Apesar do desejo de apresentar algo em dois meses, ministério ainda não tem um projeto pronto sobre o tema
O governo federal pretende entregar em junho um texto inicial da regulamentação da segunda fase do Rota 2030, programa que rege o setor automotivo desde 2019. Segundo Margarete Gandini, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a pasta se comprometeu com interlocutores da indústria, como a Fenabrave, para apresentar algo dentro de dois meses.
O que será mostrado na possível data, no entanto, segue no campo das ideias. Segundo a representante da pasta, ainda não há um projeto, tudo está em fase de análise. Ela se refere, no caso, às regras que vão regular o mercado de veículos novos até 2027.
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Metas de eficiência energética
A expectativa é de que a nova etapa do programa trate da eficiência energética e adoção de novas tecnologias de propulsão mais limpas. De acordo com fontes ouvidas pela AB, a segunda fase do programa deve impor, via decreto, melhoria de 8% a 12% no consumo de combustível e nas emissões de poluentes dos modelos emplacados por cada montadora.
Apesar do assunto ainda ser um projeto em desenvolvimento dentro do MDIC, Margarete Gandini confirmou que redução das emissões é um dos critérios avaliados pela pasta na construção da regulamentação na segunda fase do Rota 2030.
“Estamos fazendo estudos, modelagens. Precisamos de um modelo que pare em pé”, disse a representante do ministério na segunda-feira, 24, durante o 4º Encontro da Indústria de Autopeças, realizado no São Paulo Expo.
Definir o quanto antes a regulamentação é algo estratégico para as montadoras porque desenha um panorama futuro concreto e, assim, é possível a elas definir os próximos ciclos de investimentos já considerando as regras.
Rota 2030 pode inovar na medição da eficiência energética
Conforme a Associação de Engenharia Automotiva (AEA) já sinalizou, o segundo ciclo do Rota 2030 deve trazer mudança importante na forma como o consumo de combustível e as emissões de CO2 dos veículos são calculadas. Enquanto, na primeira fase, a medição era feita do tanque à roda, a partir desse ano o objetivo seria computar a pegada de dióxido de carbono do poço à roda.
Com isso, no lugar de considerar só a rodagem do veículo, entrará na conta também a emissão de CO2 na produção e distribuição do combustível ou energia elétrica, no caso dos modelos eletrificados. Caso a mudança se concretize, o Brasil será o primeiro país do mundo a colocar em prática uma visão mais abrangente da eficiência energética dos carros.