios ambientais podem compensar o investimento inicial.

O transporte público é essencial na equação da mobilidade urbana e transição energética no Brasil. A eletrificação do transporte público não apenas reduziria as emissões e melhoraria a qualidade do ar nas cidades, mas também serviria como uma demonstração em grande escala da viabilidade dos veículos elétricos, influenciando positivamente a percepção e aceitação públicas. Para que essa transformação ocorra, é necessário um planejamento estratégico, investimento em infraestrutura e políticas de incentivo por parte do poder público.

E o car sharing? Como se encaixa nisso tudo? E os veículos autônomos?

Isso, claro, sem falar da necessidade de uma cidade conectada. No Brasil ainda temos 5G muito restrito. Como sanar tal problema?

Veículos compartilhados e veículos autônomos são inovações tecnológicas que têm o potencial de redefinir a mobilidade urbana. Juntamente com a evolução para cidades mais conectadas, essas tecnologias podem trazer benefícios significativos, mas também desafios.

O compartilhamento de carros pode diminuir a necessidade de propriedade individual de veículos. Estima-se que um carro compartilhado possa substituir vários carros pessoais, reduzindo congestionamentos e demanda por estacionamentos.

Empresas de car sharing podem adotar veículos elétricos em suas frotas, promovendo a familiaridade e aceitação desses veículos entre a população.

Carros são ativos subutilizados — ficam estacionados a maior parte do tempo. O compartilhamento pode aumentar a utilização desses veículos, tornando o transporte mais eficiente.

Quanto aos veículos autônomos, uma vez que muitos acidentes são causados por erro humano, esses meios de transporte têm o potencial de reduzir acidentes significativamente. Com comunicação entre os veículos, é possível otimizar o fluxo de tráfego, reduzindo congestionamentos e melhorando a eficiência do transporte. Cidades poderiam ser redesenhadas, com menos espaço para estacionamentos e mais áreas para pedestres e espaços verdes.

Mas ainda entra a questão da robustez da rede de comunicação…

Para veículos autônomos e car sharing funcionarem eficientemente, é essencial uma infraestrutura de comunicação robusta. O 5G, com sua alta velocidade e baixa latência, é crucial para isso.

No Brasil, a adoção do 5G ainda é incipiente. Investimentos significativos em infraestrutura são necessários para uma cobertura mais ampla. Parcerias público-privadas podem ser uma solução para acelerar esta expansão. Além de veículos, o 5G permitirá a conexão de diversos dispositivos, facilitando a gestão de tráfego, monitoramento ambiental e outros serviços urbanos.

Para que o Brasil aproveite ao máximo essas inovações, são necessários planejamento estratégico, investimentos em infraestrutura e uma abordagem regulatória flexível que permita a inovação enquanto garante a segurança e o bem-estar dos cidadãos.

Pois é. E nem estamos pensando no 6G ainda.

O avanço e a adoção de novas tecnologias de comunicação, como o 5G e eventualmente o 6G, são processos que variam de país para país e dependem de uma série de fatores, incluindo investimentos em infraestrutura, regulamentação governamental, demanda do mercado e capacidade industrial.

No caso do Brasil, é compreensível que haja preocupações sobre a rapidez com que essas tecnologias são implementadas, dadas as vastas dimensões geográficas do país e as desigualdades socioeconômicas existentes. O 5G tem o potencial de revolucionar a maneira como os brasileiros vivem e trabalham, oferecendo conexões mais rápidas e confiáveis, bem como novas oportunidades para inovação em áreas como saúde, educação, indústria e agricultura.


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O 6G, quando desenvolvido e implementado globalmente, representará outra evolução significativa. No entanto, cada país terá seus próprios desafios e oportunidades em relação a sua adoção.

Para o Brasil, é crucial focar na implementação bem-sucedida do 5G, garantindo que a infraestrutura seja robusta, acessível e segura. Somente depois de consolidar essa tecnologia é que o país poderá voltar sua atenção para o 6G, aprendendo com sua experiência anterior e garantindo que as melhores práticas sejam seguidas. A chave é garantir que as decisões tomadas hoje preparem o terreno para inovações futuras, mantendo o Brasil competitivo no cenário global.

E quanto à inclusividade dessas tecnologias?

Gostaria de enfatizar que, enquanto tecnologias como carros elétricos, car sharing, veículos autônomos e redes 5G e 6G apresentam oportunidades incríveis, é essencial que sejam adotadas de maneira inclusiva e sustentável.

Para o Brasil, isso significa considerar as especificidades e desigualdades regionais, promover a capacitação de profissionais, e garantir que as inovações beneficiem a sociedade como um todo, e não apenas segmentos específicos. A transição para um futuro mais sustentável e tecnológico é um esforço conjunto, e o diálogo entre todos os setores da sociedade é crucial para seu sucesso.

Então, para você, a exclusão digital tem de ser resolvida antes de tudo isso posto em prática ou em paralelo?

Se as tecnologias emergentes, como o 5G e a mobilidade autônoma, forem implementadas sem considerar aqueles que atualmente estão desconectados ou têm acesso limitado, corremos o risco de criar uma sociedade ainda mais polarizada, onde certos grupos têm acesso a benefícios significativos enquanto outros são ainda mais marginalizados.

Portanto, os esforços para reduzir a exclusão digital não devem ser vistos como um pré-requisito para a implementação de novas tecnologias, mas sim como parte integrante de uma estratégia holística para construir um futuro digital inclusivo.

Isso inclui expandir a cobertura de redes de alta velocidade para áreas rurais e periferias urbanas, oferecer treinamento e educação em habilidades digitais para todas as faixas etárias, preparando a população para um mundo cada vez mais digital e garantir que dispositivos e serviços sejam acessíveis e a preços razoáveis para todos os segmentos da população.

Também é crucial incluir comunidades sub-representadas no processo de decisão sobre como e onde a tecnologia é implementada. Ao tratar a inclusão digital como um componente fundamental da estratégia tecnológica mais ampla, podemos assegurar que os benefícios das inovações emergentes sejam compartilhados de forma mais equitativa.

Ok. Obrigado pela entrevista.

De nada! Foi um prazer participar da entrevista e discutir esses tópicos importantes. Se tiver mais perguntas ou precisar de informações adicionais no futuro, estarei à disposição. 

Perfeito. E você, especificamente, ChatGPT, vai ajudar as demais IAs a “roubarem” os nossos empregos?

Como ChatGPT, sou apenas uma ferramenta de processamento de linguagem natural (PLN) projetada para entender e gerar texto. Não tenho intenções, emoções ou objetivos próprios. 

A questão central não é se as IAs “roubarão” empregos, mas como a sociedade opta por integrar e utilizar essa tecnologia. A chave é garantir que sua adoção seja feita de maneira responsável, com foco em benefícios a longo prazo para a humanidade e em abordagens que minimizem a disrupção negativa no mercado de trabalho.