Mercedes-Benz expande oferta de chassi elétrico em meio a impasse

Chassi para ônibus elétrico articulado da montadora será produzido na fábrica de São Bernardo do Campo (SP)

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Chassi para ônibus elétrico articulado da montadora será produzido na fábrica de São Bernardo do Campo (SP)

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A Mercedes-Benz agora tem dois modelos de chassi de ônibus elétrico na sua oferta local. Se soma ao  eO500U, lançado em 2021, o modelo elétrico articulado eO500UA.

O modelo chega ao mercado oficialmente em 2026, mas a montadora já tem a linha da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) para produzi-lo.


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Na comparação com o irmão menor, o chassi articulado tem um motor elétrico central, em vez de possuir um acoplado às rodas. As baterias, fornecidas pela BorgWarner, prometem 250 km de autonomia.

A capacidade tem aderência às exigências das normas estabelecidas pela SPTrans em São Paulo (SP), o que mostra que a montadora, sim, observa com atenção as demandas da maior cidade da América Latina.

No entanto, vender ônibus elétricos na capital paulista virou um dilema, ainda que na região só podem ser vendidos modelos eletrificados por meio de lei.

Segundo a Mercedes, questões ligadas à infraestrutura de recarga hoje se mostram como entraves à adoção desse veículo na frota local.

Um velho e conhecido problema, para aqueles que acompanham de perto o universo da eletrificação nos mais diversos segmentos automotivos.


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Mas nesse caso específico, o da cidade de São Paulo, há um componente que chama a atenção e ele versa sobre como município, distribuidora de energia e operadoras de transportes combinaram o jogo.

Segundo Walter Barbosa, vice-presidente de vendas da área de ônibus da montadora, as operadoras de transporte se viram diante de um investimento alto para fazer sua frota elétrica rodar na cidade.

“Quando a cidade decidiu abandonar os veículos a diesel para ter uma frota elétrica, ficou acordado que a distribuidora de energia da cidade arcaria com os custos de alta tensão necessários para o carregamento dos veículos. Meses depois, a prefeitura assumiu essa responsabilidade, e a situação é de impasse”, contou o executivo na terça-feira, 6, durante a feira Lat.Bus.

Em outras palavras, a Enel, que fornece energia para a cidade, ficaria responsável pela instalação de estações de alta tensão nas operadoras de transporte, para que elas pudessem, assim, realizar o carregamento de suas frotas eletrificadas.

Elétricos demandam investimento de R$ 100 milhões na rede

A alta tensão se faz necessária uma vez que estamos falando de frotas que podem ser cada vez maiores com o passar dos anos. Sistemas de baixa tensão, como os que abastecem residências, não suportariam, portanto, tais cargas nas baterias — pelo menos no tempo considerado adequado para a operação.

Segundo Barbosa, as modificações necessárias para fazer a conversão dentro das empresas demandariam cerca de R$ 100 milhões em equipamentos, por região da cidade. Um custo que a Enel bancaria, segundo a Mercedes-Benz. Com a prefeitura assumindo este papel, no entanto, o assunto entrou no limbo.

De forma que o cenário todo, pelas contas da montadora, já inviabiliza a meta da cidade de ver em circulação 2,6 mil ônibus elétricos rodando até o ano que vem. No melhor dos cenários, esse número pode chegar a 600 unidades apenas.

“Temos que aguardar para ver o que vai acontecer após as eleições, em outubro”, finalizou o executivo.