Já foram encomendadas 200 unidades por clientes brasileiros do setor
A Mercedes-Benz apresentou na quarta-feira, 20, o caminhão Arocs, modelo fora de estrada produzido na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) que será aplicado em operações de mineração e construção pesada no País e no Exterior.
O veículo entrou em produção em série há três meses na unidade do ABC paulista em uma linha que teve de ser adaptada para sua fabricação, uma vez que ela compartilha a produção de outros modelos. O desenvolvimento e as modificações na fábrica consumiram R$ 300 milhões do ciclo de investimento programado para até 2022, no total de R$ 2,4 bilhões.
Mas antes de entrar em linha o modelo passou por série de testes de validação tanto em clientes da montadora interessados no modelo quanto na pista que a empresa mantém em Iracemápolis (SP). Foram mais de 100 testes realizados desde 2018 nestes ambientes, segundo a fabricante.
De acordo com Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, havia a possibilidade de o modelo ter sido lançado no Brasil em 2019 junto com o novo Actros. No entanto, a empresa decidiu postergar o movimento justamente em função de um processo maior de nacionalização – o Arocs tem cabine global e já é vendido na Europa há mais tempo.
A cabine, inclusive, é montada na unidade que a Mercedes mantém em Juiz de Fora (MG) e de lá segue para São Bernardo do Campo, onde é feita a sua integração com o chassi.
O Mercedes-Benz Arocs chega para disputar uma fatia de mercado que já tem Scania e Volvo como competidores há mais tempo no segmento com modelos dedicados à mineração. Não que a Mercedes não estivesse competindo nele. Acontece que, antes, a empresa atendia às demandas do nicho com o modelo Actros 4844 adaptado para a aplicação em áreas de extração mineral.
Desta vez com o Arocs a companhia chega de certa forma com operação mais robusta, tanto em termos de produto quanto em termos de pacote de serviços. Assim como as concorrentes, a montadora oferece em seus contratos com mineradoras a possibilidade de instalação de um centro de manutenção e peças alocado dentro da operação. Há também planos de manutenção programada e sistema de gestão de frotas.
Segundo Leoncini, a empresa tem em carteira pedidos que somam 200 unidades a serem entregues para clientes brasileiros até o final do ano. A expectativa do tamanho desse mercado no País, para este ano, é de 800 unidades. Para o ano que vem, a projeção da companhia sobe para 1 mil unidades.
“Lançar o modelo agora acabou sendo uma decisão acertada porque vemos uma escalada do preço das commodities e, também, a perspectiva de novos projetos de mineração no futuro”, contou o executivo em transmissão online.
O executivo afirmou, ainda, que existe a possibilidade de que o Arocs seja também aplicado em operações em outras áreas além da mineração e construção, como o segmento canavieiro, por exemplo.
A montadora projetou para o ano que vem o início das exportações do modelo off-road. Há, segundo Leoncini, uma tendência forte de que os primeiros embarques tenham como destino países da América do Sul, especialmente o Chile, cuja economia tem forte participação do setor de mineração.
Por outro lado, o Arocs brasileiro também deverá ser exportado para países além-mar, como é o caso de Índia e África do Sul.
“Temos um rol de 47 mercados atendidos pela operação brasileira, e eles serão os primeiros a receber a nossa abordagem comercial. No entanto, devemos ter respostas mais rápidas de quem tem vocação em mineração, como Chile e Índia”, comentou o vice-presidente de vendas.
O Mercedes-Benz Arocs tem em seu powertrain o motor OM460 diesel de 510 cavalos. A operação severa também demandou uma caixa de câmbio mais robusta, no caso, a Powershift G340 automatizada de 12 marchas. Sua capacidade e carga é de 58 toneladas. O preço médio do veículo no mercado será, em média, de R$ 1,1 milhão.