México salva, e vai salvar, exportações de veículos brasileiros

Embarques para o país latino-americano crescem mais de 50%, enquanto vendas para mercados vizinhos despencam

Fernando Miragaya

Fernando Miragaya

Embarques para o país latino-americano crescem mais de 50%, enquanto vendas para mercados vizinhos despencam

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As exportações brasileiras de veículos tiveram um respiro em 2023 graças ao México. O país latino-americano respondeu por 1/3 dos volumes vendidos para o exterior, que amargaram queda geral no ano passado.


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Balanço apresentado pela Anfavea, associação que reúne as fabricantes, mostra que as exportações de veículos brasileiras somaram quase 404 mil unidades em 2023. O desempenho significou recuo de 16% nos embarques na comparação com 2022.

EUA ajudam nas exportações de veículos para o México

Na comparação interanual, as exportações de veículos tiveram aumento apenas para o México e Uruguai. Os embarques com destino ao mercado mexicano anotaram incremento de quase 50 mil unidades em 2023 na comparação cpm 2022, crescimento de 51%.

Para Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, o México soube aproveitar o crescimento das vendas durante e após a pandemia. O mercado interno local cresceu na ordem de 25% no ano passado. 

“O México também se valeu de uma decisão importante, com uma certa restrição à entrada de produtos chineses no mercado norte-americano. O país passou a exportar mais para os Estados Unidos e, consequentemente, abriu espaço para receber importações de outros países para atender ao mercado interno, que está em crescimento”, afirma o executivo.

Para o Uruguai, a evolução, obviamente, foi mais tímida. Foram 34 mil unidades enviadas para o país parceiro do Mercosul em 2023, evolução de 4% na comparação com o ano anterior.

Efeito Argentina afeta exportações de veículos

Em contrapartida, mercados tradicionais para as exportações brasileiras de veículos despencaram. Para a Argentina, as 114 mil unidades enviadas significaram queda de 16%.

A Anfavea atribui o recuo nos embarques para o país vizinho às mudanças no mercado local. Isso porque as vendas internas aumentaram, assim como as exportações de veículos de lá para o Brasil.

“A primeira pergunta é: o que aconteceu se nossa participação reduziu e o mercado argentino cresceu? Tem alguma coisa de (carro) chinês, mas o que cresceu no mercado argentino foi a própria produção local, por diversas razões. Para atender ao mercado interno, as montadoras acabam produzindo localmente”, acredita Marcio.

Outros países que puxaram para baixo as vendas externas a Colômbia, com 53% de queda nos embarques para o país (de 74 mil unidades para 35 mil), e o Chile, com -57% (de 62 mil para 26 mil veículos enviados). O recuo nessas exportações é atribuído também a fatores econômicos, que fizeram os mercados internos caírem.

Por esta razão, a Anfavea não arrisca projeções para exportações de veículos para a América do Sul, pelo menos por ora. Para Colômbia e Chile existe uma expectativa de alta devido à base de comparação baixa deixada em 2023.

Em relação à Argentina, analistas locais apontam um mercado de 350 mil unidades em 2024. Já a Anfavea aguarda por uma queda nas vendas por lá de 20% em um primeiro momento devido às medidas econômicas adotadas no país.

“Não temos um cenário ainda de como vai ser o comportamento das exportações brasileiras. A cada trimestre vamos ter de analisar, readequar e revisar projeções”, avisa Marcio de Lima Leite.