Qual o impacto direto da queda da Selic na venda de carros?

Mesmo com a taxa básica de juros a 11,25% ao ano, financiar veículo ainda custa caro

Ana Paula Machado

Ana Paula Machado

Mesmo com a taxa básica de juros a 11,25% ao ano, financiar veículo ainda custa caro

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Após o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, a pergunta que fica é: qual o impacto direto para os consumidores, especialmente na venda de carros?

Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o impacto na ponta final do consumo será diluído. Isso porque, há uma diferença grande entre a Selic e os juros efetivos de prazo mais longo praticados pelos bancosno financiamento de carros.

Ou seja: o tomador de novos empréstimos sentirá pouco os efeitos do afrouxamento monetário, diz a entidade.


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“A redução da taxa básica de juros Selic terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito. Este fato ocorre uma vez que existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores que, na média da pessoa física, atingem 121,29% ao ano, provocando uma variação de mais de 900% entre as duas pontas” informou a Anefac.

Em uma simulação feita pela entidade, ao financiar R$ 45 mil na compra de um veículo, a taxa mensal com a Selic a 11,25%, caiu de 2% para 1,96% em 60 parcelas. Ao fim do financiamento, de acordo com a simulação, o consumidor paga R$ 76.923,00 ante um valor de R$ 77.673,51. A economia com os juros é de R$ 750,42. 

Manutenção do ritmo de queda da Selic

No comunicado do Banco Central, após o anúncio de redução da Selic, o Copom indicou que deve manter o ritmo de queda nos juros em 0,50 p.p nas próximas reuniões. Com isso, o mercado espera que os juros terminem o ano em cerca de 9,50% a 9,25%. 

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado.

Em relatório, a XP informou que o principal fator que deve direcionar a curva de juros após a reunião é a manutenção (ou não) do guidance (projeção) de corte de 0,50 p.p. para as próximas reuniões do Copom. 

“Com essa orientação mantida, esperamos um movimento mais brando na curva de juros, uma vez que o corte de 0,50 p.p. já é a expectativa de quase a unanimidade dos agentes de mercado. Sendo assim, uma movimentação seria resultado de correção da pequena parcela daqueles que esperavam corte maior”, diz o relatório da XP.